Malucelli afasta Arena da Copa de 2014

A realização de jogos da Copa do Mundo de 2014, na Arena da Baixada, está cada vez mais complicada. Pelo menos se depender do presidente do Atlético, Marcos Malucelli, que ontem praticamente jogou a toalha quanto à possibilidade de o clube conseguir adequar o estádio à exigências da Fifa. Em entrevista à rádio Transamérica, o dirigente afirmou que haverá Copa em Curitiba, mas que dificilmente ela será na Arena.

Ao justificar o desinteresse em ter a Arena como protagonista de uma das subsedes da Copa do Mundo, Marcos Malucelli argumentou que o Atlético pode ir à falência se ficar dois anos sem atuar em seu estádio – período estimado para as obras de adequação do Joaquim Américo ao caderno de encargos.

Allan Costa Pinto
Marcos Malucelli: “Poder público quer passar o ônus para nós.”

O dirigente se baseia em recente auditoria independente contratada pelo clube, que sinalizou que a receita do Atlético poderia cair drasticamente com seu afastamento do estádio para a realização das reformas.

“Está complicada a situação para que a Copa aconteça na Arena. O Mundial está programado, pois Curitiba foi escolhida como subsede, mas para o estádio atender o caderno de encargos da Fifa terá de cumprir exigências monstruosas, que elevam o custo da obra em quatro ou cinco vezes”, disse Malucelli.

O presidente atleticano avalia que o clube não perde nada se a Arena não for o estádio da Copa em Curitiba. Segundo disse, o Atlético consegue concluir a Arena, seguindo o projeto original, com mais R$ 30 milhões, enquanto que para prepará-la para a Copa são pelo menos R$ 150 milhões.

“Hoje o custo é de R$138 milhões, mas ele terá que ser atualizado. Saindo os impostos, acreditamos que o orçamento final estaria em cerca de R$ 150 milhões”, avalia Malucelli, reclamando do poder público. “Eles querem passar todo o ônus da construção para nós”, completou.

Segundo o dirigente, os governos municipal e estadual não deram garantias ao Atlético de nem onde o clube irá atuar enquanto a Arena estiver em reformas. “Vamos jogar onde? Nem isso o poder público nos assegurou”, disse.

Malucelli também lembrou o que aconteceu em 2005, quando o clube precisou disputar a final da Copa Libertadores no estádio do Coritiba, mas houve a recusa do rival.

“Na última vez que precisamos de um coirmão de Curitiba, nos foi negado o estádio. Isso poderá se repetir. Não recebi nenhuma manifestação de solidariedade no caso de termos que sair da Arena”, argumentou.

Questionado sobre a Associação de Sócios do Atlético (Assocap), criada durante a semana para tentar garantir a Copa no reduto rubro-negro, Marcos Malucelli foi enfático: ‘Os representantes dos sócios são apenas os conselheiros’.

Reação

Governo do Estado e Prefeitura de Curitiba, ao tomarem conhecimento das declarações de Malucelli, solicitaram que o dirigente atleticano confirme oficialmente o desinteresse pela adequação da Arena ao caderno de encargos da Fifa.

“O Marcos Malucelli, como autoridade máxima do clube, tinha esse compromisso conosco. Assinamos documentos em conjunto e estamos com pressa em resolver o assunto. Se ele não quer mais, que nos mande um ofício”, lamentou o gestor municipal para assuntos da Copa, Luiz de Carvalho.

De acordo com o secretário de Estado para a Copa 2014, Algaci Túlio, o governador Orlando Pessuti deve convocar Marcos Malucelli para uma reunião na próxima semana. “Respeitamos a posição do dirigente, mas precisamos de uma defin,ição para podermos continuar brigando por uma solução”, disse.

Com tal desfecho, se fortalece a necessidade de um plano B ou C para que Curitiba permaneça como subsede da Copa do Mundo 2014. Atualmente existem projetos para o Pinheirão e para a Vila Capanema.

Entre os estádios da capital, o único completamente descartado é o Couto Pereira, que pode vir a ser demolido caso Coxa e Tricolor aceitem construir a Arena Paratiba.