Paraná Clube com a mão no título. Falta festejar

Os jogadores mantêm um discurso politicamente correto e o técnico Luiz Carlos Barbieri já avisou: ?Quem colocar salto alto, eu corto?.

A torcida, porém, vive um clima de muita euforia. E não poderia ser diferente. Depois da vitória por 3×0 no primeiro jogo contra a Adap só um improvável desastre tira do Paraná Clube o título de campeão paranaense. Em toda a sua história, o Tricolor nunca sofreu derrota por três gols de diferença para equipes do interior.

No domingo, o Paraná disputará seu 384.º jogo em campeonatos paranaenses. Neste retrospecto, o clube só sofreu três ou mais gols em 22 partidas (18 derrotas, 1 empate e 3 vitórias). Só que em apenas cinco jogos foi goleado, sempre em duelos contra seus maiores rivais, Atlético e Coritiba. Em 1993 e 1996, perdeu para o Coxa por 3×0 e 4×0, respectivamente.

As derrotas para o Rubro-Negro foram em 2000 (3×0), 2002 (6×1) e 2004 (3×0).

Mais do que um tabu, o retrospecto mostra a grande vantagem do Tricolor nos jogos contra as equipes do interior do estado. O que dá à galera paranista a certeza do fim do jejum de quase nove anos sem um título paranaense. ?Falta o último degrau. Por isso, é manter a humildade, os pés no chão.

Se mantivermos a seriedade, a taça está na mão?, admitiu o volante Rafael Muçamba, empolgado com a boa fase do time.

?Subimos de produção na hora certa, nos jogos decisivos. E, para isso, a experiência do grupo fez a diferença?, comentou.

Para Muçamba, o Paraná abriu a considerável vantagem sabendo anular as principais armas da Adap. ?Não deixamos o Souza e o Ivan jogarem e aí a bola não chegou no Marcelo Peabiru?, disse. Muçamba e Beto, no segundo tempo do jogo do último domingo, ficaram fixos na marcação. ?Armamos um paredão, não nos afobamos e eles tinham que rifar a bola para a área. Ficou fácil jogar?, lembrou.

Sustentado pela invencibilidade de onze jogos, o Paraná quer confirmar o título com uma grande atuação – e com uma vitória. ?Será um jogo franco, pois eles não têm outra alternativa, senão atacar. Temos que jogar fechadinhos, com a defesa bem armada e explorando os contragolpes?, disse Leonardo. Com onze gols, o jogador quer encurtar a diferença para Leandro (do Iraty), artilheiro do estadual com 18 gols. ?Mais importante que ser artilheiro é ser campeão.

Estou feliz porque recuperei a confiança e estou marcando gols decisivos. Esse título é um prêmio à diretoria, que apostou em mim?, finalizou Leonardo.

Neguete e Maicosuel podem ficar fora da finalíssima

O zagueiro Neguete e o meia Maicosuel são dúvidas para a finalíssima de domingo – às 15h40, no Pinheirão. Lesionados, eles seguem em tratamento e passam por exames hoje e amanhã. ?Vamos esperar o resultado da ressonância magnética, mas, pelo exame clínico é pouco provável que eles possam jogar?, disse o médico Rafael Kleinschmidt. Ambos sofreram lesão no joelho e tiveram que ser substituídos no jogo do último domingo.

?Não é fácil ficar de fora. Quero jogar, mesmo que com muletas?, brincou Maicosuel, um dos principais destaques do Tricolor neste Paranaense. Discurso parecido ao de Neguete, que mesmo contestado em alguns jogos -principalmente naqueles em que cometeu penalidade máxima – foi titular absoluto da zaga, a menos vazada da competição. ?Sei o que representa para essa torcida uma conquista depois de nove anos de espera. E o reconhecimento ao nosso trabalho só vem com títulos?.

O técnico Luiz Carlos Barbieri só começa a trabalhar amanhã o time para a grande final. Depois de uma semana desgastante, com três jogos decisivos (e três vitórias, com oito gols marcados e apenas um sofrido), a comissão técnica decidiu dar folga para os atletas nesta terça-feira.

?O cansaço de um jogo vem com algum atraso. Eles terão um dia para recuperar a energia e depois retomamos o trabalho, com a intensidade necessária para fazermos um grande jogo?, disse Barbieri.

Se dois titulares não têm escalação garantida, um suplente já está fora do jogo e também das rodadas iniciais do Brasileiro. O atacante Jeff sofreu mesmo fratura no 5.º metatarsiano do pé direito.

A previsão é de pelo menos 40 dias de recuperação para o jogador, que se machucou poucos minutos depois de substituir Maicosuel. ?Uma pena. Mas, é seguir em frente e voltar com confiança para o nacional. No domingo o jeito vai ser ficar na torcida?, disse o atacante.

O restante do grupo está à disposição de Barbieri, já que os três jogadores ?pendurados? com dois cartões amarelos passaram por mais uma partida sem problemas. O lateral-direito Goiano, o zagueiro Neguete

e o volante Rafael Muçamba marcaram com firmeza, mas sem usar de faltas viris para parar o veloz ataque da Adap. Destaque para Muçamba, que recebeu amarelo nas duas primeiras rodadas e depois seguiu o restante da competição sem ser advertido.

Dois já estão treinando na Vila

O zagueiro (e volante) Cuca começa a trabalhar hoje no Paraná Clube. Sua contratação foi definida em Maringá, no último sábado. O jogador já havia sido indicado ao Tricolor no ano passado, após uma boa passagem pelo Cianorte. Na atual temporada, defendeu o Galo Maringá e a transação foi agilizada entre os presidentes José Carlos de Miranda e Marcos Faleiros.

?Estou muito animado com essa volta à capital?, disse Cuca, que iniciou sua carreira no Coritiba. Aos 32 anos, trocou a cabeça-de-área pela função de líbero e chega ao novo clube para a disputa do Brasileiro.

?O momento do Paraná é muito bom. Foi a melhor equipe do estadual e espero ajudar no nacional?, disse. Cuca, 32 anos, é opção para a zaga e para a cabeça-de-área.

Outro que pode começar a trabalhar hoje à tarde é o meia Aílton, 21 anos, que chegou a Curitiba ontem à noite. Ele tem reunião pela manhã, quando as bases financeiras devem ser definidas, com o Paraná adquirindo um percentual de seus direitos federativos. O jogador já esteve nos planos do Tricolor em 2004, quando ele fez um bom campeonato no Paulista de Jundiaí. Depois disso, o meia teve passagens sem destaque por Guarani, Náutico e São Bento.

Já o ala Émerson, do São Bento de Sorocaba, esteve reunido com a diretoria tricolor ontem pela manhã. Foi feita a proposta ao atleta – para a compra de 50% de seus direitos federativos – e uma resposta é aguardada para hoje. No total, a diretoria pretende acertar nove reforços para a disputa do Brasileiro, incluindo, nessas contratações o atacante Leandrinho (Noroeste) e o meia-atacante Joelson (ex-Ituano), que aguarda uma liminar na Justiça do Trabalho para fechar com o Tricolor. Essas ?caras novas? chegarão ao longo das primeiras rodadas do Brasileiro, pois estão atuando nas rodadas finais dos estaduais.

Retrospecto favorável

Cristian Toledo

Se unicamente a história decidisse um título, o Paraná já poderia comemorar a retomada da hegemonia do futebol paranaense. Além de ter uma ampla vantagem sobre a Adap, conquistada no 3 a 0 de domingo no Willie Davids, em Maringá, o Tricolor tem os números do passado a seu favor. Em 24 decisões de Campeonato Paranaense realizadas em partidas de ida e volta, em 17 o time que venceu o primeiro jogo levou a taça.

Como em todas as competições estaduais, o Paranaense teve inúmeras fórmulas nestes mais de 80 campeonatos disputados. Na maioria deles, houve disputas decisivas em quadrangulares ou hexagonais. Quando aconteceram decisões, nem sempre aconteceram dois jogos. Em 1978, 92 e 2001, por exemplo, o campeão foi conhecido após três partidas. Em 1961, foram quatro confrontos entre Coritiba e Operário até o Coxa conquistar o título.

Assim, as decisões em duas partidas se restringiram a 24 Paranaenses. E a tradição é nítida – o vencedor do jogo de ida leva a taça. A primeira vez em que isto aconteceu foi em 1937, quando o Ferroviário venceu o Coritiba na primeira partida por 4 a 2, jogando no Belfort Duarte (hoje Couto Pereira). A história se repetiu outras 16 vezes: nove com o Coxa, três com o Atlético e uma vez cada para Ferroviário, Grêmio Maringá, Londrina e Paraná Clube.

Em seis decisões, aconteceram empates no jogo de ida. E a exceção à regra foi exatamente no ano passado, quando o Coritiba venceu o Atlético na primeira partida por 1 a 0, e o Furacão ganhou o jogo de volta pelo mesmo placar – a decisão foi para os pênaltis, e deu Rubro-Negro.

Vantagem

Esta é a sétima vez em que há uma diferença igual ou superior a três em um jogo decisivo do Estadual, e a terceira em que uma partida termina 3 a 0 (as outras foram em 1961 e 86).

A maior vantagem em uma final é do Atlético, que impôs 6 a 1 no Paraná no jogo de ida da decisão do supercampeonato de 2002. No jogo de volta, o Tricolor ganhou por 4 a 1, mas pelo placar do primeiro jogo o título ficou na Baixada.

Arbitragem ainda é assunto

No dia seguinte ao primeiro jogo da decisão do Paranaense, a Adap não mudou o discurso: a arbitragem foi o tema do dia em Campo Mourão. A atuação do trio comandado por Evandro Rogério Roman motivou até um comunicado oficial do presidente Adílson Batista do Prado, divulgada no sítio do clube (www.adap.com.br).

Na nota, Prado reitera seus respeitos ao Paraná, que ?soube tirar proveito dos nossos erros e dos erros da arbitragem?. Depois, externa sua ?indignação? contra Evandro e seus assistentes, listando as falhas que segundo ele foram determinantes para o placar de 3 x 0. O dirigente também agradece o apoio do torcedor de Campo Mourão, Maringá e região, e se diz frustrado pela má atuação da equipe. ?Sabemos que, para ganhar de time de capital, temos que jogar muito para passarmos por cima de situações erradas que são tidas como normais?, afirma o dirigente.

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