Crise

Jogadores do Paraná revelam situação precária

Até parecia Sessão da Tarde, com aquele filme já visto inúmeras vezes. Os personagens eram outros, mas o roteiro não apresentava novidade alguma. O Paraná Clube, mais uma vez, ficou exposto por causa de salários atrasados. Não houve paralisação ou ameaça de greve. Em nota oficial, os atletas do Tricolor confirmaram dois meses de atraso, além de dívidas relativas a premiações e a vencimentos do ano passado, de atletas e funcionários remanescentes.

Os já manjados problemas financeiros têm deixado o Paraná Clube de “saia justa” há pelo menos quatro anos. Um quadro que o presidente Rubens Bohlen havia prometido exorcizar. Após nove meses de gestão, a atual diretoria passa a vivenciar situação parecida com a dos antecessores Aurival Correia e Aquilino Romani. Durante todo o dia de ontem circulavam informações sobre um manifesto dos atletas. A nota informativa acabou divulgada por volta das 16h.

Neste momento, o 2.º vice-presidente, Luiz Carlos Casagrande já respondia, em coletiva, a questionamentos sobre atrasos salariais. “Devemos dois meses e não há o que esconder. A diretoria está trabalhando na busca por recursos, mas no momento não posso prometer nada”, disse o dirigente. Casinha foi “destacado” para conversar com os atletas, já que o presidente Rubens Bohlen e o superintendente Celso Bittencourt estavam no Rio de Janeiro, tratando exatamente do futuro financeiro do Paraná.

Casinha, no entanto, questionou alguns pontos da nota assinada pelos 30 atletas que integram o elenco profissional do Paraná. “Vocês viram. Hoje, havia quatro funcionários trabalhando no campo de treino. Também não vejo relação entre a saída do Ricardinho e esses atrasos salariais”, disse. Para os atletas, o grupo tem encontrado dificuldades estruturais para treinamentos, com problemas no campo do Boqueirão e a ausência de funcionários no setor de limpeza e serviços gerais.

Na prática, o rombo financeiro se tornou mais visível nos últimos quatro anos. Em 2008, em seu retorno para a Série B o Paraná gastou muito dinheiro para montar e remontar o time, a fim de evitar a queda para a Série C. No ano seguinte, começaram os primeiros rumores de greve. A crise mais série, porém, veio em 2010. O Tricolor contava com um time competitivo e atingiu a liderança da Série B. Mas os salários atrasados minaram todo o trabalho do técnico Marcelo Oliveira. Durante a paralisação da Copa do Mundo, veio o racha. No final da temporada, os jogadores chegaram a invadir a sala da presidência para receber. O vexame parece não ter servido de lição.