Paraná já errou tudo o que podia errar

Após a seqüência desastrosa de cinco derrotas consecutivas, o técnico Caio Júnior deixou o presidente José Carlos de Miranda à vontade para tomar a melhor decisão.

?O presidente não quis nem ouvir. Me deu força, pois confia no trabalho que estamos realizando?, revelou o treinador. Esse é o pior momento do Paraná na temporada e talvez o grupo esteja pagando o preço por não saber conviver com os tropeços. ?Nas vitórias, tudo é bonito. Erros são disfarçados. Então, não importa como, mas temos que voltar a vencer?, disse Caio.

Caio sabe que não há mais espaços para deslizes ou desculpas. Domingo, frente ao Fluminense – às 16h – o Paraná Clube precisa fechar a ?era Pinheirão? com um triunfo. Procurando manter a calma, mesmo confessando sucessivas noites de insônia diante dos maus resultados, o comandante paranista sabe que o jogo será uma prova de fogo para ele e o grupo de atletas, de um clube já rotulado de ?cavalo paraguaio?.

Caio Júnior aponta erros pontuais em cada uma das cinco derrotas recentes – uma delas, na quarta-feira, pela Copa Sul-Americana -, mas admite ser difícil encontrar apenas uma justificativa para o péssimo momento. O time chegou a ser apontado como ?sensação? do Brasileiro, se mantendo entre os primeiros colocados durante boa parte do primeiro turno. A derrota para o São Paulo, num jogo onde o Tricolor teve nas mãos, durante vários minutos, a liderança do campeonato, foi catastrófica.

Desde então, o Paraná afundou e segue – por mais que todos tentem evitar o termo -em queda livre. Os atletas admitem que na dinâmica do futebol não se pode ficar tanto tempo sob a influência de um resultado. Mas, fica implícito, nas entrelinhas, que o time perdeu o foco após o revés no Morumbi, há exatos quinze dias. ?Houve uma desmotivação geral?, admitiu o ala Angelo. ?Por mais que fosse um título simbólico, historicamente quem leva o primeiro turno levanta o troféu no fim do ano. Mas, já passou. É hora de reagir?, afirmou.

Treinador e atletas descartaram teorias que tentam explicar a derrocada do Tricolor neste Brasileiro. ?Agora, surge tudo. De grupo rachado à falta de dinheiro?, comentou o capitão Beto. ?Não tem nada disso. O ambiente é muito bom, só que agora estamos convivendo com derrotas.

É normal que todos fiquem mais preocupados, menos alegres. Mas, é momento. Temos que estar cada vez mais juntos, fechados.? O volante é outro que passou a noite em claro depois da derrota para o Atlético, remoendo a sua expulsão, que inibiu uma reação na fase complementar.

Caio lamenta a falta de sorte nos últimos jogos – antes, o time fazia gols ?incríveis?, como o de João Paulo, do meio-de-campo, ou achava o resultado no final, como contra Cruzeiro e São Caetano -, mas tem a consciência de que para voltar a brilhar o Tricolor precisa melhorar seu nível ofensivo. ?Precisamos pôr fim a essa turbulência e com um único remédio: vitória?, finalizou.

Time esfacelado contra o Fluminense

O Paraná chega para o jogo frente ao Fluminense parecendo uma ?colcha de retalhos?. Sem meio time, Caio Júnior tenta encontrar soluções e pode até mexer na estrutura básica da equipe, que até então sempre atuou com três zagueiros. Cinco desfalques são certos e o Tricolor ainda corre o risco de ficar sem outros dois titulares para esta partida, frente a um concorrente direto na briga pelas primeiras posições. Coincidência ou não, são os times que mais caíram de produção neste returno.

Gustavo, Émerson, Edinho e Pierre, todos suspensos, não estarão em campo. Assim como o atacante Leonardo, que segue se recuperando de uma torção no tornozelo, ocorrida há tempos e agravada no jogo contra o São Paulo. O ala-direito Angelo e o meia Maicosuel podem ficar de fora, devido a traumas ocorridos no jogo frente ao Atlético. A rigor, da equipe-base dos últimos jogos, só o goleiro Flávio, o zagueiro Neguete e o volante Beto estão à disposição de Caio Júnior.

?Muitos dos que vão entrar, como o Edmilson e o Batista, foram titulares na maior parte do campeonato. Não dá para ficar lamentando ausências. Faz parte do jogo?, ameniza o treinador. Sem opções para as alas, principalmente no lado esquerdo (pois Eltinho está sem ritmo, depois de um longo período no departamento médico), Caio Júnior pode improvisar. ?Vou ver, primeiro, como virá o Fluminense?, explicou. Não descarta a utilização de um zagueiro por aquele setor – no caso, João Vitor -posicionando o time num 4-5-1.

Angelo acredita que estará recuperado. ?O momento é difícil e não sou de fugir da responsabilidade. Quero ir pro jogo?, afirmou. O técnico, porém, disse que só vai escalá-lo se estiver 100%. Angelo levou um ?tostão? na perna direita, no primeiro tempo do jogo de quarta. Apenas seis jogadores têm presença assegurada: Flávio, Neguete, Edmilson, Beto, Batista e Cristiano. As outras cinco vagas serão definidas no coletivo desta tarde, no Pinheirão.

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