Paraná Clube volta a contar com Leonardo no time

Afastado do time há três semanas, o atacante Leonardo não vê a hora da bola rolar. Amanhã – às 16h, na Vila Capanema -, diante do Flamengo, o Paraná Clube busca dar mais um passo rumo à classificação para a Copa Libertadores da América. Artilheiro da equipe no estadual, ele não esconde que está com ?sede de gols?. Neste Brasileirão, Leonardo só balançou as redes seis vezes, com uma média de 0,33 gol/jogo.

?É ruim ficar tanto tempo sem jogar. Pior, tanto tempo sem marcar gols?, disparou o centroavante. Leonardo completou um mês de jejum. Nesse período, viu Cristiano se distanciar na artilharia do clube, com nove gols. ?Não tenho essa vaidade de ser o artilheiro.

O importante é que o Paraná tem um bom aproveitamento ofensivo e assim todos estão se valorizando?, comentou Leonardo. Com 46 gols, o Paraná só marcou menos gols que São Paulo, Grêmio e Santos.

O camisa 9 lamenta as lesões que o tiraram de combate sucessivas vezes. ?Joguei muito pouco. Daí, quando você volta, não está bem fisicamente e não rende tudo o que pode?, disse. Para não correr esse risco, a comissão técnica ?barrou? Leonardo do jogo frente ao Goiás. ?Eu queria jogar. Mas no fundo sei que foi bom ganhar alguns dias para melhorar a forma física,? Ele acredita que neste jogo de amanhã poderá atuar durante os 90 minutos. ?Estou a uns 80% da minha condição ideal?, explicou.

Leonardo diz estar se sentindo ?como um garoto? nesses momentos que antecedem a partida.

?Dá aquela ansiedade.

Durmo pensando nisso?, disse o atacante tricolor.

Por mais que o Paraná Clube venha mostrando reposição de boa qualidade, ninguém duvida que com Leonardo o time ganhe força no setor ofensivo. Não apenas nas finalizações, como nas assistências.

?É duro ficar tanto tempo afastado. Nem aquele ?bicho? a gente recebe?, disse Leonardo, com bom humor. Neste momento, ele observava os companheiros formando fila para receber a premiação referente à vitória sobre o Santa Cruz. ?A gente vê a rapaziada saindo só com notas de R$ 50,00. É dose. Para mim, sobram aquelas notas de dez reais?, brincou. ?Pelo menos paga a gasolina da semana.? No que depender de Leonardo, o Flamengo não terá tempo fácil.

Caio ainda tem uma dúvida

Caio Júnior preferiu não antecipar a equipe que colocará em campo no jogo de amanhã. O atacante Cristiano, com dores musculares, foi poupado do treino de ontem pela manhã e será reavaliado hoje pelos médicos do clube. Independente disso, o Paraná Clube – mesmo sem a oficialização do treinador – deve iniciar o jogo num 3-5-2.

A estratégia é ?simples?: inibir o toque de bola do rubro-negro carioca e impor um ritmo forte assim que a bola rolar.

O ala Edinho e o atacante Leonardo tiveram suas voltas confirmadas e, se não houver imprevistos, entram nas vagas de Eltinho (lesionado) e Maicosuel, que ficaria no banco de reservas. ?Só posso escalar onze. Sei que nesse processo vai haver jogador descontente. Mas faz parte do jogo?, comentou Caio Júnior. Titular absoluto no primeiro turno, Maicosuel não esconde que esperava estar entre os titulares diante do Flamengo.

?Trabalho para isso?, disse. Maicosuel terminou o jogo frente ao Goiás com cãibras e houve até suspeita de contratura muscular na panturrilha.

A lesão não se confirmou e o meia-atacante participou normalmente dos treinos dos últimos dias. Chegou a trabalhar entre os titulares na quinta-feira, quando Caio Júnior armou o time no 4-4-2, e é o eventual substituto de Cristiano caso este venha a ser vetado.

A opção pelos três zagueiros se deve às observações feitas nos últimos jogos. O Paraná só se expôs aos contragolpes adversários – contra Ponte Preta e Goiás – no momento em que passou a jogar com dois zagueiros. Com a ?muralha? postada, Caio espera ganhar a disputa pelo meio-de-campo com a participação ativa dos alas, fazendo com que a bola chegue com freqüência para a dupla de atacantes. ?É decisão. Em casa, temos que ditar o ritmo da partida?, avisou o capitão Neguete.

Caio Júnior é adepto do radiocomunicador

Carlos Simon

Mais que os jogadores, mais que o trio de arbitragem, mais que o banco de reservas, é com a gola da camisa que Caio Júnior se comunica assiduamente durante os jogos do Paraná Clube. Basta um minuto de observação para flagrar o técnico paranista baixando a cabeça e falando baixinho junto ao microfone preso na roupa.

E quem está do outro lado da ?linha?? Júlio César de Camargo, auxiliar técnico, vira uma espécie de ?escrivão? do treinador paranista durante as partidas. De um ponto mais alto dos estádios, o braço direito do comandante tricolor ouve e anota todas as observações transmitidas pelo rádio, que serão usadas no intervalo ou na preparação para a rodada seguinte. ?Faço a leitura do jogo o tempo todo. Como é difícil lembrar tudo o que acontece, o Júlio vai anotando. Assim temos mais noção do que abordar no intervalo?, conta Caio.

Mas o papel do auxiliar não é meramente passivo. Com visão privilegiada em relação ao gramado, Júlio observa aspectos táticos dos adversários ou do próprio Tricolor logo no início, para definir as estratégias do resto do jogo. O treinador fica com um fone no ouvido captando as impressões e a opinião do escudeiro.

Caio adota a comunicação por rádio desde que iniciou a carreira de técnico – esteve também no papel de auxiliar, com Otacílio Gonçalves, no Paraná, e Ivo Wortmann, no Coritiba. Mas no Tricolor topou com o parceiro ideal, meio que por acaso. Ele e Júlio se conhecem desde a infância, quando jogaram juntos em times de categorias menores de Cascavel. Reencontraram-se na primeira passagem de Caio pela Vila, em 2002 (quando Júlio era treinador de goleiros) e novamente desde o início do Brasileirão. ?A amizade e a convivência são muito longas. E temos a mesma linguagem, a mesma visão do jogo. Mas obviamente ele tem toda a liberdade para opinar. Se o auxiliar concordasse em tudo com o técnico seria pouco útil?, falou Caio.

Tecnologia a serviço do futebol

O radiocomunicador, bastante usado por treinadores, não é o único recurso eletrônico que auxilia Caio Júnior no Paraná Clube. O técnico tricolor também é adepto de um programa de computador que transformou o quadro-negro ou o campinho com ímãs em coisas do passado.

O ?Tático 3D?, software já manjado entre treinadores, tem a paternidade reclamada por Nelsinho Baptista, ex-São Paulo, Corinthians, Atlético-PR e outros. O programa simula em três dimensões situações de jogo e de treino, como lances ensaiados e posicionamento em campo. ?A visibilidade é boa, dá para fazer o que quiser, montar a movimentação do adversário, ensaiar bola parada defensiva e tudo o mais. Projetamos a imagem num telão e o jogador tem a noção exata do que fazer em campo. Fica difícil voltar ao quadro-negro?, conta Caio.

O técnico diz que gasta quatro horas parta montar as estratégias no ?videogame?. ?Isso para usar durante 15 a 20 minutos na palestra. Mas vale a pena?, garante.

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