O problema é time de dono no futebol interiorano

“A chegada de aventureiros e forasteiros desacreditou o futebol no interior do Paraná”. A fala do jornalista J. Mateus, que há mais de 40 anos trabalha na cobertura esportiva com ênfase no futebol interiorano, resume uma das razões pela decadência ou morte de times tradicionais como Londrina, Grêmio e União Bandeirante.

“Não tem mais o cidadão de expressão da cidade comandando futebol. Sem transparência e com gente apenas querendo lucrar, não tem time que se segure. Hoje só vive clube que represente uma comunidade. Tanto que em jogo do time júnior pela Copa Tribuna, o Londrina leva mais gente que a Portuguesa ou o time do Sergio Malucelli (Iraty) jogando aqui”, completou Mateus.

Para ilustrar parte das razões da calamidade no interior, J. Mateus citou um exemplo recente no Londrina. “O Rafinha, que estava no Schalke 04 da Alemanha e assinou com o Genoa da Itália, saiu do LEC de graça. A diretoria o liberou para o Coritiba e hoje o clube não recebe nada em nenhuma negociação, mesmo na condição de time revelador. Falta seriedade. O grande problema é o chamado time de dono”, disse.

A situação de descrença, ainda assim, não afetou apenas os clubes interioranos. “Tanto que o Corinthians jogou recentemente em Londrina. Mas, apesar de ter a maior torcida da cidade, não conseguiu levar mais que 1.200 pagantes ao Estádio do Café”, analisou J. Mateus, autor dos livros ‘Do caçula gigante ao Tubarão’ e ‘Onze contra onze’.