Ferrari sofre, McLaren domina

Em ano de equilíbrio quase absoluto, qualquer coisa conta. E os 8cm que a McLaren tem a menos que a Ferrari em sua distância entre-eixos deram ontem a primeira mostra de eficiência em Mônaco.

Fernando Alonso fez o melhor tempo nos dois treinos livres realizados nas ruas de Monte Carlo, deixando os compridos carros vermelhos para trás.

O espanhol cravou 1min15s940 na sessão da tarde, quando os tempos baixaram bastante em função de a pista já ter mais borracha que pela manhã. Foi o único a andar na casa de 1min15s, e deixou Kimi Raikkonen em segundo a 0s275 de distância.

Felipe Massa foi quem mais sentiu as dificuldades de lidar com a espichada F2007 e terminou o segundo treino apenas em sexto, 0s844 atrás do espanhol. ?Peguei muito tráfego nas minhas voltas rápidas?, justificou o brasileiro. ?No geral foi um dia bom, mas temos bastante a melhorar no carro.?

Em circuitos de baixa velocidade, com curvas fechadas e lentas, carros mais curtos comportam-se melhor. A Ferrari sabia disso quando optou por projetar a F2007 mais longa que sua antecessora, para levar vantagem nas pistas mais rápidas. Por isso, em Mônaco o time de Maranello sabe que terá problemas com seu ?carro-salsicha?.

Problemas de outra natureza tiveram vários pilotos nas duas sessões, com pequenas batidas no traçado que, como se diz, não perdoa erros. Acabaram no guard-rail ou nas barreiras de pneus Fisichella (Renault), Sutil (Spyker), Ralf Schumacher (Toyota), Davidson (Super Aguri) e Hamilton (McLaren) – este, o líder do mundial depois de quarto etapas.

A surpresa do dia foi Jarno Trulli, da Toyota, em quarto. Foi em Mônaco que o italiano ganhou sua única corrida, em 2004, quando ainda era piloto da Renault. Rubens Barrichello, às voltas com as deficiências de seu Honda, fechou a quinta-feira em 11.º.

Rubens disse que os pneus supermacios que a Bridgestone levou para o principado podem não ser a escolha de todos para a maior parte da prova. ?Eles esfarelam muito rápido e perdem rendimento. Por isso a estratégia será muito importante domingo, porque somos obrigados a usar os dois tipos de pneus disponíveis?, explicou.

Hoje é dia de folga em Mônaco para a F1. Os carros voltam para a pista amanhã para mais um treino livre, às 6h de Brasília, e decidem as posições de largada na classificação a partir das 9h. A prova de domingo terá 78 voltas.

?Curva santa? batiza Lewis Hamilton

Se é para ser batizado com o primeiro acidente na F1, que seja em local santo. E o até então impecável Lewis Hamilton bateu pela primeira vez na temporada na curva Saint-Dévote, onde fica a pequena igreja que leva o nome da padroeira de Mônaco.

Faltava mais de meia-hora para o fim do segundo treino quando o líder do campeonato entrou forte demais na curva, que fica ao final da reta dos boxes, tocou na zebra interna e seu carro foi direto para o outro lado, arrebentando a suspensão dianteira esquerda.

Hamilton não se machucou. ?Mas deu para descobrir que aquela história de que Mônaco não perdoa é verdade?, falou o inglês, que terminou o dia, mesmo assim, com o terceiro tempo. Pela manhã, uma peça do motor de arranque do carro se desprendeu e também abreviou seus treinos.

Equipe muda o tom do vermelho

Numa das poucas corridas em que pode usar a marca de seu principal patrocinador sem subterfúgios, a Ferrari mudou o tom do vermelho de seus carros em Mônaco. De acordo com o site Grandprix.com, ele é mais escuro para ficar mais parecido com o tom usado nos maços de cigarro Marlboro.

Como Mônaco não faz parte da União Européia, não precisa respeitar a legislação que proíbe propaganda tabagista. Na maior parte dos países que estão no calendário da F1, a Ferrari disfarça a marca com faixas brancas sobre o fundo vermelho de seus carros.

Atualmente, a equipe de Maranello é a única ainda patrocinada pela indústria do tabaco na F1. O contrato da Philip Morris com a Ferrari, apesar das restrições que se alastram pelo mundo, vai até 2010.

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