Mais de 250 mil celebram no Portão de Brandemburgo

Mais de 250 mil vozes comemoraram em Berlim ao som de “We Are The Champions” a conquista do tetracampeonato mundial pela Alemanha. A festa realizada na frente do histórico Portão de Brandemburgo foi a maior concentração de torcedores da capital, mas apenas parte de uma festa muito maior, que invadiu as ruas da cidade e a madrugada para comemorar o gol de Mario Götze, que despachou a Argentina e deu à equipe de Löw o título que todos esperavam há 24 anos.

A festa para a Nationalmannschaft começou no final da manhã, quando os primeiros espectadores foram às ruas de Berlim vestindo as camisetas da seleção e portando bandeiras vermelhas, amarelas e pretas. Perto do meio-dia, uma verdadeira maré de torcedores saía de todos os bairros da periferia em direção à Pariser Platz. Aos poucos, a Avenida 17 de Junho, que corta o Tiergarten, maior parque da capital, foi tomada pelos torcedores, que estavam otimistas, mas moderados.

Em um palco montado sob o telão no Portão de Brandemburgo, um locutor gritava periodicamente os nomes dos jogadores, para delírio da multidão. “Estamos muito otimistas para o jogo”, afirmou o advogado Hans Altmann, de 27 anos, que estava cercado de amigos, todos com camisas da seleção, rostos pintados e cervejas nas mãos. “Acho que desta vez o título não nos escapa. Estivemos em todas as últimas semifinais e agora chegou a nossa vez”, disse ele, sem perder a oportunidade de lembrar a vitória de 7 a 1 contra o Brasil nas semifinais.

Entre os milhares de alemães, alguns raros argentinos saíram às ruas com a camisa da equipe de Messi. Foi o caso de Rodolfo Lucero, contador argentino de 37 anos que está em visita familiar em Berlim. Ele não sofreu nenhum constrangimento. “Um alemão até me pintou o rosto”, contou, satisfeito. Outro argentino que assistiu ao jogo em Berlim foi o universitário em intercâmbio Valentín Papp, estudante de Direito de 24 anos. “Decidi vir para Berlim porque a cidade em que vivo, com 5 mil habitantes, não tem nenhum outro argentino”, disse, ainda otimista: “A verdade é que o time da Alemanha joga como uma máquina e já nos bateu nas duas últimas quartas de final. Vai ser difícil, mas jogaremos com o coração. Tenho fé.”

DIFICULDADES – Com o início da partida, a esperança de que a Alemanha pudesse vencer com facilidade, como acontecera contra o Brasil, logo cedeu espaço à preocupação. A ansiedade aumentou quando Higuaín se viu frente a frente com o goleiro Neuer, mas chutou para fora. Sem conseguir se impor frente aos argentinos, a seleção alemã acabou calando os torcedores em Berlim, que só voltaram a comemorar quando o gol impedido de Higuaín foi anulado pelos juízes. Então o choque cedeu lugar ao alívio.

“Não estamos jogando mal, mas a verdade é que eu esperava a Alemanha melhor. Os argentinos foram mais perigosos nesse primeiro tempo”, disse a estudante Claudia Schmidt, de 24 anos. “Nasci em 1990 e não me lembro da Alemanha campeã. Passamos perto muitas vezes e tenho esperança de que essa seja definitiva”, disse ela. A expectativa de uma vitória no segundo tempo, porém, também não se concretizou.

No Portão de Brandemburgo, a multidão acompanhava a maior parte do jogo sem cantar, apenas esbravejando a cada lance de perigo de Messi. Quando o jogo foi para a prorrogação, Gunther Gross disse temer que o meia-atacante do Barcelona pudesse decidir nos últimos minutos. “A Argentina venceu vários jogos no final, contra o Irã e a Suíça, por exemplo. Eles são muito perigosos”, disse.

O alívio só veio com o gol de Götze, um dos xodós dos alemães, quando parte dos torcedores já se preparava para uma imprevisível decisão por pênaltis. Logo a seguir a comemoração deu lugar a minutos de angústia, quando os alemães seguraram o grito de campeão à espera do apito final.

Nos acréscimos, a falta marcada na intermediária, que levou Messi a assumir a cobrança, deixou os torcedores com as mãos na cabeça. O erro do melhor jogador do mundo foi a senha para o início da comemoração. “Não acredito! Vamos ser campeões do mundo!”, gritou um torcedor, agarrando-se a um repórter de TV. “Quatro vezes campeão!”, corrigiu um amigo, aos gritos.

No início da madrugada, uma queima de fogos de artifício tomou a região central de Berlim, mas grande parte dos torcedores já se espalhava pelas ruas da capital à procura de bares e pubs, onde continuariam a comemorar à espera da chegada dos campeões nesta terça-feira.