Maradona, com cara de bola

Buenos Aires – À beira da falência, segundo as más línguas, e mais gordo do que nunca, Diego Armando Maradona, de profissão ex-astro do futebol, vai de mal a pior. “El Pibe” (O Garoto), como é chamado carinhosamente por seus fãs, recentemente perdeu suculentos contratos de publicidade por seu temperamento mutável, foi abandonado por seu histórico manager Guillermo “Guillote” Coppola, e de quebra, causa preocupação entre os médicos, que temem que Maradona volte de novo a cometer “excessos”.

“Maradona é como o Luciano Pavarotti do futebol. Não me refiro ao fato de que ambos tenham sido virtuoses, cada um em sua área. Eu me refiro a que os dois estão imensos de obesos e não podem nem caminhar direito”, disse para a Agência Estado uma fonte que conhece profundamente o “entourage” maradoniano.

A acentuada decadência física do autor de gols memoráveis como o realizado contra a Inglaterra na Copa do Mundo em 1986 foi reconhecida pelo próprio “el Diez”. Na China, admitiu: “estou gordo como uma bola de futebol”.

Na agenda cheia que teria nesse país estava marcada uma visita à Grande Muralha. A intenção dos organizadores da visita, um grupo de empresários chineses, era a de fazer propaganda da muralha através da presença do mítico ex-astro. No entanto, Maradona não compareceu, alegando que os chineses não o haviam pago. Mas o verdadeiro motivo segundo a fonte foi que “ele não poderia subir os degraus para chegar à parte de cima da muralha. Seu físico está péssimo”.

O comentarista esportivo Pablo Perantuono concorda. Ele disse que um homem de 43 anos como Maradona, que foi esportista toda sua vida, não poderia estar nas péssimas condições físicas que possui.

“Cuba é um bálsamo para ele, pois está em uma ilha da fantasia, com sol, praia e árvores”, explica.

Maradona foi a Cuba no ano 2000, logo após quase morrer de overdose de cocaína, para fazer um tratamento para abandonar as drogas. “O acordo com o governo cubano é o de falar maravilhas de Fidel Castro toda vez que esteja na frente de um microfone. Isso é muito útil para Castro, já que Maradona é uma das escassas figuras mundiais com elevada popularidade que elogia o líder cubano”, afirma a fonte.

Obsessão

Em Cuba e em todos os lugares Maradona dedica longas horas do dia à sua nova obsessão: o golfe. “Esse esporte é sua nova droga social. É capaz de jogar dez horas seguidas, sem parar, mesmo quando chove”, afirma uma fonte que nos anos 90 acompanhava Maradona na badalação da noite portenha.

Seus amigos colaboram com a obsessão: eles deram de presente um capacete de mineiro com uma lanterna acoplada, para que possa continuar jogando à noite.

A viagem à China constituiu um divisor de águas, já que foi a primeira na qual Maradona não contou com a presença de Coppola. Sem ele por perto para domar seu turbulento temperamento, Maradona perdeu a chance de ganhar US$ 450 mil. Ele também teria quebrado um contrato com a TV italiana para comentar jogos de futebol por 5 mil euros a cada emissão.

Coppola e Maradona foram durante anos uma dupla inseparável. Além de cuidar dos negócios do ex-jogador, Coppola também abasteceu Maradona de belas fãs, a quem levava para extensas horas de badalação pelas discotecas das principais capitais do mundo. Além disso, ocasionalmente Coppola era fotografado dando polêmicas “bicotas” nos lábios de “El Diez”.

Segundo o advogado Fernando Burlando, amigo da dupla Maradona-Coppola, “Guillermo é o Maradona dos managers”. No entanto, Burlando considera que Maradona é inteligente o suficiente para encontrar um novo manager à altura.

Negócios

O novo manager é Claudia Villafañe, de quem recentemente Maradona havia se divorciado. Ela cuidará dos negócios de seu ex-marido, entre os quais estão a administração do museu intinerente sobre “El Diez”. Claudia também se encarregará dos US$ 30 mil mensais que o ex-astro recebe por ter cedido sua imagem e nome para os vinhos “Maradona”.

Além disso, por ter cedido a imagem do ex-jogador gritando “gol” em máquinas caça-níqueis na Europa receberá US$ 200 mil. Outra fonte de renda para Maradona é a exigência de US$ 50 mil para conceder entrevistas a jornais e canais de TV. Esse preço é o similar para quem quer ter a “honra” de compartilhar a sós um jogo de golfe com o ex-astro do futebol argentino.

Segundo Perantuono, Pelé, ao contrário de Maradona, “entendeu o sistema, a forma como os negócios funcionavam”.

Mas, paradoxalmente, enquanto na vida pessoal Maradona está em crise, a imagem de “El Diez” vende mais do que nunca.

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