História de uma equipe campeã

Há cerca de três anos, um convite, com ?cara? de desafio, transformou a vida do professor de educação física Ruy José Girardello e de Paula Korn Senko, que hoje tem 13 anos. Assim como de toda a equipe do Colégio Estadual Senador Manoel Alencar Guimarães.

Era o mês de setembro de 2002, e o diretor da escola, Rogério Riva, convidara o amigo Ruy a utilizar as horas de folga do seu mestrado para desenvolver um trabalho junto às alunas e ocupar a recém-inaugurada quadra coberta do estabelecimento de ensino que comandava.

Girardello aceitou o convite, e foi à luta. O início poderia se transformar rapidamente numa decepção. Afinal, eram apenas cinco garotas que aceitaram o convite de treinar handebol e uma das cinco era Paula.

Aos poucos, no entanto, a situação foi melhorando. Ruy foi conquistando, através da seriedade de seu trabalho, novas alunas atletas, os pais foram reconhecendo a importância do projeto e se aliando a ele e o sucesso foi aparecendo.

"Sem muitos objetivos, mas com muitas idéias e sonhos, aos poucos o número de participantes foi aumentando, tornando possível um planejamento a médio e longo prazos, no qual se encontrava prioritariamente a conquista de um título escolar paranaense e participar num brasileiro", revela Ruy, completando: "O sonho surgiu em função do talento que já era possível ser visualizado".

As primeiras participações foram desoladoras. Derrotas humilhantes e desanimadoras funcionaram de forma diversa para Girardello e sua equipe. Hoje eles lembram desse começo de uma forma motivadora. E o segredo parece ser justamente este, pois o grupo como um todo se transformou. "Nossa marca registrada é a alegria. Isso foi assim desde o início, mesmo quando perdíamos por 40 a 0", conta Paula.

Levou aproximadamente um ano até a primeira vitória, e mais um ano até primeiro título. "Todas as etapas foram planejadas de forma que o resultado veio no momento esperado", conta Ruy. E o que era apenas um convite, se transformou numa grande conquista. Poucas são as escolas públicas que conquistam títulos no Estado, na modalidade de handebol, onde o Paraná é destaque no cenário nacional.

E a base é um espelho desse destaque no âmbito profissional. Afinal, participaram de todas as fases dos Jogos Escolares do Paraná (Jocops) cerca de trezentas equipes. Para alcançar a fase final, o Cesmag enfrentou as forças tradicionais, como Exponte, Sion, Paranaense, Santa Maria, Bom Jesus, culminando com uma incrível final contra o Dom Bosco. "Vale ressaltar que todas essas instituições de ensino têm tradição no handebol e investem no desporto de competição", pondera Girardello.

Na fase final, eram 16 equipes – campeãs de cada região -,  e a campanha também se deu de forma invicta. O Cesmag venceu as mais fortes equipes do Estado vindas do interior e apoiadas pelas prefeituras, as quais participam da Liga Paranaense.

"Foram marcantes as vitórias sobre Iporã (até então a campeã estadual da liga) e contra Floraí (atual campeã escolar)", fala com orgulho o professor treinador.

O grupo

Participaram da campanha vitoriosa Ailen Candurra, Desirè Lemasson, Ana Paula Bialli, Roberta de Moraes, Paula Senko, Ketlyn Bahr, Isadora Alves, Beatriz Silva, Dayane Danilow, Jessica Danilow, Maíra Felipin, Naian Caetano, Nicolle Girardello e Sara da Silva.

Depois desta conquista, o grupo sofreu pequenas modificações. E nesta terça-feira, este grupo renovado, juntamente com as atletas da categoria sub-12, embarcam para Goioerê, no Noroeste do Estado. Lá elas participarão do Campeonato Paranaense Sub-14, e também do Sub-12, eventos realizados pela Liga de Handebol do Paraná. "É o verdadeiro campeonato paranaense de clubes", explicou Ruy Girardello.

Emoção e alegria nas finais

Foi com muita emoção que aproximadamente 60 pessoas, entre pais e amigos, se acomodaram no ginásio do Tarumã em um frio e chuvoso domingo, às 7h30 da manhã, para ver o que poucos acreditavam: uma escola pública de Curitiba derrotar uma forte e tradicional equipe do interior. A fria manhã de domingo acabou sendo aquecida pelo entusiasmo dos presentes que apoiaram e vibraram a cada gol até o apito final.

Neste momento ficou consolidado um projeto, um sonho, que transformou uma simples recreação de um professsor e cinco meninas, em uma estrutura que envolve 6 escolas públicas, 17 acadêmicos de educação física voluntários e aproximadamente 400 crianças treinando handebol e vivendo o mesmo sonho.

Deve-se ressaltar que a realidade foi tão dura quanto parece, pois sem a iniciativa e o apoio dos pais em realizar eventos beneficientes, levantar recursos e fazendo o pouco do investimento próprio disponível, nada disso teria sido possível. Os custos de viagem, taxas e materiais são altos, e parcerias como a feita com a Faculdade Dom Bosco facilitaram o trabalho.

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