Justiça argentina intervém na AFA e realiza investigações

A Justiça argentina interveio nesta sexta-feira na Associação de Futebol Argentino (AFA), para investigar em especial o programa Fútbol para Todos, pelo qual o governo estatizou as transmissões de partidas locais em 2009. Três auditores fiscalizarão por que o dinheiro que o governo se comprometeu a repassar aos clubes não chegou ao valor prometido.

A medida foi tomada pela juíza federal María Servini de Cubría, a partir de denúncia da deputada Graciela Ocaña, opositora do governo de Cristina Kirchner. “A AFA foi usada para lavar dinheiro. É preciso investigar porque há fatos de corrupção”, acusou Ocaña em um canal de TV local.

A decisão aparece em meio ao escândalo de corrupção envolvendo a AFA e o futebol internacional. No último domingo, uma série de escutas indicou irregularidades na condução da AFA por Julio Grondona, morto no ano passado.

Ocaña segue a linha de uma investigação da Auditoria Geral do país, que acusa a AFA de aumentar o orçamento do programa sem controlar o destino do dinheiro. Há denúncias de clubes que dizem não ter recebido a parte que lhes cabia. Até o início do programa, as transmissões eram concedidas a uma sociedade da qual faz parte o Grupo Clarín, com o qual o governo mantém uma disputa jurídica em razão da Lei de Mídia, que pretende desmembrar a empresa.

Conforme Leandro Despouy, titular da Auditoria Geral, o Fútbol para Todos não prestou conta de 179 milhões de pesos (R$ 61 milhões) gastos entre 2009 e 2012. “Democratizou o futebol, pois todos podemos ver todos os jogos locais, mas a um custo muito alto”, afirmou ao canal TN.

Estão envolvidos na investigação dois ex-chefes de gabinete da presidência, Juan Manuel Abal Medina e Jorge Capitanich, e o atual, Aníbal Fernández, que se defendeu dizendo não haver irregularidades. À parte da função pública, ele preside o clube de futebol Quilmes. Em meio às transmissões do futebol argentino, são anunciadas inaugurações de obras, promovidas campanhas governamentais e exaltados os programas de subsídios mantidos pelo governo. A única publicidade empresarial é a de uma companhia de caminhões que em troca cede veículos ao governo.

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