FPF é acusada de influenciar em decisão dos clubes

A manifestação dos clubes na defesa enviada pela FPF ao STJD está sob suspeita de ter sido direcionada pela entidade. Segundo Paulo Schmidt, várias equipes assinaram textos semelhantes, em papel timbrado da FPF, o que indicaria uma ingerência direta na versão apresentada pelos participantes do estadual.

Para o procurador-geral do STJD, há claros indícios de que a FPF agiu para orientar a manifestação dos clubes ao tribunal. “A FPF mandou para os clubes uma carta descrevendo sua estratégia de defesa, um indício de que houve direcionamento. A FPF tem que se posicionar, mas não dirigir a opinião dos clubes. Isso causou uma péssima impressão”, afirma.

Na opinião de Schmitt, a situação faz lembrar outras épocas da entidade. “Estamos cansados de saber que no passado os clubes sempre baixaram a guarda para os desmandos da FPF. Achei que isso fazia parte do passado, mas continua acontecendo”, destaca.

Possibilidades

Na avaliação de Schmitt, existem três possibilidades para o desfecho da polêmica na Justiça Desportiva. O STJD pode decidir pelo retorno do caso ao tribunal local. Também pode fazer a interpretação literal do artigo 9.º do regulamento, com o primeiro colocado ficando com sete mandos de campo.

Outra saída seria uma interpretação razoável do texto, que mantenha o que foi decidido no TJD, mas com uma tabela diferente da divulgada pela FPF. Hipótese considerada improvável. “Colocando-me no papel de auditor, teria dificuldade para tomar outra decisão que não fosse pela literalidade do artigo 9.º”, avalia Schmitt.

Sem fim

O procurador acredita que, seja qual for a decisão do STJD, a polêmica deve continuar. “Sabemos que qualquer decisão não agradará a todos. O regulamento é defeituoso, como muitos que analisamos. Esse caso entra para a lista das situações emblemáticas”, ressalta.

Se o tribunal tomar qualquer decisão diferente da manutenção do artigo 9.º, o caso tem grande possibilidade de parar na Justiça comum. Mudanças no regulamento, após sua publicação definitiva, são proibidas por lei e qualquer cidadão poderia questionar a situação com base no Estatuto do Torcedor.