Giovani ?engordou? o clube em mais de R$ 30 milhões

No futebol, não há mais como viver sem negociar jogadores. Esta é uma das principais conclusões que podem ser tiradas da entrevista do presidente Giovani Gionédis, ontem, no CT da Graciosa recém-recuperado pelo clube. E o Coritiba conseguiu recuperar-se financeiramente neste ano com as vendas de atletas. Somando os valores (divulgados pela imprensa, pois o clube não confirma os números) das negociações de cinco jogadores, o Coxa teria faturado, somente em 2005, mais de trinta milhões de reais. Dinheiro que serviu para montar o elenco que disputa o Brasileiro, pagar dívidas e acelerar o processo de saneamento financeiro.

Gionédis confirma que as vendas de jogadores estão incluídas na lista de créditos do Coritiba. ?As negociações fazem parte do nosso planejamento. Quando montamos o nosso orçamento, temos obrigatoriamente que colocar no papel possíveis vendas. Elas servem para ajustar as nossas contas?, confessa o presidente. Assim como ano passado foi necessária a saída de Marcel, Danilo e Lira, entre outros jogadores, neste ano era inevitável que alguns destaques da equipe deixassem o Alto da Glória.

E aconteceu mais rápido, e de forma mais contundente, do que a diretoria alviverde imaginava. Ainda na metade do ano o clube já tinha conseguido chegar ao valor esperado nas negociações. Quatro jogadores seguiram para a Europa -Roberto Brum (Acadêmica de Coimbra), Adriano (Sevilla), Fernando (União de Leiria) e Miranda (Sochaux) – e renderam para os cofres do Coxa mais de R$ 16 milhões. ?Este dinheiro serviu para colocarmos em dia algumas dívidas passadas?, explica Gionédis.

Para o orçamento 2005, já servia. Mas surgiu o interesse do Schalke 04 (e de outras equipes alemãs) por Rafinha. ?Quando fomos procurados, nosso interesse era que, se saísse negócio, que fosse algo grande, para que pudéssemos quitar a dívida com o Bradesco?, reconhece o presidente do Coritiba. ?Não precisávamos vendê-lo este ano?, garante. No final das contas, Rafinha deu ao Coxa quase o mesmo que os outros quatro jogadores -pela cotação de ontem, os alemães pagaram quase R$ 15 milhões. Somando tudo, o clube teria faturado exatos R$ 31.742.950,50.

E 2005 acabou sendo o ano mais bem-sucedido do Coritiba em transações internacionais. ?Isso aconteceu porque passamos a valorizar nossas categorias de base. E vamos continuar assim?, diz o presidente – o aviso é para o trabalho dentro e fora de campo, ambos contando com o respaldo da torcida.

Eanes é o novo reforço do Cori

O novo meia-armador do Coritiba já está trabalhando no CT da Graciosa. Eanes Santana da Silva, de 25 anos, não foi apresentado oficialmente -mas seu nome foi citado na entrevista coletiva do presidente Giovani Gionédis na quarta, inclusive já chamado de ?pangaré? pelo dirigente. O jogador estava nos planos do Atlético e chegou a treinar no CT do Caju, mas assinou contrato com o Coxa.

Ontem, Eanes realizou a primeira parte dos testes físicos e dos exames médicos. Apenas depois destas avaliações ele será liberado para treinamento em campo, ao lado dos novos companheiros. A contratação aconteceu depois de boas recomendações e de observações de partidas da Série B – o jogador estava no Vitória até a metade de agosto.

Quando deixou o time baiano, o sétimo no qual atuou (os outros foram Lajeadense-RS, Juventude-POR, Confiança-SE, Coritiba-SE, Camaçariense-BA e Maruinense-SE), Eanes interessava ao Atlético e passou um período treinando em Curitiba. Mas o Cori entrou na história e acabou acertando com o jogador. ?Ele é mais para o ano que vem, pois ele vai passar por um período de adaptação e preparação?, comentou Giovani Gionédis.

Empresário diz que Galo deu ?incentivo? pra não ser rebaixado

Uma denúncia de pagamento de propina surgida em Minas Gerais respingou no Alto da Glória. O empresário Roberto Tibúrcio, que representa dois jogadores do Atlético-MG, revelou ontem em entrevista às rádios Globo e Itatiaia, de Belo Horizonte, que o Galo enviou dinheiro para jogadores do Coxa, do Corinthians, da Ponte Preta e do Cruzeiro na reta final do Brasileirão do ano passado. A diretoria e os atletas alviverdes negaram ?a mala preta?, suposto incentivo para derrotar adversários do time mineiro contra o rebaixamento.

Tibúrcio confessou que operava pessoalmente a distribuição da ?recompensa?, a mando do presidente do Atlético-MG, Ricardo Guimarães. No caso do Coxa, o dinheiro serviria para que o time ao menos empatasse com o Criciúma, na última rodada do torneio – o jogo terminou em 3 a 3 e determinou o rebaixamento do time catarinense à Série B.

Os corintianos teriam recebido dinheiro pela vitória sobre o Botafogo, e os atletas da Ponte Preta e o Cruzeiro, pelo triunfo sobre o Vitória. A combinação destes resultados favoreceu o Galo, que venceu o São Caetano na última rodada e assim permaneceu na Série A.

Segundo o empresário, os cheques eram nominais aos jogadores e valiam R$ 4 mil cada. ?Tenho tudo documentado?, garante. Coincidência ou não, o pagamento teria sido feito por uma conta no Banco Rural – o mesmo usado pelo publicitário mineiro Marcos Valério para efetivar o ?mensalão? do governo federal, conforme apuração das CPIs em andamento no Congresso.

As declarações de Tibúrcio foram feitas logo após a frustrada negociação de um de seus pupilos – o meia Quirino – para o Real Sociedad, da Espanha. O negócio foi dado como certo, mas de última hora o presidente do Galo desfez o acordo.

Reação

Jogadores e dirigentes coxas-brancas reagiram às denúncias de Roberto Tibúrcio. Em nota oficial, o vice-presidente André Ribeiro afirma que o Alviverde nunca foi procurado pelo Atlético-MG e que tal prática ?é totalmente contrária aos princípios que o Coritiba aplica em sua administração no futebol?. O presidente Giovani Gionédis também negou as acusações com veemência e ameaçou processar o empresário mineiro. ?Aqui não entra dinheiro de outros clubes. Jogamos com vontade contra o Criciúma para melhorar a posição do Coritiba?, rebateu o zagueiro Flávio, que enfrentou a equipe catarinense em 2004.

O presidente do Galo também disse desconhecer o assunto e falou que Tibúrcio é quem deve se explicar.

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