?Para mim, acabou?, diz Schumacher

Não era bem o discurso que se esperava de Schumacher, eterno defensor da otimista tese ?enquanto há chances, vou lutar por ela?. Há chance de conquistar o oitavo título em Interlagos, sim. Mas nem ele acredita mais nisso.

E foi muito franco depois da corrida. ?Acabou, para mim acabou. Não quero ir para uma corrida torcendo para meu adversário abandonar. Não é um jeito legal de ganhar um título?, disse o alemão. ?Todos sabemos como Fernando é bom piloto. Ele só precisa de um ponto. Vai ser fácil para ele?. Alonso venceu o GP do Japão e está com uma mão na taça do mundial de Fórmula 1.

Sereno, apesar da tragédia que foi a quebra de seu motor a 16 voltas do fim, quando liderava com alguma folga, o alemão voltou aos boxes numa van e fez questão de cumprimentar um a um os mecânicos da Ferrari. Depois, foi ao pitwall e abraçou longamente os engenheiros e dirigentes do time. No rosto, um sorriso tímido.

?Essas coisas acontecem, a F1 é assim, quebrar faz parte das corridas. São esses altos e baixos que dão o sentido à vida. Seria horrível se todos os dias fossem iguais?, filosofou. ?Ganhamos juntos e perdemos juntos. Essa equipe é maravilhosa, adoro cada um aqui dentro. Não estou triste, estou orgulhoso do que fizemos desde o Canadá, tirando 25 pontos quando todos achavam que não tínhamos mais chances de lutar pelo campeonato?.

O clima na Ferrari era de velório em Suzuka. A exceção era Schumacher, que fazia questão de levantar o moral de todo mundo. ?Vamos brigar pela taça dos construtores, que ainda dá. E se não der, paciência. Serei um homem feliz, qualquer que seja o resultado?, garantiu. Michael se aposenta em São Paulo, no dia 22 de outubro.

Jean Todt, diretor do time, era um dos mais abalados pelo abandono de Schumacher. ?É um gosto muito amargo, perder assim. Pagamos um preço muito alto por uma quebra rara. Só nos resta cumprimentar a Renault e colocar o coração e a alma na corrida de Interlagos para fazer o melhor que pudermos?.

Festa do piloto, o quase campeão

Fernando Alonso está a um ponto do bicampeonato da Fórmula 1. Uma raríssima quebra do motor Ferrari de Michael Schumacher (a primeira em seis anos) colocou a taça nas mãos do espanhol da Renault. Depois de mais de três meses, o asturiano voltou a vencer uma corrida, na madrugada de domingo em Suzuka. Vitória que caiu no seu colo quando, na 37.ª das 53 voltas do GP do Japão, o V8 do alemão explodiu.

Se o GP japonês foi ruim, com uma ou outra disputa apenas no pelotão intermediário, teve alta dose de dramaticidade a partir do momento em que Schumacher quebrou. O campeonato escorreu por seus dedos, quando a reação iniciada nos EUA parecia ser irreversível.

Foi por isso que Alonso comemorou como nunca ao estacionar seu carro no Parque Fechado. Subiu no cockpit do carrinho azul e amarelo e fez uma pose que, depois explicaria, representava a fênix, o pássaro da mitologia que ressurge das cinzas. Depois, pulou uma grade e foi abraçar seus mecânicos. ?Esta vitória foi um presente de Deus?, resumiu.

Alonso ganhou pela sétima vez no ano, 15.ª na carreira. A Renault, que ainda colocou Fisichella em terceiro, abriu nove pontos entre as equipes e dificilmente perde esse título, também. Felipe Massa, que largara na pole, foi o segundo. O brasileiro cedera a ponta a Schumacher na terceira volta, teve problema num pneu e perdeu a segunda posição para o espanhol após o primeiro pit stop. No pódio, estava com o semblante amarrado. Ele e toda a Ferrari.

Voltar ao topo