Fundador da ADD critica atraso do Brasil

“O Brasil está vinte anos atrasado em relação a outros países no que diz respeito à prática de esportes por pessoas portadoras de necessidades especiais”. A afirmação é do ex-técnico da Seleção Brasileira Masculina de Basquetebol em Cadeira de Rodas e um dos fundadores da Associação Desportiva para Deficientes (ADD), Steven Dubner, que ontem esteve em Curitiba, proferindo uma palestra.

“Em países estrangeiros, os atletas paraolímpicos são tão famosos quanto os atletas que não são portadores de deficiências. Muitas vezes, são tratados como heróis. No Brasil, eles são muito pouco valorizados e encontram grandes dificuldades para conseguir patrocínios, embora muitas vezes tenham desempenho superior na atividade que executam”, diz.

Como prova do bom desempenho dos atletas com necessidades especiais, Steven cita o fato de o Brasil ser bicampeão de futebol de cegos em paraolimpíadas, enquanto atletas ditos “normais” que jogam futebol nunca conseguiram uma medalha olímpica no esporte.

“O Brasil tem cerca de 30 milhões de pessoas com deficiências, embora o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponte 25 milhões. Infelizmente, no país, elas ainda ficam escondidas dentro de casa e sem acesso ao esporte. Quando uma pessoa com necessidades especiais descobre que é capaz de realizar um esporte, ela descobre também que pode fazer qualquer coisa que queira fazer”.

Sobre Curitiba, Steven diz que a capital paranaense é uma das cidades mais adaptadas às necessidades das pessoas portadoras de deficiências. Mesmo assim, os recursos disponibilizados pela cidade ainda são insuficientes. “Em Curitiba, muitos atletas com deficiências se destacam no tênis de mesa, no futebol e no atletismo. Entretanto, muito mais poderia estar sendo feito”.

Para mudar a realidade, o fundador da ADD aponta a educação como solução. “É preciso que as pessoas se aproximem dos deficientes e que as empresas passem a enxergá-los melhor. Organizações que apóiam a ADD percebem um aumento de 20% em suas vendas só por ter sua imagem associada à entidade. Isto prova que os consumidores buscam adquirir produtos de marcas consideradas socialmente responsáveis”, diz.

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