Jogar em casa nem sempre é negócio

O famoso "fator campo" já não é mais tão vantajoso como antigamente. Nos últimos anos, o campeonato brasileiro vem registrando uma redução gradual no índice de vitórias dos mandantes, tendência que culmina com a quebra de uma barreira na atual edição. Pela primeira vez neste século, os triunfos dos times da casa representam menos da metade do total de jogos.

Até agora, 48% das partidas do Brasileirão-2005 foram vencidas pela equipe anfitriã. Os visitantes levaram os três pontos em 29% dos duelos e nos outros 23% houve empate. Nos últimos seis anos, o menor índice de vitórias "caseiras" foi registrado em 2000 e em 2001 – 51%. Da mesma forma, o percentual de triunfos dos visitantes em 2005 é o maior do século, batendo a marca de 2001, que era de 26%.

Os números mostram também o rareamento dos empates. Desde 2003, com a implantação do sistema de pontos corridos, nunca houve índice tão baixo de igualdades.

Vale lembrar que em 2005 passou a vigorar a regra de portões fechados como punição para clubes que perdem mando de campo. Mas o número de jogos sem público (nove) é pouco significativo em relação ao total (220).

O maior exemplo local dessa tendência de equilíbrio entre atuar em casa ou fora é o Paraná Clube. O tricolor ostenta campanha idêntica nos jogos como mandante e como visitante: cinco vitórias, três empates e duas derrotas. Os números só refletem o desempenho prático da equipe, que apresenta postura semelhante em qualquer estádio. A confiança nesta constância foi tamanha que a diretoria sentiu-se à vontade para transferir quatro jogos para Maringá, onde o time atua contra a torcida local.

Para o técnico paranista, Lori Sandri, um dos motivos da perda da importância do fator campo é a maior supervisão sobre as arbitragens – que tradicionalmente tendem para os times da casa. "Todos os jogos são transmitidos pela TV. Os árbitros estão mais cuidadosos", acredita. O bom estado da maior parte dos gramados usados na Série A – fato que favorece equipes mais técnicas – e uma cobrança excessiva das torcidas, enervando quem joga em seu estádio, também contribuem para esses índices, na opinião do treinador.

É exatamente o desempenho em território inimigo que faz o tricolor se sobressair em relação aos rivais. Em casa, Atlético e Coritiba conquistaram 17 pontos cada – só um a menos que o Paraná. O Coxa tem campanha razoável longe do Couto Pereira (três vitórias, três empates e quatro derrotas), que o deixa em posição intermediária na tabela. Já o rubro-negro, fora da Arena, ganhou somente 5 pontos (uma vitória sobre o Atlético-MG, empates diante de Palmeiras e Flamengo e derrotas nos outros sete jogos) e por isso flerta com a zona de rebaixamento.

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