Guera do “13” é pré-eleitoral

O Clube dos 13 está definitivamente rachado. E o Coritiba é protagonista do imbróglio por causa da posição do presidente Giovani Gionédis, que foi acusado pelo vice-presidente do Cruzeiro Zezé Perrela de ?trair? o movimento liderado pelos mineiros e por São Paulo, Flamengo e Atlético. O comandante coxa, na resposta, partiu para o ataque.

Perrela, após a reunião de quarta – que terminou com o racha da entidade -, foi para cima de Gionédis. "Depois de votar duas vezes com o nosso grupo, o presidente do Coritiba mudou de idéia. Ele teve uma atitude venal. Foi uma trairagem, uma canalhice", afirmou o dirigente do Cruzeiro, em entrevista aos correspondentes cariocas das rádios de Curitiba.

Em entrevista à rádio Transamérica, Gionédis retrucou. "Eu defendo os interesses do Coritiba, não os interesses escusos de Cruzeiro, Flamengo e São Paulo", disse o presidente, que depois definiu o termo ?escusos?. "Eles só pensam nos próprios benefícios, não querem saber de um equilíbrio de forças", afirmou, para depois criticar Zezé Perrela. "Esse senhor, que não tem coragem de usar o próprio nome, não pode falar nada. Eu nunca fui processado por ter um patrimônio incompatível com os próprios vencimentos", atirou.

Segundo o presidente coxa, o voto foi favorável à proposta que mais se aproximava da idéia do clube. "O acordo aprovado foi aquele mais semelhante ao do Coritiba, que manifestou claramente sua posição", disse Gionédis. "Nós tivemos um aumento substancial da nossa verba, e conseguimos um valor que se encaixava no nosso orçamento", explicou.

Para ele, o problema é político. "Eles estão misturando a eleição que está marcada para segunda com o acordo com a Rede Globo. Não podemos viver sem a verba da TV. Só que o São Paulo quer lançar o (diretor de futebol) Juvenal Juvêncio para presidente e fizeram esta confusão. É politicagem", afirmou o presidente, que negou ser candidato a vice-presidente na chapa de Carlos Augusto Montenegro.

Tanto que a aposta coxa é que o racha termina na segunda. "Passou a eleição, todo mundo volta ao normal. E podem ter certeza que vão assinar o contrato com a Globo. O Vitória já assinou, o Corinthians vai fazer isso logo, e o Atlético assina até o dia 15, data pedida pela TV para que façamos a entrega dos contratos", promete o presidente.

Ele não quis comentar a posição do Atlético, que está entre os dissidentes. "Eles não apresentaram uma proposta oficial, mas acho que o Mário (Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo) está certo em defender o melhor para o Atlético. Sou amigo dele, ele é como se fosse meu irmão, e está fazendo a parte dele", disse Gionédis.

Miranda com um pé atrás

"A situação, hoje, é muito ruim". Desta forma o presidente José Carlos de Miranda resumiu a condição do Paraná Clube ante o impasse envolvendo o Clube dos 13. Sem cota definida, o Tricolor terá que trabalhar, como em anos anteriores, com estimativas. "Nos passaram que haveria um aumento médio de 30%, mas isso é oficioso", comentou José Domingos. Contrários à política do Clube dos 13, os dirigentes tricolores não confirmaram que o clube aderiria à nova associação.

"Ouvimos comentários, mas tudo está muito superficial. Se houver uma nova entidade, precisamos primeiro conhecer seus propósitos para então expor a situação ao restante da diretoria", explicou Miranda, que não vai incorrer em erros do passado.

"Tivemos, há alguns anos, a possibilidade de entrar no Clube dos 13, mas optamos por outro caminho e acabamos isolados", lembrou o presidente paranista. Isso ocorreu na gestão de Ernani Buchman, quando o Paraná associou-se à Abracef, então comandada por Mário Celso Petraglia e Paulo Carneiro, presidentes de Atlético-PR e Vitória, hoje dissidentes do Clube dos 13.

De concreto, o Paraná sabe apenas que o valor destinado às agremiações que não integram o Clube dos 13 será dividido por um número maior de participantes. A menos de Criciúma e Paysandu não consigam escapar do descenso. Em 2004, sete clubes formavam o grupo "menor" na divisão das cotas. Com a ascensão do Brasiliense, este número sobe para oito, sendo que Avaí e Fortaleza ainda brigam pela última vaga. "Não sei se teremos uma nova união. Só sei que devemos ficar no lado que for mais democrático", disse Miranda.

Dissidentes buscam aliados. Timão e Galo estão na mira

São Paulo – Os clubes que deixaram o Clube dos 13 vão fazer uma reunião, ainda sem data marcada, para decidir o futuro. A tendência é criar uma nova entidade para representá-los junto à Rede Globo nos próximos contratos. Apesar do racha, o Brasileiro não corre risco, pois o acordo para 2005 continua valendo.

"Havíamos marcado uma reunião para terça-feira, no Rio, mas o presidente do Flamengo está com um pequeno problema de saúde e adiamos", revelou Marcelo Portugal Gouvêa, presidente do São Paulo, o primeiro clube a deixar a entidade. Foi seguido por Flamengo, Fluminense, Botafogo, Cruzeiro, Atlético-PR e Vitória.

A idéia é buscar novas adesões. "Cada um dos clubes vai buscar os que têm maior identidade. Queremos uma reunião forte" contou Gouvêa. Corinthians e Atlético-MG são os alvos preferenciais dos dissidentes. A adesão do Galo é mais provável. O Corinthians, que foi representado por Carlos Roberto de Mello, vice financeiro, na reunião de quarta, seguirá o que o empresário iraniano Kia Joorabchian, dono da MSI, decidir.

A intenção de Kia é negociar separadamente. Com muito dinheiro para investir e apoiado na segunda maior torcida do Brasil, ele entende que não precisa de outros clubes para negociar. E só vai pensar nisso no ano que vem.

Bate-boca

O presidente do Vasco, Eurico Miranda, condenou a atitude dos presidentes do Flamengo, Márcio Braga, do Fluminense, David Fischel, e do Botafogo, Bebeto de Freitas, por abandonar o Clube dos 13.

O vascaíno não aceitou o argumento apresentado de que a entidade agiu de maneira autoritária para assegurar uma cota maior ao Santos. "Nunca vi chamar de antidemocrático o fato de uma situação ser submetida a uma votação. Como eles vêm dizer que a votação não foi democrática? Que foi dito isto e aquilo?", protestou Eurico. "Se a proposta foi aprovada por maioria, o que eles ainda estão discutindo? Como perderam, podem até falar, não discordar do processo."

Mesmo com as argumentações apresentadas pelo dirigente vascaíno, o presidente do Flamengo reafirmou o desligamento do Clube dos 13.

Bebeto de Freitas discorda do fato de o Santos ter sido beneficiado na nova divisão.

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