Paraná pretende não tomar gol no Chile

Goiano, Beto e Gérson terão papel decisivo no jogo de amanhã – às 19h15 (no horário brasileiro), no estádio Municipal de Calama, no Chile -, frente ao Cobreloa. Com o ?regulamento debaixo do braço?, o Paraná Clube estréia na Libertadores disposto a não sofrer gols. Isso, garante o técnico Zetti, não significa que o seu time adotará uma retranca no Chile. Muito pelo contrário. A intenção da comissão técnica é explorar a velocidade dos baixinhos Dinélson e Henrique para balançar as redes dos chilenos.

?Jogar pelo regulamento está diretamente ligado à necessidade de se fazer gols fora de casa?, lembrou o meia Gérson. Um empate com gols, por exemplo, permitiria ao Tricolor garantir vaga na outra fase com um simples zero a zero. ?Vamos atuar com cautela, mas com a bola, jogando, impondo nosso ritmo?, frisou o meia. Reserva do time que garantiu vaga na competição continental, Gérson ganhou a confiança de Zetti desde o início da temporada. Fez gols importantes, jogou na meia e na lateral e conseguiu se firmar como um dos titulares do ?novo? Paraná.

?Tenho a vantagem de ser um meia-armador. Os outros jogadores dessa posição são mais ofensivos?, lembrou Gérson, com humildade. Trocando passes com Goiano e Beto – que na teoria ficam mais presos na proteção à zaga – o meia espera cadenciar o jogo, quebrando a velocidade do Cobreloa. ?Já sabemos que eles tentam ganhar os jogos na pressão, no grito de seu torcedor e no fato do campo ser acanhado?, comentou Gérson. Assim, além de manter um ?paredão? na zaga e de pedir atenção dos alas para um revezamento no apoio, Zetti quer o meio-de-campo postado e ?congestionado?.

O treinador aposta suas fichas nesse sistema, vendo em Dinélson e Henrique a dupla capaz de desequilibrar a partida em favor do Paraná. ?Eles são muito rápidos e hábeis. Trocam de posição com facilidade e com isso podemos atacar sem perder a força no meio-de-campo?, analisou Zetti. Além disso, o treinador terá, no banco de reservas, uma arma secreta para qualquer eventualidade. Josiel foi muito elogiado pela comissão técnica após sua estréia. O próprio Zetti não esconde que o atacante vai ?se escalar? como titular ao natural. Só que para esse primeiro jogo, a opção foi a velocidade de Henrique, que num futuro muito próximo pode formar, com o ?guerreiro? Josiel, a nova dobradinha ofensiva da Vila.

O plano de jogo para esta estréia foi amadurecido ao longo de quase um mês de preparação, onde Zetti pôde avaliar e testar a capacidade de cada um dos atletas. Não foi à toa que ele utilizou 28 jogadores ao longo das cinco rodadas iniciais do estadual, onde mediu a qualidade e a capacidade de cada um, com o cuidado de não oficializar time A ou B. Com essa diretriz e a experiência de três finais seguidas de Libertadores (1992/93/94), Zetti espera largar com o pé direito nesse novo desafio, onde só a classificação para a segunda fase interessa.

Calama não assusta, diz Zetti

Os mais de 2.200 metros de altitude de Calama já não são um ?fantasma? para o Paraná Clube. Conversas com especialistas da área tranqüilizaram a comissão técnica tricolor, que espera ver seu time correndo normalmente no jogo de estréia na Libertadores.

O fisiologista Turíbio Leite Barros Neto comparou os efeitos dessa altitude àquilo que os clubes encontram quando fazem sua preparação em Campos do Jordão, que fica a aproximadamente 1.800m do nível do mar.

?Há que se ter alguns cuidados com alimentação, mas nada que possa atrapalhar o nosso desempenho físico. No máximo, os jogadores podem sentir um pouco de dor de cabeça?, lembrou o técnico Zetti. Os jogadores foram orientados, porém, para evitar a correria do adversário e ter muita atenção com o fato de a bola ficar mais rápida devido ao ar rarefeito.

?Não será nada comparado àquilo que já vivi em altitudes superiores?, disse Zetti, em referência a jogos que disputou, como goleiro, na Bolívia, há quase 15 anos. ?Vi jogadores sangrando pelo nariz, com dificuldade para respirar?, lembrou o técnico paranista.

Essa é uma questão para a qual o Paraná terá que se preparar no caso de sucesso nesta pré-Libertadores.

Caso elimine o Cobreloa, o representante paranaense jogará em Potosí, na Bolívia, cidade que fica a quase 4 mil metros de altitude.

Nesse caso, o Tricolor adotará uma estratégia diferenciada, chegando ao local pouco antes do jogo, com retorno imediato ao fim da partida. Em situações como essa, a melhor estratégia é reduzir ao máximo o tempo de permanência em altitudes tão elevadas, pois é impossível uma adequação imediata do organismo ao ar tão rarefeito.

Depois da desgastante viagem de mais de doze horas, a delegação tricolor chegou a Calama ontem pela manhã e à tarde já realizou um treinamento leve, apenas para a recuperação física dos atletas. Na tarde de hoje, haverá um trabalho leve no Calama, para o reconhecimento do gramado onde amanhã o Tricolor disputa o jogo internacional mais importante de sua história.

Tricolor aposta no seu poder de fogo

O grande desafio do Cobreloa é superar o tempo escasso de preparação. Se o Paraná Clube não teve a pré-temporada ideal – 25 dias – os chilenos estão alguns degraus abaixo do Tricolor sob o aspecto físico e técnico. Pelo menos essa é a visão do técnico Gustavo Huertas, que até ano passado dirigia o Universidad do Chile. O grupo do Cobreloa também foi reformulado e disputou apenas um jogo oficial em 2007. Mas, na largada do torneio ?Apertura?, disparou logo um 7 a 1 sobre o Antofagasta.

Pelo cartão de visitas, os ?Laranjas? mantêm a vocação ofensiva, que foi a marca do clube no ano passado. Muito pela característica dos argentinos José Luís Diáz e Lucas Barrios, acompanhados por Esteban Paredes.

Sabendo desse perfil, Zetti treinou o Paraná num 3-6-1, visando anular as principais peças do adversário. Ontem, iria analisar o vídeo desse jogo do Cobreloa, antes de passar as últimas orientações aos seus jogadores.

?Temos que estar precavidos. Por isso, quero ver a forma como eles se posicionam?, destacou o treinador paranista. ?Mas, tenho certeza que, do lado de lá, eles também estão muito preocupados. Fomos bem na maioria dos jogos disputados até aqui e também marcando muitos gols?, lembrou.

Foram 11 gols em cinco jogos. O único deslize ocorreu na derrota – 3 a 0 – para o Engenheiro Beltrão. Dependendo da avaliação deste vídeo, Zetti não descarta um ajuste tático no seu time. ?A tendência é jogarmos com três zagueiros. Mas, se eu sentir que não há essa necessidade, posso até reforçar o meio-de-campo?, frisou. Mais da Libertadores e do Cobreloa nas páginas 24, 25 e 26.

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