Pode começar em Rosario greve no futebol argentino

Rosario, Argentina – Além de ser o palco de um jogo decisivo da Copa Libertadores, Rosario tornou-se o centro das atenções do futebol argentino.

Tudo por uma decisão da Associação do Futebol Argentino (AFA), que obrigou o Rosario Central a jogar contra o Racing amanhã, exatas 48 horas depois do início do jogo com o Coritiba. Jogadores de todo o país tentam demover a AFA da decisão – e como isso é impossível, começa a movimentação do sindicato de atletas, e não se descarta a articulação de uma greve.

Tal fato não é inédito na Argentina. Há alguns anos, os jogadores se recusaram a jogar por causa dos atrasos nos salários e pela falta de repasse dos direitos de arena. Até arrumar a casa, a AFA e os clubes tiveram que ceder em vários pontos, dando ao Futebolistas Argentinos Agremiados (nome oficial do sindicato) uma força incomum nas grandes potências do futebol.

O caso do Rosario Central fez reavivar a chama lutadora do sindicato argentino. “Chegamos ao consenso que é inviável jogar duas partidas em 48 horas. Sabemos que a direção do Rosario tentou até onde pôde, até porque necessita cuidar da integridade física e psicológica dos seus atletas. Se for mantida esta tendência, teremos que agir globalmente para evitar esse desatino”, diz o diretor do Futebolistas Argentinos Agremiados, Jorge Dominguez.

A história é muito semelhante ao que acontece no Brasil. Nos dois países a vilã é a mesma – a televisão, ou as empresas que detêm os direitos de transmissão e os repassam para as emissoras. Neste caso, a Torneos y Competencias (TyC), que não só comprou o campeonato argentino como o organiza (tal como a TV Globo fez com o Clube dos 13 na Copa João Havelange). “A TyC ameaçou entrar na Justiça pelos seus direitos, e fomos forçados a aceitar a marcação do jogo para sábado”, explica o presidente do Rosario Central, Pablo Scarabino.

Dessa forma, abriu-se um perigoso precedente na Argentina: os clubes considerados menores são prejudicados, enquanto os ?grandes? têm benefícios. “Uma coisa dessas nunca aconteceria para Boca e River”, ataca Scarabino. Para Jorge Dominguez, é uma atitude temerária. “Acho que isso não acontece em lugar nenhum”, suspeita. Se ele soubesse que, na década passada, o São Paulo jogou duas partidas no mesmo dia, e o Grêmio três, não acharia jogar duas vezes em 48 horas uma loucura tão grande.

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