Capitão

Eduardo Brock pede mais apoio e menos vaias ao Paraná Clube

Eduardo Brock não se furtou a fazer críticas aos torcedores que pegaram no pé do time. Foto: Albari Rosa

O papel de um capitão em um time de futebol é às vezes reduzido. Pelos clubes, que não valorizam o atleta. Pelos técnicos, que não aceitam a divisão de responsabilidade. E pelos jogadores, que fogem da mesma responsabilidade. E que ‘responsa’ é essa? É a de liderar o time em campo, ser a referência emocional, ter firmeza e ao mesmo tempo uma conduta respeitosa com o árbitro, saber cobrar um companheiro na hora e no tom certos, conversar com o treinador, ser o intermediário nas conversas com dirigentes… E às vezes falar o que muitos não querem ouvir.

Eduardo Brock vem sendo um capitão de verdade no Paraná Clube. Ele não é simplesmente um jogador que coloca a braçadeira como se fosse um enfeite na camisa. Ele, desde que chegou no início da temporada, adquiriu o respeito do elenco, da diretoria, da comissão técnica e a torcida sabe que quando ele fala é pra valer. E na sexta (7), depois do empate em 1×1 com o América-MG, resultado nada bom nas contas do Tricolor na Série B do Campeonato Brasileiro, foi Brock quem veio a público para falar o que a galera queria ouvir, e também o que ela talvez precisasse ouvir.

O camisa 4, um dos mais regulares (senão o mais regular) jogadores do Paraná nesta temporada, viu novamente o time sofrer um gol em bola parada. Foi assim que saiu o gol do Coelho – uma falta cobrada de longe por Christian, desviada por Messias e completada por Renan Oliveira. “Numa falha defensiva nossa, levamos o gol”, admitiu o zagueiro, sem meias palavras. Mas, no mesmo tom, a ressalva. “Vale salientar a postura nossa durante a partida, jogamos bem”, completou.

Mas na sexta-feira Eduardo Brock estava mais disposto a dizer o que era necessário, e não o que era conveniente. E foi aos microfones. Primeiro, ao sair do gramado da Vila Capanema, disse que não gostara das críticas ao técnico Cristian de Souza. O treinador foi chamado de “burro” por conta das alterações que fizera no segundo tempo – principalmente quando tirou João Pedro e colocou Minho. “Fico triste, pois a torcida não precisa chamar o treinador de burro. A torcida criticando o treinador só dificulta as coisas”, atirou.

Havia mais. E se parte da galera criticou o “profe” pela saída de João Pedro, outra parte hostilizou o estreante do jogo diante do América pelo fato de ele ter sido emprestado pelo Atlético. E Brock não aceitou a postura desses torcedores. “Teve a estreia do João, ele foi muito bem e fez um grande primeiro tempo, deu outra característica para o nosso time. Aí, alguns torcedores vieram xingar, dizer que ele é do Atlético. Não, ele é nosso jogador, ele veio aqui nos ajudar e já mostrou a que veio. A torcida tem que ter paciência. Todo mundo está trabalhando, todo mundo é sério, ninguém está de brincadeira”, desabafou.

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Incomodado ao ler ou ouvir isto? Pois o capitão paranista não havia encerrado. “A grande maioria vem no estádio e não consegue valorizar as coisas boas que a gente faz. Se é um momento onde as coisas não estão funcionando, e a torcida está apoiando, a tendência é melhorar. Mas eu acho que a torcida contra, a torcida vaiando, a torcida criticando o treinador, torna com que as coisas fiquem mais difíceis para nós dentro de campo”, disse Eduardo Brock.

A preocupação de Eduardo Brock não foi de agradar A, B ou C. Ali, na sala de coletivas do Durival Britto, estava o capitão do Paraná Clube, que rapidamente percebeu o que o Tricolor precisa para subir para a primeira divisão. E as primeiras coisas da lista são comprometimento e apoio. Se não faltar apoio de um lado, ele não vai deixar faltar comprometimento do outro.