Paraná Clube com problemas para definir a equipe

O Paraná Clube inicia hoje a sua preparação para um ?mini? campeonato paulista. Com o adiamento do jogo frente ao Inter para o dia 30 de setembro, o Tricolor encara Santos, São Caetano e São Paulo. O time de Caio Júnior pode, com essa seqüência, não só consolidar sua posição na zona de classificação à Libertadores como, de quebra, chegar a uma inédita liderança.

Uma campanha marcada pela eficiência embala o sonho paranista de pela primeira vez disputar a principal competição das Américas.

A vitória sobre o Vasco – a 8.ª -levou o Paraná à vice-liderança do Brasileiro. O resultado obtido no Pinheirão foi o arremate final em uma rodada altamente positiva. Paraná e Santos foram os únicos a vencer entre os doze primeiros colocados. Com isso, o Tricolor abriu uma confortável vantagem de cinco pontos em relação a Figueirense e Vasco, primeiros colocados do ?bloco intermediário?.

?Foi difícil, foi suado. Como deve ser. Você não chega a uma posição de destaque sem luta?, disse o capitão Émerson. ?Seguimos superando metas.

É bom que continuem dando atenção para São Paulo, Santos, Cruzeiro. A gente vai pelas beiradas, sem causar alarde.? Diferente de outros anos – como em 2003 e 2005 -, desta vez o Paraná sinaliza com um elenco mais capacitado. Ainda não estrearam atletas do nível de Pierre e Joelson, o que pode sustentar uma campanha equilibrada não apenas na primeira metade do campeonato.

?Há um longo caminho pela frente. É bom curtir esse momento, mas com pés no chão?, sentenciou Caio. Durante a semana o treinador irá dar especial atenção às jogadas de contragolpe. ?Tivemos chances para matar o jogo e quase nos complicamos no final?, lembrou. Muitos desses erros ocorreram por imprecisão nos passes, reflexo do gramado ruim. ?Não vejo a hora da gente voltar para a Vila?, disparou o técnico paranista. Nesta contagem regressiva, o Tricolor ainda faz quatro jogos no Pinheirão: Santos, São Caetano, Juventude e Fluminense.

Apesar do piso irregular, o retrospecto no estádio da FPF é muito bom. Invicto nesse Brasileiro, o Paraná soma cinco vitórias e dois empates. O último revés no Pinheirão ocorreu em novembro do ano passado (0x1, para o Flamengo). No próximo domingo – às 18h10 – diante do Peixe de Vanderlei Luxemburgo, também no Pinheirão, o Tricolor faz mais um ?jogo de seis pontos?. Quem vencer, pode assumir a ponta da tabela, desde que o São Paulo – envolvido com a final da Libertadores – perca, em casa, para o Goiás.

Caio tem um caminhão de problemas

Não bastassem cinco jogadores lesionados e outros quatro em fase de recuperação física, o Paraná Clube não terá outros três titulares para o jogo do próximo domingo, frente ao Santos. Com tantos problemas, o técnico Caio Júnior pode ficar com seu elenco restrito a vinte atletas no jogo decisivo diante do Peixe de Vanderlei Luxemburgo. Ele já quebra a cabeça para encontrar soluções e não será surpresa se precisar recorrer a improvisações.

O setor mais afetado é a cabeça-de-área. Goiano e Beto estão lesionados. Serginho e Batista, suspensos.

Assim, Felipe Alves deve ser confirmado no time, possivelmente para formar com Pierre a nova dupla de marcação do meio-de-campo. ?Vamos ver como será o desempenho do Pierre durante a semana?, disse Caio Júnior.

Se Pierre não se mostrar em perfeitas condições nos coletivos, Caio pode recorrer a uma estratégia já testada na semana passada: o deslocamento de Edmilson para a função de volante, com a entrada de Neguete na zaga. ?É cedo para pensar nisso. Acredito que o Pierre vai jogar?, disse o treinador, confiante. Como o goleiro Flávio também está suspenso com três cartões amarelos, Marcos Leandro assume a camisa 1 do Paraná neste jogo. O restante do time, ao que tudo indica, deve ser o mesmo da partida anterior, com a manutenção do trio de ataque formado por Sandro, Maicosuel e Leonardo.

Alerta pra euforia desenfreada

A campanha do Paraná Clube empolga a torcida, contraria as projeções da imprensa nacional e permite aos tricolores sonhar com um vaga na Libertadores, ou, quem sabe, o título nacional. Mas o retrospecto do Brasileirão na era de pontos corridos recomenda que a euforia desenfreada seja substituída pelo otimismo contido. Nem sempre quem esteve nas cabeças nesta altura do Brasileirão obteve sucesso no final.

Disputadas 15 das 38 rodadas do Brasileirão (ou 39% da competição), o Paraná é o vice-líder, atrás apenas do São Paulo. E pode assumir a ponta já na próxima rodada, se bater o Santos e o time do Morumbi perder para o Goiás.

Mas times que estiveram em situação semelhante caíram bruscamente em anos anteriores.

Na edição do ano passado, após a 17.ª rodada (40% do campeonato), a Ponte Preta ostentava o segundo lugar com 33 pontos – um a menos que o líder Corinthians.

Mas a Macaca, que antes disso chegou a liderar o Brasileiro por oito rodadas, já começava a despencar – o time terminou a competição em 18.º lugar, uma posição acima da zona de rebaixamento.

A mesma Ponte também era vice-líder na 18.ª rodada em 2004 (39% das partidas), perdendo nos critérios de desempate para o Santos (ambos tinham 32 pontos). Também não manteve a força e acabou na modesta 10.ª colocação.

Em 2003, o vice-líder com 39% do campeonato era o São Paulo, que tinha 37 pontos, dois a menos que o Cruzeiro. O Tricolor do Morumbi não caiu tanto depois da 18.ª rodada, mas acabou em terceiro e viu os mineiros dispararem e fecharem a campanha com 22 pontos à frente.

Na era dos pontos corridos, o Brasileirão foi pródigo em exemplos de times que despencaram vertiginosamente ou subiram rapidamente. Em 2003, por exemplo, o Goiás encerrou o primeiro turno na lanterna, mas reagiu de forma fulminante e acabou em sexto lugar. No ano seguinte, o Criciúma chegou a liderar a competição até a 10.ª rodada e foi para a 2.ª divisão.

A curva descendente dos vice-líderes, porém, não atingiu os ponteiros dos 40% do Brasileirão. Corinthians, Santos e Cruzeiro mantiveram a dianteira e conquistaram o título nos últimos três anos.

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