Paraná Clube monta uma nova base do time

Piratuba-SC – Além de aprimorar a forma física, a comissão técnica do Paraná Clube quer voltar a Curitiba já com uma nova equipe-base. No jogo frente ao Botafogo, no próximo sábado, Paulo Campos pode lançar um novo setor de criação, sem deixar de lado a troca de zagueiros. As opções estão sendo testadas diariamente, nesta intertemporada na região oeste de Santa Catarina. Gélson Baresi, Marcel e João Vítor estão ganhando espaço, mas o próprio treinador mantém suspense quanto à equipe titular que inicia uma série de jogos decisivos no Brasileirão a partir deste confronto com o penúltimo colocado.

No jogo-treino de ontem à tarde, no município de Peritiba, todos os atletas do grupo – à exceção daqueles que ainda se recuperam de lesões ou aprimoram o condicionamento – foram utilizados na atividade. Frente a um adversário amador, os titulares não encontraram dificuldade para aplicar 6×1. O Primavera de Caravajo disputa a Copa Credialc e é formado por trabalhadores de região (caminhoneiros, funcionários da Sadia e agricultores). Nem com o apoio dos torcedores locais ou a presença de alguns ex-atletas do Concórdia, como Jair Bala e Mafrinha, o Primavera conseguiu se impor no jogo.

“É duro, os caras correm muito”, disse o zagueiro Fernando, extenuado após os 50 minutos de bola rolando. O técnico Paulo Campos utilizou o treinamento para acertar posicionamento, sem levar em conta o adversário ou a condição do gramado. Como Gélson Baresi ainda se queixa de dores na panturrilha, cedeu lugar para Carlinhos. O time trabalhou com Flávio; Cláudio, Fernando Lombardi, Carlinhos e Edinho; Nilson, Goiano, Marcel e João Vítor; Galvão e Adriano. Os gols foram marcados por Lombardi, Galvão (2), Marcel, João Vítor e Goiano, sendo que Norli descontou para o time da casa.

Entre hoje e terça-feira, quando o Paraná faz um jogo-treino frente ao Concórdia, Paulo Campos faz novas observações. O treinador conversou longamente com Gélson Baresi e confirma sua intenção de utilizá-lo já frente ao Botafogo. “É um jogador qualificado e experiente. Estando em forma, deve ser escalado. Mas, vamos esperar o desenrolar dos treinamentos”, disse Campos. O treinador visa acertar o posicionamento da zaga e o setor de criação, pontos que deixaram a desejar nas últimas jornadas do Tricolor na competição.

Depois do treinamento, um papo “cabeça”

Piratuba –

Apesar da evolução do futebol – que se profissionalizou, tornando-se esporte de alto rendimento – muitos ainda carregam na memória a imagem do “boleiro”. É verdade que ainda há grupos heterogêneos, misturando num mesmo ambiente as mais diversas classes sociais. Só que o passar do tempo transformou o “simples” jogador de futebol em atleta profissional. A transição se mostra mais clara a cada temporada, com inovações na preparação dos jogadores e com ótima resposta.

O psicólogo Gilberto Gaetner não esconde a satisfação com sua incursão no novo meio. Após trabalhar muitos anos – e em competições de alto nível – com a seleção brasileira de vôlei (onde os atletas vêm de classes sociais de maior poder aquisitivo), o profissional vem elogiando seguidamente, a postura do elenco do Paraná. Entra jogador, sai jogador, e a resposta aos trabalhos se mantém em alto nível. Com mais tempo de atuação, não se restringe aos trabalhos motivacionais, mas já busca um maior entrosamento com os atletas, realizando avaliações psicológicas individuais.

Para o torcedor, fica até difícil imaginar a situação. Após um dia de treinos em três períodos, trinta jogadores reunidos em uma sala para analisar um texto e transferir a mensagem para o seu dia-a-dia, profissional e particular. São os novos tempos do esporte. Com raras exceções, todos os atletas atuaram ativamente, expondo idéias e mostrando um conhecimento que não se limita às quatro linhas. O texto em questão, mostrava a preparação de um samurai, que nascia predestinado a honrar a tradição da família, lutar até a morte para defender o seu amo.

Mais do que técnicas de luta, estes guerreiros desenvolviam técnicas de relaxamento e de meditação para promover a auto-reflexão. Praticavam pintura e escrita. A lição é simples: mais do que saber lutar, é preciso se conhecer suficientemente bem a ponto de identificar qual a melhor tática para enfrentar o inimigo. No futebol, assim como em outras profissões, não basta se conhecer a técnica. É preciso saber aplicá-la, com um perfeito auto-conhecimento, além de uma “leitura” do companheiro e do adversário. Afinal, ao contrário dos samurais, os jogadores só obtém resultados com o sucesso coletivo, com a participação efetiva de todos tendo sempre em mente o foco, uma meta traçada e mentalizada. Sinais do tempo, de um novo perfil de jogadores de futebol.

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