Oscar “Mão-Santa” se aposenta

“A partir de hoje vocês podem me chamar de ex-jogador de basquete.” Desta maneira simples, como foi em toda a sua carreira, mas carregada de emoção e a certeza de “dever cumprido”, Oscar Bezerra Schmidt, um dos maiores jogadores de basquete de todos os tempos, anunciou sua aposentadoria, ontem, na sede do Flamengo, na Gávea, zona sul. Aos 45 anos, dos quais 32 anos de devoção ao esporte, o atleta afirmou ter chegado a hora de se dedicar à família.

Oscar explicou que foi uma decisão difícil, mas serena. Contou que a carreira só não foi encerrada em maio do ano passado, porque não queria deixar as quadras sendo expulso no último jogo. Na ocasião, o incidente aconteceu no confronto contra o COC/Ribeirão, em Ribeirão Preto, na terceira partida do play-off pela quarta-de-final do Campeonato Nacional de Basquete. “É difícil dizer adeus. Gostaria de voltar tudo, recomeçar, mas sei que não é possível.” O astro do basquete nacional considerou que, ao pôr fim em sua história nas quadras, sai com a certeza do dever cumprido. Quanto ao futuro, por enquanto, não fez planos e quer seguir realizando suas palestras em empresas. Um sonho: construir um Centro de Treinamento para ensinar crianças a jogar basquete.

“Vocês viram e vão ver muitos jogadores melhores do que eu, mas não vão ver um que tenha treinado mais e que tenha tanta obstinação pelo basquete”, falou Oscar. “Treinei para ser o melhor e não consegui. Mesmo assim, tive muito mais do que imaginei.” E Oscar, o “Mão Santa”, tinha vários motivos para não encerrar a carreira: propostas do Brasil e do exterior, a expectativa de chegar aos 50 mil pontos (em números não-oficiais totalizou 49.703) e a possibilidade de ser bicampeão Estadual pelo Flamengo, no segundo semestre. No entanto, a família e a idade pesaram no momento final.

Agradecimentos

Além de toda a família, Oscar fez questão de agradecer aos técnicos que passaram por sua brilhante carreira. Lembrou de todos, citando-os nominalmente. Para alguns uma menção especial: Cláudio Mortari, o “irmão mais velho”, Ari Vidal, quem lhe deu a oportunidade de defender o Brasil por 20 anos na seleção, e Miguel Ângelo da Luz, o último treinador com quem conquistou um título (campeão Estadual) aos 44 anos.

Para Oscar, momentos inesquecíveis não faltam em sua carreira. Ao contrário das más lembranças, que disse não possuir. Nesta segunda, ele lembrou dos companheiros da medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis, em 1987. Da equipe paulista do Mackenzie e do Flamengo de 2002. Sua despedida da seleção brasileira, nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996 e jogar ao lado do filho, no Flamengo, também mereceram sua lembrança. “Vou morrer pensando em todas as emoções.”

Herança

Humilde, Oscar fez questão de citar o pivô Nenê, do Denver Nuggets, como o próximo ídolo do basquete nacional. Exaltou o “bom caráter” e a “boa índole” do jovem atleta. Além de lamentar que o pouco espaço para o basquete no Brasil não permite a criação de novos ídolos dentro do País. “Fico feliz por não estar deixando um buraco para trás.”

Ao longo da coletiva, entre sorrisos e lágrimas, Oscar insistiu que não estava preparado para terminar a vitoriosa carreira. Também fez questão de não esconder que o impulso e a respiração já lhe faltavam durante os jogos, porém, não os arremessos. Esses sim, precisos e eficientes como sempre.

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