Japoneses tomaram conta de Londrina na década de 90

Uma das mais emblemáticas e massivas presenças de estrangeiros no futebol estadual ocorreu na década de 90, quando os japoneses dominaram diversos campos do interior. Nessa época, impulsionados pela expectativa da Copa do Mundo em seu país, em 2002, centenas de jovens pagavam pra vir ao Paraná aprender as artimanhas da bola.

A primeira equipe do estado a ensinar futebol aos japoneses foi o Matsubara, de Cambará, ainda em 1982. Percebendo um mercado em ascensão, em 1993 a equipe do Hyogo Futebol Clube, de Londrina, foi criada para receber jovens de olhos puxados que pretendiam realizar intercâmbio no Brasil. Outro clube londrinense a nascer para treinar nipônicos foi o Nichika, iniciativa de uma empresa imobiliária de Tóquio e ex-jogadores paranaenses. Um dos últimos clubes da região a realizar tal trabalho foi o PSTC.

Na invasão aos gramados paranaenses pra aprender futebol, os japoneses deixaram características peculiares. “Embora percam pros brasileiros na qualidade, eram mais profissionais em horário, dedicação, responsabilidade e tática”, conta o treinador Gilberto Papagaio, que por três anos trabalhou em aprimorar o futebol no Nichika. Outra marca registrada era o visual, marcado por cabelos extremamente coloridos e roupas que seguiam o mesmo padrão. “Na realidade, lá é comum. Mas na época achavam que eles eram loucos”, brinca o Papagaio, que trabalhou com mais de cinquenta “estagiários” vindos do Japão.

Destino

Dois foram os caminhos dos japoneses que vieram aprender a jogar futebol no Paraná. Uma das histórias de sucesso foi a do meia-esquerda Takanori Nunobe, ex-Hyogo, contratado pelo Yomiuri Verdy (atual Tokyo Verdy) na década de 90, passando por equipes de seu país como Jubilo Iwata e Vissel Kobe. Por outro lado, muitos não conseguiram dar sequência na carreira. É o caso de Eiji Kumon, que, para se manter no futebol, acabou se tornando interprete do treinador Nelsinho Baptista no Kashiwa Reysol.