Flamengo e Madureira decidem Taça Guanabara

Foto: Ricardo Ayres/Photocamera
Sem o operado Obina, Souza é a esperança de gols do Flamengo.

Rio (AE) – O primeiro jogo da decisão da Taça Guanabara, às 16h, no Maracanã, vai ser o confronto de opostos: de um lado, o mais tradicional clube carioca, o Flamengo, e a obrigação da vitória; do outro, o sonho de uma modesta equipe suburbana em busca de um título inédito, o Madureira.

Na quarta-feira, os dois times voltam ao estádio para a última partida do primeiro turno do campeonato carioca.

O Flamengo perdeu Obina no início da semana – sofreu grave contusão de joelho e teve de ser submetido a uma cirurgia – e lançou no ar uma suspeita de que o árbitro Marcelo Venito Pacheco é uma pessoa muito próxima dos dirigentes do Madureira. O Flamengo até registrou uma notificação na Federação de Futebol do Estado do Rio, contrária à indicação.

Alheio à polêmica, o técnico Ney Franco investiu no entrosamento da equipe e em declarações atribuídas ao veterano meia Djair, do Madureira, de menosprezo ao Flamengo, para deixar seu time em condições de sair do Maracanã com uma boa vitória. Ele decidiu escalar Roni na vaga de Obina. ?Não há favoritos. Os dois chegaram à final com méritos?, disse.

Ney Franco negou que o Flamengo esteja disposto a ?se vingar? do resultado do último jogo entre os dois clubes – em que o Madureira venceu por 4×1. ?As circunstâncias eram outras e não existe esse espírito?.

Ineditismo

O clube de futebol do subúrbio sempre fica em segundo plano quando se fala em Madureira, um bairro de classe média baixa, com um mercado popular forte, e que há várias décadas é lembrado apenas como a capital do samba -são de lá as escolas Império Serrano e Portela.

Essa história, porém, pode ser reescrita. Pelo menos é o que pensam os torcedores mirins do clube, reunidos na Fúria Jovem, torcida organizada cujo presidente é um menino de 11 anos, Gabriel Albuquerque.

De uma família de vascaínos, Gabriel se identificou com o Madureira na época em que seu pai, Jadner, professor de natação do clube, passou a levá-lo para o trabalho. ?Ninguém acredita no colégio que sou Madureira. Pedem que eu fale a verdade. Mas não ligo?.

A torcida reúne 50 crianças e adolescentes do bairro e dispõe de apenas cinco bandeiras, costuradas pela bisavó de Gabriel, Geraldina, de 96 anos. ?Minha bisa é flamenguista, mas acho que ela vai ficar muito contente de ver meu Madureira vencer o Flamengo. O Madureira vai ser campeão e vai ser famoso?.

O chefe de torcida arrisca dois palpites: hoje, Madureira 3×1; e na quarta-feira, nova vitória do time suburbano: 2×0. ?Eu sei que impressiona ver o Maracanã cheio de torcedores adversários. Mas torcida não ganha jogo?.

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