Lopes assume e mantém time de Vadão

Só pode ser um bom presságio para a torcida atleticana. Na data em que é comemorado o dia de Santo Antônio, o técnico Antônio Lopes, que é devoto do santo casamenteiro, foi apresentado à imprensa como o novo salvador. Vestido com agasalho de treino e chuteiras, o professor, que completou 66 anos na terça-feira, não perdeu tempo e já pôs a mão na massa em seu primeiro dia no clube.

O auxiliar técnico, Lopes Júnior (filho do delegado), também participou da movimentação. No contato inicial entre comissão técnica e jogadores, o grupo se fechou para uma conversa de aproximadamente 50 minutos para acertar os ponteiros.

Conhecido por ser um treinador trabalhador e ordeiro, Lopes tem poucos dias para tentar colocar ordem na casa, motivar seus atletas e devolver a auto-estima perdida nas últimas três derrotas na Arena.

Duas delas no Brasileirão e mais a eliminação da Copa do Brasil, diante do Fluminense. O Tricolor das Laranjeiras foi o último clube comandado pelo Delegado (2006), coincidentemente o próximo adversário do Furacão.

Como em 2005, Lopes assume o Atlético na 6.ª rodada do Brasileirão, em meio a uma crise e necessitando de vitórias.

Professor

Se a receita para melhorar o rendimento é muito treino e conversa, o torcedor pode acreditar numa reabilitação. Ontem, Antônio Lopes já esticou o horário de treinamento e conversou com a comissão técnica para se inteirar das ações que vinham sendo realizadas no clube. Mas como professor e protetor dos novos pupilos, Lopes adiantou que problemas de parte tática e técnica não são falados publicamente. ?Vocês (imprensa) nunca vão ver eu apontar defeitos dos jogadores ou culpados. A gente tem que trabalhar em cima dos erros. Já vi tape editado dos últimos jogos e vimos erros e acertos que a equipe cometeu?, afirmou.

A partir dos erros detectados é que os jogadores são orientados e estimulados quando fazem um bom trabalho. Essa é a sistemática adotada pelo delegado que fez questão de ressaltar que a princípio, o trabalho desenvolvido por Vadão terá continuidade. Entende-se por essa declaração que o time que entrou jogando contra o Goiás, no último domingo, deverá ser mantido. Mas o esquema tático e a disposição dos jogadores em campo deverá ser a surpresa preparada por Lopes para o próximo adversário.

Delegado convoca a galera

Com a estréia de um novo comando na equipe rubro-negra espera-se um clima mais amistoso na Arena neste domingo, com o torcedor voltando a apoiar o time. Entretanto, diante das últimas apresentações, Antônio Lopes, com muita simplicidade, passou a receita para acabar com a animosidade entre torcida e jogadores. ?É jogar bem. Uma boa atuação, com o jogador se aplicando, correndo e lutando. A torcida do Atlético gosta disso. Ela não se importa muito que o jogador erre tecnicamente. A torcida quer ver time vibrante e aguerrido. Se fizer isso a torcida vai apoiar?, explicou.

O treinador, demonstrando confiança em seu grupo de trabalho, aproveitou a oportunidade em sua primeira entrevista coletiva para convocar o torcedor atleticano para o compromisso diante do Fluminense e lembrou que a torcida foi muito importante em 2005, na campanha vitoriosa da Libertadores. ?Devemos muito à torcida. Algumas partidas na Baixada, quando saímos perdendo e depois revertemos o placar, foi graças ao comportamento da nossa torcida. Os torcedores são muito importantes pra gente. Ajudam a ganhar jogo. Aliás, a torcida atleticana é uma das poucas do futebol brasileiro que ajuda a ganhar jogo?, finalizou.

Retrospecto de Lopes no Atlético é bom

Antônio Lopes teve duas passagens pelo Furacão e não foi demitido em nenhuma delas. Em 2000 deixou o clube para assumir a função de coordenador técnico na Seleção Brasileira. Cinco anos depois, trocou o Atlético por uma proposta irrecusável do Corinthians, paga pelo fundo de investimento MSI. Apesar do escândalo da arbitragem, que denegriu a imagem do futebol nacional em 2005, Lopes foi campeão brasileiro pelo Timão.

Nas duas vezes que treinou o Atlético, o Delegado comandou o time em 38 jogos oficiais e mais dois amistosos. Foram 17 vitórias, 11 empates e 12 derrotas – um aproveitamento de 54,3%. Na sua melhor passagem, em 2005, Lopes obteve no Brasileirão resultados que agradaram a torcida rubro-negra e que remetem a um futuro, ao menos, promissor. Naquele ano, sob a batuta do Delegado, o Atlético não perdeu nenhum jogo na Arena e ainda aplicou a maior goleada do time em Brasileiros – 7 a 2 contra o Vasco, em 27 de julho.

Para melhorar ainda mais seu currículo no Rubro-Negro falta conquistar um título e estrear com o pé direito. Em 2000 foi derrotado pelo Guarani (1 a 0), na Arena, e em 2005 também perdeu para o Botafogo (2 a 0), no Rio de Janeiro.

Lopes em números

Em 2000, o Delegado comandou nove jogos oficiais do Furacão pela Copa João Havelange. Foram 4 vitórias,  dois empates e três derrotas, duas delas na Arena. Em sua estréia foi derrotado pelo Guarani (1 a 0) e na despedida perdeu para o Inter, no mata-mata (2 a 1).

No Brasileirão 2005, foram 23 jogos: ganhou nove, empatou seis e perdeu oito. Assumiu o Atlético quando o time iniciava a disputa das quartas-de-final da Libertadores e chegou à final. Conquistou três vitórias, dois empates e uma derrota A maior derrota sofrida pelo Furacão sob o comando de Antônio Lopes foi fora de casa – 4 a 0 para o São Paulo, no Morumbi, durante a final da Copa Libertadores. Na Arena perdeu duas vezes apenas e o placar mais elástico foi de 2 a 1 para o Inter.

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