Numa hora crítica, Paraná perde seu xerife

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Émerson conversa hoje, mas diretoria
já sabe que não cobrirá seu salário.

O Paraná Clube deve sofrer uma grande baixa hoje. O zagueiro Émerson se reúne com a diretoria e é provável que defina a rescisão de seu contrato. Ele recebeu uma proposta "irrecusável", na palavra do próprio jogador, do Botafogo e a diretoria antecipou não ter nenhuma possibilidade de cobrir os valores.

"Já fizemos um esforço tremendo para segurá-lo após o Brasileiro. Fomos internamente muito cobrados, pois acertamos um salário além da nossa realidade", admitiu o vice de futebol José Domingos. "Vamos, então, conversar com o Émerson. Mas, a decisão está nas mãos do jogador. Não podemos entrar em leilão", disse Domingos, descrente da possibilidade de Émerson permanecer no clube.

Pesa o fato de Émerson já estar com 30 anos e ver nessa proposta do alvinegro carioca a chance de fechar um grande contrato. No início do ano, ele esteve perto de se transferir para o exterior, mas a negociação não evoluiu. O zagueiro foi um dos destaques do Tricolor na reta final do Campeonato Brasileiro. O técnico Paulo Bonamigo pediu à diretoria do Botafogo a contratação do zagueiro, o que deve se confirmar ainda hoje. Há uma cláusula rescisória, mas o valor é inexpressivo.

A situação deixou o técnico Paulo Campos bastante irritado, apesar da promessa da diretoria de buscar outro zagueiro experiente para a seqüência da temporada. "Temos, também, que observar os garotos dos juniores, que foram muito bem na Copa São Paulo", comentou o vice José Domingos, fazendo referência a Alison e Albadilon. A diretoria deixa claro que não há a mínima possibilidade de competir com equipes que recebem até seis vezes mais da televisão pela participação no Brasileiro da Série A.

O Tricolor tem direito a pouco mais de R$ 3 milhões, sendo que a primeira parcela só é liberada em abril. No ano passado, também em dificuldades financeiras, o clube precisou abrir mão de seus principais jogadores no Estadual e comprometeu sua imagem ao disputar a permanência na primeira divisão num torneio da morte. Resta saber se essa primeira deserção não comprometerá os planos da comissão técnica, que sonha no mínimo com uma vaga na Copa do Brasil.

Campos perde paciência e aposta em ataque mais experiente

Um novo ataque. É o que idealiza o técnico Paulo Campos para o jogo do próximo sábado, em Paranaguá, frente ao Rio Branco. Antes mesmo de qualquer trabalho tático, o treinador confirmou a intenção de lançar Marlon e promover a estréia de Renaldo. "Essa é a dupla que pretendo escalar." Seus planos, no entanto, dependem da condição física do artilheiro tricolor. Renaldo deixou claro – e com todas as letras – que não entra em campo se não estiver em condições físicas e técnicas ideais.

"Meia-boca, eu não entro, não. É bobagem querer jogar sem estar em forma, pois estaria prejudicando a mim e ao time", disse o centroavante. Renaldo está "vacinado" nesta situação, pois recentemente fracassou ao atuar pelo Palmeiras mal preparado. "Queimei meu filme e não quero passar por situação parecida. Afinal, sei que quando eu entro em campo, o torcedor tem a expectativa de ver gols e é isso que eu quero proporcionar."

Paulo Campos, no entanto, não quer que Renaldo assuma essa responsabilidade. "Sua utilização frente ao Rio Branco foi planejada. Sei que ele não tem condições para 90 minutos, mas deve jogar um pouco, aumentar esse tempo na rodada seguinte, para estar em plena forma no clássico frente ao Coritiba", explicou o técnico. "Essa decisão não se deve ao resultado ruim da última rodada. Foi algo pré-estabelecido." A questão de Marlon também foi decidida com critério, na avaliação de Campos.

"Ele participou dos últimos três jogos, entrando no segundo tempo. Agora, terá a chance de iniciar uma partida", comentou o treinador paranista. Paulo Campos disse não entender as críticas da torcida aos meias Wiliam e André Chu. "Talvez seja por uma simples comparação aos meias do ano passado. Mas, os tempos são outros e os dois estão se esforçando muito", disse. Paulo Campos usou como exemplo o fato de André Chu ter sido o jogador tricolor com o maior número de finalizações (3) na partida frente ao Cianorte.

"Uma coisa eu posso assegurar: esse time vai dar caldo". Paulo Campos reafirmou sua confiança neste elenco, que ainda não se encontrou no campeonato paranaense. "Perdemos todo um setor ofensivo e isso compromete também a defesa", justificou. "Mesmo com a base defensiva mantida, falta entrosamento. Se o ataque e o meio não seguram a bola na frente, à sobrecarga na zaga". Na visão do treinador, é preciso dar tempo ao tempo para que a estrutura do elenco seja reconstituída.

Campos não antecipou se vai manter o 3-5-2 ou voltar ao 4-4-2, frente ao Rio Branco. Pela primeira vez o time terá uma semana inteira para treinamentos e as duas formações devem ser testadas. "Esse time precisa de treino e é isso que vamos fazer nesses dias, pois até aqui praticamente só jogamos", justificou.

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