“Clássico se ganha com inteligência, jogando bola e com raça”. As palavras do técnico Jorginho, do Coritiba, foram ditas minutos antes do início do clássico de sábado (5), contra o Paraná Clube, na Vila Capanema. E foi com inteligência, bom futebol e raça que o Tricolor venceu o Paratiba por 2×0 e voltou de vez à luta pelo G4 da Série B do Campeonato Brasileiro. O jogo mostrou, de um lado, um time que resolveu encarar suas dificuldades e lutar com elas; e, de outro, uma equipe que não está no espírito (na ‘vibe’, como gostam de dizer) da luta pelo acesso.

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Não que esse texto vá ser uma elegia da raça como elemento decisivo no futebol. A semana passada mostrou vários clubes sendo alvo de protestos porque, para aqueles torcedores, ‘faltava raça’ para os atletas. Pelo contrário, na maioria das vezes o que falta é organização dentro e fora de campo, qualidade técnica para alguns jogadores, comando de verdade para os dirigentes e um sem-número de outras coisas.

Mas não se pode negar que o Paraná entrou mais inteiro no clássico. E não só porque fez o placar da partida logo no início do primeiro tempo – com um gol de Jenison aos 10 minutos e outro de Bruno Rodrigues (de pênalti) aos 12. Mas do primeiro ao último minuto (e teve minuto, por conta das interrupções na etapa inicial), o Tricolor estava comprometido a vencer a partida. Fez tudo: foi eficiente no ataque, se segurou na defesa, comemorava até lateral e amarrou o jogo quando preciso.

Para uma equipe pressionada pela ausência de resultados dentro de casa, o Paraná demonstrou a tranquilidade necessária para retomar o caminho das vitórias. E principalmente consciente da importância do resultado no Paratiba para a sequência da Segundona. Contestado inclusive internamente, o técnico Matheus Costa ganhou grande fôlego e saiu como o grande vencedor do sábado – até selfie com o torcedor ele tirou após o jogo na Vila Capanema.

Após o jogo, jogadores do Paraná comemoraram vitória coma torcida. Cena muito repetida em 2017, ano do acesso. Foto: Albari Rosa
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Para o Coritiba, o jogo escancarou vários problemas. O mais evidente deles é o descontrole emocional. Após sofrer o gol, o time ficou ‘grogue’ e acabou sendo alvo fácil para a jogada que originou o pênalti em Jenison. Com 12 minutos, o Coxa estava entregue. Os jogadores mais experientes, que deveriam liderar uma tentativa de recuperação, eram os mais nervosos – Giovanni e Rodrigão discutiam com os adversários, reclamavam da arbitragem e não conseguiam jogar. Até a torcida brigava entre si.

Jorginho percebeu também que alguns jogadores vivem má fase técnica – como Romércio, Patrick Brey, Matheus Sales, Juan Alano e os próprios Giovanni e Rodrigão. A confiança do treinador deve acabar recaindo em Robson e Rafinha, os que saíram ilesos do clássico. E a diretoria será muito pressionada, pelo técnico e pela torcida, para contratar jogador ainda nesta segunda-feira (7), pois é o último dia de inscrições na Série B. Os cartolas alviverdes foram novamente os grandes derrotados.

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+ Confira a classificação completa da Série B!

O clássico abriu para Paraná e Coritiba uma maratona de partidas pela Segundona. Amanhã, o Tricolor tem um desafio complicadíssimo contra o Operário no Germano Krüger e o Coxa é obrigado a vencer o Guarani no Couto Pereira. Os reflexos do sábado certamente serão vistos em Ponta Grossa e no Alto da Glória. Os paranistas estão mais confiantes, os alviverdes estão mais preocupados. Dos dois lados, apenas uma coisa em comum: a necessidade de somar pontos para seguir sonhando com a volta para a primeira divisão.