Paulo Rink está feliz por retornar ao Atlético

Dois telefonemas. Mais uma ?mentirinha?. E num piscar de olhos Paulo Rink encerrou o contrato com o Omonia, de Chipre, e acertou a volta para casa. O atacante, de 33 anos, já pretendia deixar a pequena ilha européia quase encostada na Turquia e apenas acelerou o processo ao saber do interesse do Atlético – mesmo com um ano restante de vínculo contratual.

De Nicósia, capital de Chipre, o atacante contou ao Paraná-Online como deu um ?jeitinho? para voltar ao Rubro-Negro e falou sobre a ansiedade em vestir de novo a camisa do Furacão – ele pretende voltar ao Brasil no domingo, a tempo de assistir ao jogo do Atlético contra o Botafogo, na Baixada.

Só depende de agilizar os documentos necessários para a transferência, antes de viajar.

Paraná-Online: O que o motivou a voltar ao Atlético?
Paulo Rink: Foi uma coincidência. Conversei com o Petraglia para falar de outros negócios. Meu time tinha recém-saído da Copa da Uefa, principal competição da temporada. Estava me sentindo pronto para voltar. Como ele precisava de mim, em dois telefonemas acertamos tudo.

Paraná-Online: Mas um comunicado oficial do Omonia diz que houve uma briga sua com o técnico do time.

Paulo Rink: Não aconteceu nada. Tinha que arranjar uma desculpa, explicar minha saída à torcida. Fui artilheiro do time na temporada passada e todos botavam fé em mim. E como a janela de transferências acabou aqui também, não puderam contratar outro jogador. Isso os deixou um pouco chateados, então falamos dessa diferença de pensamento com o técnico.

Paraná-Online: Tentaram segurá-lo?
Paulo Rink: Havia uma cláusula em meu contrato que permitia o retorno ao Brasil sem multa rescisória. E expliquei que estava voltando ao time que gosto desde pequeno. Acho que deixei as portas abertas, pois sugeriram que voltasse ao fim do contrato com o Atlético.

Paraná-Online: Como foi a experiência num país de tão pouca tradição no futebol?
Paulo Rink: Não há divulgação, mas é bom jogar aqui. Meu time era o de maior torcida na ilha, tinha média de 12 mil torcedores por jogo. Estávamos sempre brigando pelo título e jogando a Copa da Uefa. E a coisa melhorou com a abertura da nacionalidade européia, há dois anos. No meu time jogam o Zé Elias (volante, ex-Corinthians) e o Magno (atacante, ex-Flamengo e Grêmio), e no Apoel, o maior rival, jogam dois campeões europeus com o Porto (os portugueses Hélio Pinto e Ricardo Fernandes). O nível está bem legal.

Paraná-Online: E o cotidiano?
Paulo Rink: A ilha é um lugar muito bom, todos me reconhecem. O idioma (grego) também não é mais problema. Na verdade, cresci muito aprendendo várias culturas em nove ou dez anos de Europa. Espero usar este conhecimento no Atlético.

Paraná-Online: Seu estilo baseado na força mudou ao longo destes anos?
Paulo Rink: Não, continuo usando o corpo e mostrando luta, briga e disposição. Claro que você ganha experiência, mas não consegue mudar muito sua característica. E estou inteiro fisicamente, tenho pelo menos mais dois anos para jogar com força.

Paraná-Online: Você já expôs a intenção de encerrar a carreira no Atlético. Está vindo para isso?
Paulo Rink: É difícil imaginar o futuro. Estou me sentindo bem, tranqüilo, no decorrer do tempo dá para falar sobre isso.

Paraná-Online: De que forma acompanhava o cotidiano do clube à distância?
Paulo Rink: Estava sempre ligado, lia a Tribuna pela internet e falava com minha família, que é toda de Curitiba. Essas últimas três vitórias deram uma levantada no time e espero participar deste bom momento.

Paraná-Online: Você sempre foi ídolo no Atlético. Como está a ansiedade em reencontrar a torcida?
Paulo Rink: Como estou há muito tempo fora, fico curioso em saber o que encontrarei. Mas já recebi mais de 500 e-mails (mensagens eletrônicas) de atleticanos cumprimentando pela volta, o que me deixa muito empolgado. Gosto do time e quero ajudar em tudo o que posso, não só dentro como fora de campo.

Paraná-Online: Em quanto tempo poderá jogar?
Paulo Rink: Não vou prometer nada, até porque isso cabe ao Vadão. Estou bem fisicamente, treinei hoje (ontem) e joguei na segunda-feira. Quero sair de Chipre pronto para chegar e treinar, mas sem causar tumulto. Não estou vindo para atrapalhar.

Quatro podem voltar. Dois titulares saem do time

O Atlético volta ao treinos hoje, quando o técnico Oswaldo Alvarez deverá montar a equipe que pega o Botafogo, domingo, às 16 horas, na Baixada. Além do goleiro Cléber, os meias Ferreira, Alan Bahia e Marcelo Silva, que ficaram de fora na última rodada, cumprindo a suspensão automática pelo terceiro cartão amarelo, podem retomar suas posições.

Mas se tem o possível retorno de quatro titulares, Vadão ?perde? os dois laterais; Jancarlos na direita e Michel na esquerda. Os dois receberam o terceiro cartão amarelo na vitória contra o Santos e cumprem suspensão automática. Na lateral-esquerda o treinador tem duas opções para ocupar a vaga: Ivan e Moreno disputam a preferência de Vadão. Na lateral-direita as alternativas ficam entre André Rocha, que também atua como volante, e Carlos Alberto. Uma terceria opção seria Benetoli, contratado junto ao Goiás, mas que não vem sendo aproveitando nos treinos.

Depois de enfrentar o Botafogo, o Rubro-Negro jogará ainda em setembro com o Internacional, dia 10, em Porto Alegre. Na seqüência, o Atlético pega o Santa Cruz, dia 16, na Baixada; sai para enfrentar o Goiás, dia 20; e novamente dois jogos dentro de casa, contra o São Caetano, dia 23, e São Paulo, dia 30.

Com méritos, o centro das atenções

Cahuê Miranda

O Atlético colheu ontem os frutos de uma quarta-feira iluminada. Como há muito tempo não acontecia, sorrisos estampavam os semblantes no CT do Caju e na Baixada. Não é para menos. Após a vitória de 2 a 1 sobre o Santos, o Furacão não só confirmou sua ascensão no Brasileiro, mas também conseguiu uma importante vitória na Justiça – caso Dagoberto – e de quebra garantiu a volta de um antigo ídolo dos atleticanos – Paulo Rink.

A grande atuação diante do Peixe resgatou a confiança da torcida rubro-negra. Mesmo sem quatro titulares, o Atlético fez uma apresentação irrepreensível e passou por cima do vice-líder do Brasileirão. Com o resultado, deixou mais longe a zona do rebaixamento e entrou na faixa de classificação da Sul-Americana.

Jogadores até então vistos com receio pela galera, como André Rocha e Cristian, tiveram uma noite impecável, enchendo os atleticanos de esperança. ?Jogando com três volantes, fiquei muito à vontade para jogar da maneira que sei. Durante os jogos, fico mais liberado e me movimento bastante em campo?, diz Cristian.

O meia Willian, que andava esquecido após seu retorno da Espanha, onde defendeu o Tenerife, reapareceu em grande estilo. Entrou no 2.º tempo e em sua primeira participação, marcou o gol que garantiu a vitória atleticana. ?É uma satisfação muito grande. Em uma reestréia o gol já diz tudo. O time vem numa crescente. Quero aproveitar esse embalo pra crescer junto?, comemora o meia.

Mas o personagem principal da virada rubro-negra foi o atacante Marcos Aurélio. Ele marcou seu quarto gol em quatro partidas seguidas, em suas primeiras chances no time titular. ?Estou tendo as oportunidades e sabendo concluir para o gol. Tenho feito muitos trabalhos de velocidade e força, e isso está me ajudando?, destacou.

O desempenho de Marcos Aurélio e a contratação de Paulo Rink contribuem também para deixar em segundo plano a disputa em torno de Dagoberto. Essa foi outra conquista do Atlético no meio da semana. A decisão da Justiça, de manter a prorrogação do contrato do atacante, deve esfriar a polêmica que envolve o caso e vinha conturbando o ambiente do clube.

Com tantas boas notícias, o Furacão ganhou também a paz entre torcida, atletas e diretoria. Após cobrar e protestar, mas sem abandonar a equipe, a galera foi recompensada com muita raça pelos jogadores e com o reconhecimento dos dirigentes. Antes banida das arquibancadas, a bateria da torcida Os Fanáticos apareceu dentro do gramado da Baixada. Só faltou vestir a camisa 12. ?A diretoria está reconhecendo que ajudamos muito. Ainda podemos fazer muito mais. Vamos estar sempre unidos, pelo bem do Atlético?, afirma Júlio César Sabota, o Julião, presidente da organizada.

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