Memória

Em rápidos dez anos, Caio Júnior começou e terminou a carreira no auge

O estilo de Caio Júnior foi conhecido logo em seu primeiro trabalho pra valer. Foto: Arquivo

Há dez anos o futebol brasileiro se rendia a competência do técnico Caio Júnior. Paranaense de Cascavel e uma das vítimas do desastre aéreo envolvendo a delegação da Chapecoense, na última terça-feira (29), na Colômbia, o até então pouco conhecido treinador conduziu o Paraná Clube, no dia 3 de dezembro de 2006, à conquista da vaga para disputar a primeira Libertadores da América da sua curta história dentro do futebol nacional.

Naquele ano, o Tricolor voltou para a Vila Capanema e, no dia 3 de dezembro, mais de 17 mil torcedores acompanharam o empate sem gols diante do São Paulo que garantiu o Paraná na competição internacional do ano seguinte. Caio Júnior, sempre competente por onde passou, seja dentro dos gramados, ou como cronista esportiva, iniciou com maestria seu primeiro trabalho em um time de primeira divisão do futebol nacional.

Coincidência ou não, a temporada de 2006 foi a última em que o torcedor paranista lembra com carinho. Foi também o último ano de alguma conquista do clube. O Tricolor, além de ter sido campeão paranaense (comandado pelo técnico Luiz Carlos Barbieri), fez uma grande campanha no Campeonato Brasileiro, comandado pelo técnico Caio Júnior, que até então era comentarista da rádio Banda B.

Sem contar com um time de grandes estrelas, mas com um futebol organizado e que chamou a atenção do futebol nacional, o Paraná foi comendo pelas beiradas e passou a brigar pela parte de cima da classificação. O time comandado por Caio, com uma grande campanha, marcada, sobretudo pela regularidade durante o Brasileirão daquele ano, teve também momentos turbulentos.

Pela 31ª rodada da competição nacional daquele ano, quando o Paraná, na sua pior apresentação da temporada, foi goleado pelo Atlético por 4×0, na Arena da Baixada, Caio Júnior por pouco não deixou o comando técnico do Tricolor. O treinador foi para a entrevista coletiva, ainda no estádio do rival, falando que iria deixar o comando da equipe paranista, mas foi impedido pelos jogadores mais experientes do clube, entre eles o volante Beto, capitão na oportunidade e que depois se tornou dirigente do Paraná.

Apesar de dolorida, a goleada para o Atlético uniu ainda mais o time paranista que, na rodada seguinte empatou com o Cruzeiro em Belo Horizonte e, depois, goleou o Palmeiras, na Vila Capanema. Pronto, a partir dali o Tricolor, sob o comando do democrático Caio caminhava a passos largos para conquistar sua vaga no G4.

Na última rodada, o Paraná entrou em campo diante do São Paulo, na Vila Capanema, dependendo apenas das suas forças para conseguir a tão sonhada vaga na Libertadores da América. O time paranista segurou um empate em 0x0 contra o tricolor paulista e, antes mesmo de acabar seu jogo, já havia conquista seu objetivo, já que o Vasco havia empatado pelo mesmo placar contra o Figueirense, em Florianópolis.

A festa na Vila Capanema foi muito grande e Caio Júnior, junto com seu time, foi aclamado pelo torcedor paranista. “Eu sabia que ia ser emocionante. Estava muito quente hoje, foi um dia atípico aqui em Curitiba, todo mundo sentiu, o próprio time do São Paulo. Nós tivemos oportunidades, mas, contra o campeão brasileiro, com qualquer equipe, sempre é difícil. Essa nação tricolor está de parabéns, foi maravilhoso”, disse, na ocasião o treinador.

Exatamente dez anos depois de cravar sua primeira grande conquista como treinador, Caio Júnior se despediu do Brasil como campeão. A Chape não chegou a disputar a final da Copa Sul-Americana, mas os guerreiros envolvidos nessa lamentável tragédia aérea voltaram para o Brasil no final de semana como campeões e o time catarinense, exemplo de gestão e profissionalismo nos últimos anos, com o reconhecimento merecido diante da dor sofrida neste momento de tristeza.

Homenagem

Nesta segunda (5), às 18h, na Igreja de Nossa Senhora das Dores (Igreja dos Passarinhos), será realizada a missa de sétimo dia em memória de Caio Júnior.