Paraná Clube pronto para pegar o Inter em ?casa?

O Paraná Clube busca em território desconhecido a sua reabilitação no Campeonato Brasileiro. Depois de quatro derrotas consecutivas, o time de Luiz Carlos Barbieri encara o Internacional – às 20h30, no Estádio Olímpico Regional -, na cidade de Cascavel. Pela quinta vez na temporada, o clube abre mão do mando de campo em troca de recursos financeiros que lhe permitam terminar o ano com um caixa equilibrado. Espera, desta vez, melhor sorte, sob o aspecto técnico, já que em Maringá o Tricolor somou apenas um dos doze pontos disputados no Estádio Willie Davids.

A venda desses jogos foi a saída encontrada pela diretoria para garantir salários em dia ao longo de todo o Brasileiro. Mesmo jogando em um ?mini Beira-Rio? – na região Oeste do Estado os clubes gaúchos têm grande ascendência – o Paraná espera voltar a vencer para consolidar o quanto antes sua classificação à Copa Sul-Americana. Pelas projeções, são necessários pelo menos mais seis pontos para assegurar uma das oito vagas no torneio da Conmebol. A meta do clube é mais ambiciosa. Para Barbieri, agora que a Libertadores ficou impossível, o objetivo deve ser no mínimo a 6.ª colocação.

Na teoria, o Tricolor quer realizar a melhor campanha de sua história em um Brasileirão e confirmar sua ascensão no cenário nacional, mesmo sendo um dos oito ?primos pobres? da Série A. Na prática, ficar numa posição de destaque daria ao clube maior poder de reivindicação em futuras partilhas de cotas, além de garantir que a boa campanha desenvolvida até aqui não caia no esquecimento. ?Precisamos voltar a vencer, pois potencial para isso o grupo tem. Pecamos em detalhes nas últimas três partidas, pois só jogamos mal frente ao Figueirense?, destacou o técnico paranista. ?Então, é hora de retomar a concentração.?

Com várias mudanças no time e sem o seu artilheiro, o Paraná tenta voltar aos trilhos neste Brasileiro. Após a goleada sobre o Fluminense (6×1), o Tricolor abria perspectivas de uma briga direta por vaga na Libertadores. A ilusão se desfez após os insucessos diante de Figueirense, Corinthians, São Caetano e Atlético-PR. ?É difícil apontar uma causa. O time se perdeu nesses jogos após sofrer gols. Não tivemos forças para reverter o placar?, comentou o volante Mário César. Essa, talvez, tenha sido a grande deficiência do Paraná neste Brasileiro. Após 35 rodadas, não obteve uma ?virada? sequer. A única exceção é o clássico frente ao Coritiba, quando venceu por 3×2 após estar perdendo. Mesmo assim, foi do Tricolor o primeiro gol do jogo.

A necessidade do adversário – que precisa dos três pontos para seguir ?na caça? ao Corinthians – faz o Paraná eleger o contragolpe – a sua estratégia de jogo. Por isso, Barbieri optou pela presença de Maicosuel no setor de meio-de-campo. Mais veloz que Éder, ele entra com a missão de dar dinâmica ao time, que terá ainda no seu setor ofensivo Sandro e Fernando Gaúcho. Os três jogadores mais agudos do time tentam mostrar em Cascavel que o Tricolor pode ser ?matador? mesmo sem o seu artilheiro em campo. Borges, suspenso, é hoje o grande desfalque do time, que não terá ainda André Dias (lesionado), Neto (suspenso) e Aderaldo e Éder (barrados pelo técnico).

Talismã contra o Colorado

O lateral-direito Parral foi um dos primeiros reforços para a disputa no Brasileiro. Uma lesão no joelho – que o obrigou a passar por uma artroscopia – o relegou à reserva. Isso porque Neto, que foi trazido às pressas, aproveitou a chance e se mostrou um ala muito regular. Recuperado, Parral encontrou ?a porta fechada? e teve raríssimas oportunidades. Uma delas, por coincidência, frente ao Inter, no primeiro turno.

?O Neto está fazendo um grande campeonato. O jeito é não decepcionar quando a chance surge?, disse o ala, que tem contrato com o Tricolor até abril de 2008. ?Na próxima temporada, o objetivo é brigar de forma mais direta por uma vaga no time?, revelou. Sua estréia ?real? ocorreu contra o Inter, no Beira-Rio, dia 28 de julho. Parral fez o primeiro gol da vitória paranista por 2×0, logo aos 4 minutos de jogo.

?Foi meu melhor momento aqui no Paraná e espero repeti-lo nesta quinta-feira?, disse Parral. Depois desse jogo, o ala entrou no final do jogo contra o Paysandu e atuou frente a Brasiliense e Figueirense. Contra o time catarinense foi escalado na ala esquerda e foi muito mal.

Neto nos planos do São Paulo

A boa campanha do Paraná Clube já atrai a atenção de várias equipes. Principalmente com a aproximação do final da temporada, quando as negociações começam a esquentar. Com a saída de Cicinho para o Real Madrid, logo após a disputa do Mundial Interclubes, o São Paulo já assedia Neto, lateral-direito do Tricolor. Meia de origem, ele foi destaque na Inter de Limeira e faz um campeonato de muita regularidade. Com contrato até o final de 2008, Neto tem seus direitos federativos vinculados ao Paraná, mas com acordo particular de parceria. ?Até o momento, desconheço qualquer proposta. Mas, estamos sempre abertos ao diálogo?, disse o diretor de futebol paranista, Durval Lara Ribeiro.

Neto é o primeiro a ser sondado, mas a boa campanha do Paraná deve atrair mais compradores.

Disputa até no reconhecimento

O clima para o jogo desta noite esquentou. Com direito a um acalorado bate-boca entre o diretor de futebol do Inter, Milton Drumont, e o superintendente do Paraná, Ricardo Machado Lima. Tudo ocorreu no local do jogo. O Tricolor realizava seu treinamento quando a delegação do colorado gaúcho chegou para realizar também um reconhecimento de gramado, o que foi prontamente proibido por Machado Lima.

?Quando vamos a Porto Alegre, treinamos no Beira-Rio??, indagou o superintendente do Paraná, fechando a porta do Estádio Olímpico Regional. Mesmo tendo negociado o mando de campo para o Cascavel Clube Recreativo, para efeitos legais junto à CBF, o Tricolor continua sendo o responsável pela partida. ?O regulamento do Brasileiro nada cita sobre a permissão ao reconhecimento do gramado. Cumprimos a regra?, disse Ricardinho.

Milton Drumont, esbravejando, perguntava em que o Paraná seria prejudicado se o Internacional treinasse ali. Assegurou que a permissão partira da diretoria do CCR. Constrangido e resignado, o diretor teve que voltar para o ônibus e levar a delegação do time gaúcho para um clube local, onde o técnico Muricy Ramalho realizou o último treinamento do seu time para o jogo. Pimenta para o duelo desta noite.

Há quase uma década…

Depois de quase uma década o Paraná Clube retorna a Cascavel. O último jogo do clube no Estádio Olímpico Regional ocorreu durante a ?era de ouro? do clube, quando foi o campeoníssimo do Estado, conquistando seis títulos paranaenses entre 1991 e 1997. O time do Tricolor que entrou em campo no dia 11 de maio de 1996 contava com eternos ídolos da torcida paranista – como o goleiro Régis, os zagueiros Marcão e Edinho Baiano, o volante Hélcio e o artilheiro maior do clube, Saulo – e, à época, revelações como Paulo Miranda, Ageu e Tcheco.

Curiosamente, mesmo sem títulos estaduais desde 97, o momento hoje é bem mais tranqüilo do que aquele de nove anos atrás. Uma vitória frente ao Inter coloca o Tricolor bem perto de uma vaga à Copa Sul-Americana. Em 96, frente ao Cascavel, o Paraná precisava desesperadamente de um resultado positivo para não ficar de fora das finais do Campeonato Paranaense. Num jogo conturbado – com a equipe local reclamando muito da arbitragem de Carlos Jack Rodrigues Magno, que não marcou um pênalti para o Cascavel – deu Tricolor: 2×0, com dois gols de João Santos.

Foi a partir deste resultado – ainda sob a direção de Sebastião Lazaroni -, que o Paraná arrancou para seu sexto título paranaense. Na seqüência, o treinador se transferiu para o futebol turco e deu lugar a Antônio Lopes, que acabou sendo o condutor da equipe na reta final da campanha e nos dois clássicos decisivos frente ao Coritiba, que confirmaram a hegemonia do Paraná nos anos 90s.

CAMPEONATO BRASILEIRO
36ª rodada
Local: Olímpico Regional (Cascavel).
Horário: 20h30.
Árbitro:
Giulliano Bozzano (DF).

Assistentes: Marrubson Melo Freitas (DF) e Renato Miguel Vieira (DF).
Tevê: NET – Premiére – canal 76
Paraná Clube x Internacional

Paraná
Flávio; Daniel Marques, Marcos e Neguete; Parral, Pierre, Mário César, Maicosuel e Edinho; Sandro e Fernando Gaúcho. Técnico: Luiz Carlos Barbieri.

Internacional
Clemer; Élder Granja, Ediglê, Vinícius e Jorge Wagner; Gavilán, Edinho, Perdigão e Ricardinho; Fernandão e Rafael Sobis. Técnico: Muricy Ramalho.

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