Entrevista

Malucelli diz por que aposta no time de 2008

“A torcida que não se decepcione, porque este time é o melhor de Curitiba.” A opinião otimista é do presidente do Conselho Administrativo do Atlético, Marcos Malucelli. O dirigente não concorda com aqueles que afirmam que o Rubro-Negro entrará fraco no campeonato estadual porque foi o time da capital que menos contratou. Até o momento, o Furacão anunciou dois atacantes (Lima e Jorge Preá), enquanto os rivais Coritiba e Paraná contrataram respectivamente 7 e 14 atletas.

Malucelli lembra que o Furacão manteve a estrutura da equipe de 2008, que conseguiu resultados expressivos na reta final do Brasileirão, e contratou reforços para o ataque – setor mais deficiente na temporada passada. Tudo dentro de uma política orçamentária e sem fazer loucuras. No Estadual, o clube dará oportunidade aos jovens, para que mostrem se têm ou não condições de vestir a camisa rubro-negra na sequência da temporada.

Um erro que a atual diretoria não quer repetir em 2009 é a perda de jogadores importantes no decorrer das competições. Somente em caso de venda ou empréstimo vantajosos, necessários para manter as finanças do clube equilibradas. Segundo Malucelli, no elenco deste ano não há jogador com cláusula contratual que obrigue o Atlético a liberá-lo caso haja uma oferta do exterior, como ocorreu com Claiton em 2008 e cuja saída desestruturou o time.

“Nós só liberaremos jogadores se quisermos, o que não pudemos fazer com o Claiton, por exemplo, porque ele se utilizou da cláusula e foi embora para o Japão. Esse time que estamos fazendo agora é para seguir adiante”, analisou o dirigente. Na entrevista concedida no CT do Caju, o presidente falou também sobre o planejamento rubro-negro para 2009, sobre os problemas para contratar jogadores nesse período e que, assim como todo torcedor atleticano, quer o melhor para o clube. No entanto, alertou que a realidade financeira do Atlético não é páreo para os clubes do eixo Rio-São Paulo, o que impede a contratação de atletas mais conhecidos.

Paraná-Online: O que o torcedor pode esperar do time rubro-negro para 2009?

Marcos Malucelli: Esse time é o mesmo que terminou o Brasileiro de 2008, com exceção do Alan Bahia. Não saiu mais ninguém. É o time que nas oito últimas partidas, ganhou cinco, empatou duas e perdeu uma. Índice de aproveitamento de 70%. É um time que o Geninho recuperou e que a torcida atleticana pode esperar muito dele. Com pequenos ajustes, acho que é time para ser campeão paranaense.

Paraná-Online: O Atlético priorizará alguma competição?

Malucelli:
Não. Vamos a todas as competições para ficar entre os primeiros. No Paranaense é pra ser campeão, não vamos disputar para ser vice ou outro qualquer resultado. Nas competições nacionais, que são mais difíceis, o Atlético vai lutar para ficar entre os cinco primeiros no Brasileirão. Sul-Americana e Copa do Brasil tem que chegar, pelo menos, às semifinais.

Paraná-Online: O torcedor cobra reforços. Quais as dificuldades enfrentadas pelo clube para contratar?

Malucelli: Oferta de jogador tem a cada minuto. Sempre alguém está querendo colocar jogador no Atlético. O problema não é falta de jogador. O problema é falta de qualidade técnica de alguns jogadores que são oferecidos e também a remuneração. São pedidos salários altos e o Atlético vive dentro de um orçamento que é de clube que ainda não atingiu o patamar do eixo Rio-São Paulo. Então não podemos contratar no mesmo patamar deles.

Paraná-Online: É possível a chegada de mais reforços, jogadores com mais experiência e reconhecimento no mundo da bola?

Malucelli: Trazer por trazer já, fizemos isso no passado. Em 2008 terminamos o Brasileiro numa situação ruim e uma das causas é termos enchido o CT com jogadores que acabaram não sendo utilizados. Que passaram mais tempo no departamento médico. Então é prejuízo certo. Temos uma base e sempre soube que o clube deve manter a comissão técnica e a espinha dorsal do time para a temporada seguinte. Mantivemos isso. Então não temos que sair correndo atrás de jogadores. Temos que tirar o excesso e preencher esses 30 lugares. Trouxemos dois (Lima e Jorge Preá) para o setor que tivemos mais problemas em 2008: o ataque. Traremos jogadores na medida do possível e desde que não comprometa o nosso orçamento. Trazer por trazer, não.

Paraná-Online: A cobrança da torcida por jogadores de “mais nome” existe porque no ano passado foi prometido vencer uma das quatro competições que o clube disputou e isso não aconteceu.

Malucelli: Jogadores de mais nome e qualidade chegando no elenco eu também quero. Agora me apresentem nomes de qualidade para um orçamento de clube de Curitiba. Temos ainda uma ou duas vagas para serem preenchidas. Aqueles torcedores que tiverem jogadores nessas condições podem nos apresentar, dar nome ou contato. O Atlético não é só o presidente e diretoria. É também a sua torcida e ela pode ajudar. Mas quero ver jogadores dentro da nossa realidade, com salários de Atlético Paranaense. Que venham para disputar um campeonato paranaense deficitário. Só vamos ter renda maior no Brasileiro.

Paraná-Online: O retorno de Moraci Sant’Anna é uma possibilidade?

Malucelli: Agora não mais. Dia 10 de dezembro telefonei para o Moraci, que me disse que não poderia recusar o convite do Zico para ser auxiliar no Uzbequistão. Salários em euros (…). Ele me recomendou a contratação do Ridênio como preparador e isso foi feito. Encerramos o assunto. Dia 5 (janeiro) o Moraci me ligou dizendo que a ida para o Uzbequistâo não havia dado certo e que estava à disposição. Mas aí já estávamos com o Ridênio efetivado e a preparação das férias pronta. O Moraci entendeu perfeitamente e se colocou novamente à disposição, caso precisássemos mais adiante.

Paraná-Online: O Paranaense servirá mesmo como laboratório para os jovens jogadores?

Malucelli: Isso mesmo. São cinco jogadores que o Geninho está contando (Renan, Douglas Maia, Pimba, Alex Sandro e Wallyson). Se trouxermos outros jogadores vão ocupar o espaço desses jovens, que devem ser utilizados exatamente no Campeonato Paranaense. Será como laboratório para saber até onde eles podem nos dar retorno para o Brasileiro. Se eles não conseguirem, não estiverem maduros, nós temos oportunidade e tempo suficientes para trazermos outros jogadores. Não em cima da hora, mas com tempo para entrarmos no Brasileiro com conjunto, para não fazermos experiências durante o torneio. Esse erro não podemos e não vamos repetir.