GP da Itália não comove nem a torcida da Ferrari

Não há exagero quando se diz que Monza é um templo do esporte a motor.

Monza, Itália – Além de ser o autódromo mais antigo em uso na F-1 (é de 1922; Indianápolis foi construída antes, mas o misto usado atualmente tem cinco anos), é também o mais rápido de todos, detendo recordes tanto para uma volta isolada quanto para uma corrida inteira, quando o parâmetro usado é a média de velocidade. Marcas que devem cair na corrida de domingo, a 15.ª etapa do mundial.

Mas nada disso – a história, a perspectiva de recordes, a briga apertada pelo título – anima o torcedor italiano. O público nos três dias em Monza, que começa com os treinos livres de hoje, não deve passar dos 100 mil pagantes. Foram 117 mil no ano passado, com o campeonato já decidido em favor de Michael Schumacher. E 160 mil em 2000, quando o alemão brigava pela taça.

Motivo? A fase da Ferrari. A equipe chega ao GP da Itália sem chances de vitória. "Só se chover", disse Schumacher ontem, mesmo sabendo que não precisará tirar seu cavalinho rampante do relento – a previsão é de tempo seco e quente durante todo o fim de semana. Declarações como essa foram afastando o público e gerando desinteresse dos fanáticos seguidores do time de Maranello. A ponto de os preços para os treinos de hoje terem sido fixados em 30 euros (R$ 90), para qualquer setor do autódromo. É uma forma de tentar encher as arquibancadas. Para a corrida de amanhã, os ingressos custam entre 50 e 380 euros.

A Ferrari venceu as últimas três edições do GP da Itália, duas com Barrichello (2002 e 2004) e uma com Schumacher (2003). "Mas neste ano estamos lentos demais", falou o alemão, que participou dos testes na pista na semana passada. "Não seremos competitivos, tenho de ser honesto." A ducha d’água gelada sobre os quentes "tifosi" se une aos prognósticos dos especialistas para a corrida para explicar o desânimo. McLaren, BAR, Renault e Toyota são colocadas à frente da Ferrari no ranking do favoritismo para a prova.

Mesmo sem arquibancadas lotadas, no entanto, o GP italiano merece ser acompanhado com atenção. É a 15.ª etapa do campeonato e reveste-se de um caráter de decisão, já que os dois reais candidatos à taça, Fernando Alonso e Kimi Raikkonen, estão separados por 24 pontos na tabela. Depois de Monza, faltarão quatro provas para o final. Um revés do espanhol da Renault e uma vitória do finlandês da McLaren mantêm o suspense. Se acontecer o contrário, a disputa está praticamente encerrada.

RBR anima os bastidores de Monza

Monza – A Red Bull definitivamente não leva a F-1 muito a sério, fugindo do tom politicamente correto em seus comunicados. Os textos das quintas-feiras pré-GPs normalmente trazem declarações de pilotos e engenheiros. Na Red Bull, eles servem para tirar uma onda com o país-sede da corrida.

O de ontem continha uma visão de Itália bem gozada. Primeiro, dizia que ser italiano é "conhecer os nomes mais bizarros de macarrão".

Para fechar, uma piadinha "automotiva": Um piloto morre e vai para o céu. Depois de milhares de anos, pede a São Pedro um carro para matar o tédio. Ele ganha um Fiat Panda. Todo feliz, sai dirigindo o carrinho pelo paraíso, até que de repente uma Ferrari com as letras NA na placa passa por ele zunindo. O ex-piloto reclama: "Pô, eu achei que no céu todos tinham direitos iguais, e o cara de Nápoles ganha uma Ferrari!", diz. São Pedro não se aperta. "Ouça, rapaz. Primeiro, NA é de Nazaré. Segundo, ele é o filho do chefe, e faz o que quiser aqui."

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