Jogadas aéreas, o tema da semana do Atlético

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Fernandinho foi destaque contra o Grêmio.

A semana atleticana poderia ter começado muito melhor. Se o provável tivesse acontecido, hoje o Furacão estaria com 84 pontos, quatro a mais que o vice-líder Santos e muito, mas muito perto da conquista do bicampeonato.

Entretanto, o rebaixado Grêmio quis se despedir da primeira divisão com honra e colocou água no chope atleticano. Em dois minutos, empatou um jogo no qual a vitória atleticana parecia certa.

Por isso, o empate em 3 a 3 em Erechim foi considerado um resultado negativo. Com o empate do Santos, se houvesse confirmado mais três pontos, o Atlético poderia abrir sete em caso de vitória contra o São Caetano no próximo domingo, combinado a uma derrota santista. Tudo bem que o rubro-negro dependeria do resultado adverso do Peixe para confirmar o título antecipadamente.

Entretanto, após quatro vitórias consecutivas, o Atlético teve que engolir a seco um empate, que mexeu com os humores dos jogadores. "A maioria não quis falar logo após o jogo porque estava de cabeça quente. Melhor é esperar a poeira baixar. Menos mal que o Santos também empatou e nos mantivemos na liderança", diz, aliviado, o ala-direito Fernandinho, um dos poucos jogadores que atenderam ao celular ontem, dia de folga do grupo.

De fato, Fernandinho tem razão. Mais uma vez, o Atlético confirmou que a sorte parece estar jogando junto com o grupo. Pode até parecer um paradoxo, já que o time estava ganhando por 3 a 0 no domingo e cedeu o empate, já nos descontos. Mas não há como negar que o revés poderia ser bem maior. Se o Santos tivesse batido o Paysandu, outro time que briga para escapar do rebaixamento, teria reassumido a liderança com o resultado do rubro-negro. "Ficamos muito tristes com o empate inesperado, mas ao menos ainda dependemos só de nós para sermos campeões", diz Fernando.

A grande questão é saber como o "susto" vai agir sobre o elenco. Por um lado, ele pode servir como alerta de que a concentração, em cada jogo, deve durar os noventa minutos – mais os acréscimos do árbitro. Esta é a vertente mais provável. O cuidado, porém, será usar a semana para trabalhar o astral dos jogadores, especialmente do sistema defensivo, já que mais uma vez as falhas do setor decretaram o revés do time. Domingo, os gols de Baloy e Cláudio Pitbull vieram justamente "pelo ar". Coincidência ou não, quando os gols saíram, fazia pouco tempo que o técnico Levir Culpi havia substituído Fabiano por Pingo e Marinho por Igor. Para completar, Denis Marques, que estava prendendo a zaga adversária, saiu para dar lugar a William – foi num lance do zagueiro Baloy que veio o segundo gol, o primeiro dele no Brasileirão.

No entanto, como águas passadas não movem moinho, o técnico Levir Culpi recomeça a semana prometendo, mais uma vez, treinar defensivamente jogadas aéreas, o que já foi feito na semana passada. Com a zaga completa, a baixa defensiva é o volante Fabiano, que tomou o terceiro cartão amarelo e está fora do compromisso de domingo, contra o São Caetano.

Fernandinho, um grande destaque

O susto pelo empate contra o Grêmio, no domingo à noite, acabou tirando os holofotes do grande destaque da partida: Fernandinho. Aliás, por que não dizer?, dos últimos jogos do Furacão. Apesar de continuar defendendo a sua posição de meio-campista, ele não nega que está tendo um bom aproveitamento como ala-direito. No jogo contra o Grêmio, foram dois gols – e mais um de cabeça, que já está virando rotina.

"Estou tendo liberdade para jogar. Com o esquema de três zagueiros, quando estamos com a bola tenho a cobertura e posso cair mais pela meia-direita e apoiar o ataque", explica com propriedade. De fato, é comum vê-lo tabelando com Denis Marques, Washington e Jádson nas jogadas ofensivas da equipe. "Se fizermos uma análise do esquema de jogo, não faço muitas jogadas de linha de fundo, o que é uma característica forte de um autêntico lateral. Tudo flui melhor quando caio pelo meio-de-campo."

Na nova função, já foram nove gols. E curiosamente, alguns deles foram marcados justamente de cabeça, o que é algo diferenciado para um jogador que não é alto: ele tem 1,75m de altura. Talvez por não despertar muita atenção, ele tem conseguido surpreender as defesas adversárias. Mas Fernandinho tem outra explicação: treinamento. "É natural que os adversários marquem os jogadores mais altos e que tem no cabeceio uma característica forte, como o Washington, por exemplo. Eu me sobressaio aparecendo como um elemento surpresa, graças ao bom posicionamento que tenho tido", comemora.

Solidário, Fernandinho agradece a boa fase não apenas aos treinos de posicionamento, mas em especial a um companheiro de equipe que o acompanha desde a época de juniores: o meia Jádson. Considerado o "rei das assistências" do elenco atleticano – é o garçom do time – o meia tem mostrado uma boa sintonia com Fernandinho, o que facilita a jogada fatal. "Se as jogadas forem analisadas, a maioria das vezes em que fiz gol, especialmente de cabeça, a bola saiu dos pés do Jádson. Ele tem sido muito importante para o meu desempenho."

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