Passageiro

Paz entre torcida por conta de comoção não deve continuar, segundo delegado

Em São Paulo, torcidas organizadas dos quatro grandes clubes do Estado se uniram para apoiar a Chapecoense. Foto: Danilo Fernandes/Estadão Conteúdo

A comoção e a união de todos os torcedores por conta da tragédia da Chapecoense, que sofreu uma queda de avião quando ia para a Colômbia, para disputar a final da Copa Sul-Americana, matando 71 pessoas, não deve ser o suficiente para manter a paz no futebol. Pelo menos é o que acredita Clóvis Galvão, responsável pela Demafe (Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos), especializada em tratar e prevenir casos de violência no futebol em Curitiba.

Segundo ele, aos poucos, tudo vai voltando à normalidade e os confrontos entre organizadas certamente acontecerão futuramente. Cenas como a do encontro entre as maiores organizadas dos quatro grande times de São Paulo, nesse domingo (4), em frente ao Pacaembu, não seriam possíveis em outra situação, acredita.

“Volta tudo como era antes. Esse sentimento é momentâneo. Qualquer ser humano, por pior que ele seja, não ficaria indiferente a uma tragédia dessas”, opina o delegado. “Quando tudo se acalmar, os sentimentos voltarem à normalidade, não tem como essa paz perdurar”, completa.

Desde a última terça-feira (29), quando o acidente aconteceu, muitas homenagens foram vistas nos mais diversos estádios, nas mais diversas cores. O fato, contudo, não teria força para ser o estopim para uma revolução no esporte?

“Sinceramente não. Isso aí só acontece devido ao sentimento da tragédia. O problema, na verdade, é cultural. Tomara que surta algum efeito positivo, mas na realidade não acredito. Não vejo expectativa de melhora em rixa de torcida por esse motivo”, fecha Galvão.