Humilhado, Coritiba volta ao Brasil com incertezas

São Paulo – Conversas e mais conversas. Se fosse possível resumir o que aconteceu na quarta-feira do Coritiba, a frase seria perfeita.

Na verdade, a única imperfeição seria no tempo: na verdade, as conversas entre dirigentes, comissão técnica e jogadores varou a noite de terça, e seguiu por todo o dia, até a chegada em Curitiba, no final da noite de ontem. Agora, com o jogo contra o Malutrom próximo (sábado, às 16h, no Couto Pereira) e a partida contra o Olimpia na próxima terça, é hora de juntar os cacos da goleada sofrida na estréia da Libertadores: um significativo 4×1 imposto pelo Sporting Cristal, anteontem, em Lima.

Os jogadores estavam “tontos”. “Não temos muito o que falar. Perdemos, não fizemos uma boa atuação, e o resultado acabou sendo forte”, tentou explicar o lateral Ricardo. A incrível queda de produção após o gol de empate dos peruanos não teve justificativa – o próprio técnico Antônio Lopes disse que o problema da derrota foi o excesso de erros individuais, personificados na expulsão de Roberto Brum, que desestabilizou de vez o time.

Apenas uma voz se impôs na desilusão alviverde. Com o desassombro que lhe é peculiar, o capitão Reginaldo Nascimento deixou claro que faltou vontade. “A gente não pode ficar pensando que isso aqui é mais uma competição. Lutamos muito para chegar na Libertadores e ficamos devendo em muita coisa”, afirmou. A mesma imagem foi usada pelo vice-presidente Domingos Moro. “É complicado chegar em um lugar que foi conquistado de forma tão sofrida e ver o time sem força para vencer”.

Nascimento foi mais longe, e demonstrou preocupação quanto ao futuro do Cori. “Em uma hora dessas, é natural que se coloque muita coisa em dúvida. Mas precisamos arrumar a casa, e logo. A Libertadores não dá muito tempo para a recuperação”, refletiu. O abatimento aumenta quando se percebe que o Sporting Cristal não é um time de qualidades evidentes. “O duro é ver perder o jogo para um time que não é tudo isso”, comentou um jogador coxa.

Para Antônio Lopes, não há motivo para desespero. “A gente ainda tem opções aparecendo, alguns jogadores devem estrear nos próximos jogos”, afirmou o treinador coxa, mesmo que o rendimento do time não tenha sido dos melhores neste início de temporada – duas vitórias, dois empates e duas derrotas, com sete gols marcados e nove sofridos. Para completar, os resultados positivos foram com os piores times da Chave Sul do campeonato paranaense (Paraná Clube e Prudentópolis).

Só que a diretoria parece não pensar mais assim. As “minirreuniões” de todo o dia indicam mudanças, pelo menos na conduta. Até mesmo a possível reintegração de Reginaldo Araújo foi comentada, apesar de haver uma negociação em andamento com o Flamengo. Também se especula uma nova troca de jogadores no time titular (ver matéria abaixo), e não seria surpresa a própria dispensa de jogadores – apesar das possibilidades de isso acontecer serem remotas, porque ela teria que ?ceifar? os que não foram inscritos na Libertadores.

Vergonha

Chegou-se até a comemorar o fato de o jogo ser transmitido para mais de setenta países pela TV a cabo. Mas a transmissão em espanhol, que foi para a maioria destes países, desancou o Coxa. Ao final do jogo, os comentaristas da Fox Sports afirmaram que a partida parecia “um encontro de profissionais contra amadores”, e que “o Coritiba é o que se viu de pior nos times brasileiros nos últimos anos da Libertadores”.

Mudanças urgentes para o próximo jogo

São Paulo

– “Mas você não acha que essa goleada pode prejudicar o seu caminho no Coritiba?”. Quando ouviu a pergunta, o zagueiro Miranda mostrou todo o abatimento possível, somando a ele um ar de resignação. Apesar de ter sido um dos poucos destaques do Coxa na partida de terça contra o Sporting Cristal, ele sabe que pode ser sacrificado. Como o próprio Miranda disse, “em defesa que toma quatro gols alguma coisa tem que acontecer”.

O zagueiro, de apenas 19 anos, tem consciência que dificilmente sairia do time, apesar de em alguns momentos ter errado, e chegado a cometer um pênalti não marcado pelo árbitro venezuelano Gustavo Brand. Na grande parte do jogo, Miranda mostrou tranqüilidade, segurança nas jogadas de velocidade de Bonnet e Orejuela, e um bom rendimento no passe. Ao seu lado, o uruguaio Esmerode (um dos jogadores “apadrinhados” de Juan Figger) apresentou falta de ritmo e lentidão, além de ter falhado grosseiramente no quarto gol dos peruanos.

Mesmo assim, Miranda está preocupado – tanto que ele ficou muito abatido quando ouviu a pergunta que abre esta matéria. “Eu estou com a minha consciência tranqüila. Mas entendo que o professor Lopes pode fazer alguma coisa. Se eu sair, tudo bem”, resumiu. Só que isso seria praticamente uma “execração pública”, o que pode acontecer, na verdade, com qualquer jogador que for sacado pelo técnico Antônio Lopes.

Mas, por enquanto, Miranda não precisa se preocupar. Na avaliação da comissão técnica, ele e os jovens da equipe (Laércio e Ricardo, mesmo com o último sendo substituído) cumpriram seus papéis. “Foram os meninos que tomaram conta do time”, disse um membro da comissão. Dessa informação se retira que está mantido o prestígio do zagueiro com Lopes. Até porque o treinador elogiou muito o jogador antes da partida. “Ele é um ótimo zagueiro, tem velocidade, bom passe e presença nas bolas altas. Estou apostando neste garoto”, garantiu o treinador coxa.

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