Ginástica brasileira mostra novas forças

São Paulo (AE) – Hoje, em Cottbus, na Alemanha, atletas que habitualmente desempenham o papel de coadjuvantes das estrelas Daiane dos Santos e Daniele Hypólito serão as representantes brasileiras na primeira etapa da Copa do Mundo de Ginástica Artística. Laís de Souza está na final do solo, depois de terminar em primeiro lugar as eliminatórias de sexta-feira. Ana Paula Rodrigues, sétima nas eliminatórias da trave, também garantiu vaga na final. A disputa começa às 11h30 (de Brasília).

Laís, de 16 anos, e Ana Paula, de 17, afirmam ter consciência de que, como atletas, estão em um estágio diferente de Daiane e Daniele. "É natural que quem tenha resultado chame mais a atenção", diz Laís, ao falar das colegas famosas. "Ainda estamos aprendendo, mas nossa idéia é mostrar que a ginástica do Brasil está evoluindo cada vez mais", avalia Ana Paula. "A Daiane e a Daniele treinam com a gente e com elas aprendemos muito, de forma que eu me espelho nelas."

A história de Laís e Ana Paula é igual à de muitos atletas no País: talentos revelados por acaso que, até se firmarem com bons resultados, tiveram de enfrentar dificuldades. "Quando tinha 4 anos, lá em Ribeirão Preto, acompanhava meu irmão às aulas de judô e via as meninas treinando. Acabei pedindo à minha mãe para me matricular", conta Laís.

A trajetória até a seleção permanente não foi fácil. "Minha família é humilde. Minha mãe chegou a ter dois empregos, numa fábrica de sapatos e numa lanchonete, e a vender pipoca de microondas para juntar dinheiro para que eu pudesse participar de um campeonato brasileiro, em Salvador."

Já na seleção, Laís enfrentou uma séria contusão, "o mesmo problema da Daiane". "Tive de ser operada. O joelho ainda dói, mas é normal e continuo a fisioterapia."

Ana Paula tinha bronquite e procurou uma atividade física. "Minha mãe me matriculou na ginástica quando eu tinha 5 anos." Com o tempo, seus professores, em Curitiba, viram que a menina tinha potencial para ser atleta. "Mas não foi fácil, especialmente antes de eu fazer parte da seleção, pois minha família tinha de pagar as viagens. Depois, as coisas melhoraram bastante."

Laís Souza salta para o ouro

Os sacrifícios e a dedicação que a mãe de Laís de Souza teve para com a carreira de ginasta da filha começou a render frutos ontem, quando a ginasta de 16 anos conquistou sua primeira medalha de ouro na etapa de abertura da temporada 2005 da Copa do Mundo de Ginástica, que está sendo disputada em Cottbus, na Alemanha.

Um dos xodós do técnico ucraniano Oleg Ostapenko, que aposta na condição de Laís ser a nova número um do Brasil, e candidata a pódio nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, Laís obteve ontem uma média de 9,249 nos dois saltos que realizou na final e se tornou a terceira brasileira a conquistar ouro em etapas de copa.

Daniele Hypólito, a primeira a levar o Brasil ao pódio neste tipo de competição, em 2002, tem dois primeiros lugares em provas na trave. Já Daiane dos Santos, segunda a fazer o hino brasileiro tocar em etapas da Copa do Mundo, soma cinco ouros em provas no solo. Na soma geral, Laís obteve o oitavo ouro da ginástica feminina brasileira na competição.

A primeira apresentação de ontem de Laís foi quase perfeita. Ela recebeu um 9,387. No segundo, apresentou uma pequena falha no encerramento, e obteve 9,112. A nota de Laís foi pouco maior do que a que havia obtido nas eliminatórias, ontem (9,237).

Depois do bronze obtido em Stuttgart, em novembro passado, o ouro de ontem faz Laís somar duas medalhas em três etapas da Copa do Mundo em sua carreira. Na vitória de ontem, Laís superou a russa Anna Pavlova (bronze no salto sobre o cavalo de Atenas/2004), e a uzbeque Oksana Chusovitina, vencedora deste aparelho no Mundial-2003.

Pavlova ficou com a prata (9,237), enquanto Chusovitina errou o segundo salto, ficando com uma 8,993 e o quinto lugar. O bronze foi para a chinesa Tiantian Wang (média de 9,225).

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