Edinho se ?convida? pra ficar na Vila

Mesmo trabalhando com outros dois nomes para a lateral-esquerda, o Paraná Clube ainda não descartou a permanência de Edinho. Até porque o próprio jogador entrou em contato com a diretoria na noite de terça-feira, manifestando seu desejo de seguir no clube que defendeu nas duas últimas temporadas. O ala negou que tivesse acertado com o São Caetano e pretende se reapresentar na Vila Capanema na próxima semana. Para isso, o Tricolor pretende assegurar o vínculo do atleta, que até então estava no clube por empréstimo.

?Seu registro é com o Iraty. Diante da nossa nova forma de encaminhar as transações, isso não é mais admissível?, explicou o vice de futebol José Domingos. A questão financeira, pelo que deu a entender o dirigente, não seria problema para a renovação do contrato do jogador. ?O Edinho sempre foi um excelente profissional. Dentro e fora de campo. Se tivermos a chance de segurá-lo, vamos acertar?. A única pendência é essa questão burocrática. Só que o próprio jogador garante já não ter mais nenhum vínculo com o empresário Sérgio Malucelli, o que facilitaria o acerto.

Se esse processo não evoluir até a próxima semana, o Paraná terá que agilizar outras negociações. Dois alas do interior paulista foram contatados – um deles por indicação do técnico Luiz Carlos Barbieri – e, mesmo que Edinho renove, pelo menos um deles pode ser contratado. ?Temos carência nessa posição e a idéia é montar o elenco com pelo menos dois bons jogadores por posição?, justificou Domingos. Os nomes desses jogadores, porém, são mantidos em sigilo para não despertar interesse de outros clubes.

Ontem, a diretoria de futebol esteve reunida na Vila, analisando alguns DVD´s de atletas que foram indicados ao clube. ?Não custa dar uma olhada, mas nossa pesquisa é mais ampla?, garantiu Durval Lara Ribeiro, diretor de futebol.

Paraná Clube arma ?seleção paulista? e se dá bem no Nacional Começar de novo.

Não restou outra alternativa ao Paraná Clube após o fracasso no Estadual. Era momento de reconstruir o time, visando ao menos a permanência na primeira divisão. Mas, como obter sucesso sem dinheiro? Com planejamento e capital externo, através de nova parceria. Nesse processo, a volta de Durval Lara Ribeiro ao departamento de futebol foi decisiva. Com seu conhecimento – e as análises

do observador técnico Wil Rodrigues – o Tricolor começou a armar uma ?seleção? do interior paulista.

As contratações eram viabilizadas pela L.A. Sports, empresa que até então atuava somente nas categorias de base do clube. Com esse encaixe de peças, o Paraná trocou quantidade por qualidade. Num primeiro momento, foram efetuadas apenas dez contratações, algumas delas por indicação do técnico Lori Sandri (André Dias e Marcos), outras em transações do vice de futebol José Domingos (Mário César e Rafael Muçamba). Vavá trouxe – com o apoio da L.A. – Parral, Daniel Marques, Borges, Neto e Aderaldo. Um verdadeiro ?mutirão? para a montagem da equipe.

Nessa corrida contra o tempo, Lori Sandri só conseguiu colocar seu time-base em campo na 7.ª rodada. Começava ali uma surpreendente arrancada ao topo da tabela. Nem mesmo alguns percalços – as lesões de Renaldo e Parral ou a necessidade de se ?vender? jogos para a cidade de Maringá – tiraram o Paraná dos trilhos.

A campanha no primeiro turno foi irrepreensível. De candidato à degola, o Tricolor fechou a fase na 3.ª posição (com a queda para o 4.º lugar, após a repetição de vários jogos no escândalo da arbitragem), na briga direta por uma vaga à Libertadores.

Méritos para Lori Sandri – que obteve assim o melhor aproveitamento de um treinador à frente do clube em um Brasileiro -, que conseguiu armar um time sólido na defesa e que atingiu marcas expressivas. O Tricolor fechou o turno com a melhor defesa do campeonato (19 gols sofridos em 21 jogos). Também chegou na ?era Lori? à maior série invicta do Paraná (dez jogos). Resultado do ?paredão? formado por Flávio, Daniel Marques, Marcos e Aderaldo. Uma mudança de atitude registrada nos números.

Em anos anteriores, o Paraná obteve poucos êxitos fora de casa. Nos 11 jogos como visitante, sob o comando de Lori, o Paraná sofreu apenas duas derrotas (para Brasiliense e Coritiba). No total, foram cinco tropeços em 23 partidas, quase sempre pela diferença mínima. Exceção feita à goleada imposta pelo São Paulo (0 a 4), no Willie Davids, em jogo que marcou a despedida de Lori Sandri. O técnico iria para o futebol turco, mas a negociação ?furou? e após algumas semanas de férias forçadas ele assumiria o Atlético Mineiro.

Nada que ofuscasse o ótimo desempenho do treinador na temporada. A única ressalva fica por conta de duas contratações que nada acrescentaram ao time. O meia Chiquinho e o atacante Rafael Akai passaram pelo Tricolor discretamente, somando pouco – ou quase nada – ao elenco ?guerreiro?, que conseguiu aliar força defensiva à técnica de seus alas e à eficiência do artilheiro Borges dentro da área. Segredos de uma campanha que ficará marcada na história do clube.

Visitante em ?casa?

Qual o peso da mudança de jogos para Maringá na campanha do Paraná Clube? Os números respondem facilmente a essa pergunta. Afinal, se no estádio Willie Davids o time somou apenas um dos 12 pontos disputados, no Pinheirão o aproveitamento do Tricolor foi de 68,75%. A diretoria optou pela venda dos jogos frente a Corinthians, Santos, São Paulo e Palmeiras sob a visão exclusivamente financeira. E atingiu sua meta. Com os R$ 600 mil da transação, manteve salários em dia num momento crítico.

Tecnicamente, a opção foi um desastre. Muito pela questão emocional. No calor de Maringá, o Paraná não soube jogar como time visitante, que havia sido o seu grande diferencial ao longo de todo o primeiro turno. Inexplicavelmente, buscava-se encarar o adversário em igualdade de condições, talvez na ânsia de mostrar o potencial do Tricolor numa região colonizada por paulistas. Ao perder para o Corinthians, após estar vencendo por 1 a 0 e ?sobrando? em campo, o Paraná deu um passo atrás na sua campanha.

Uma vitória, naquele momento, colocaria o time definitivamente em uma posição de destaque, sem contar o efeito psicológico para os subseqüentes jogos marcados para o Willie Davids. Tanto que na única partida realizada em Cascavel, também diante de um adversário de qualidade – o Internacional – o Tricolor ?passeou? em campo e fez 3 a 1 com relativa facilidade. Para a diretoria, a estratégia era a única viável naquele momento. Para o torcedor, ficou a frustração de não ver de perto seu time.

Mas, vale lembrar, com esta incursão pelo interior do Estado, o Paraná melhorou significativamente sua média de público no Brasileiro. Nos cinco jogos ?fora? a média foi superior a 15 mil pagantes, contra pouco mais de 5 mil torcedores em jogos disputados no Pinheirão (sem contar as partidas patrocinadas pela Nestlé).

De rebaixado á glória

O Paraná Clube iniciou o Brasileiro com o rótulo de ?rebaixado? para a mídia nacional. Afinal, a degola atingiria quatro equipes e o Tricolor já passara raspando na temporada anterior. Quando na estréia o Goiás venceu por 2×0, em pleno Pinheirão, a incerteza tomou conta da torcida. Por mais que estivessem em campo apenas os remanescentes do estadual, com apenas André Dias fazendo sua estréia. Haveria tempo para ?encaixar? o novo time? Houve.

Com a seqüência das rodadas, o Paraná foi promovendo estréias até atingir um estágio de solidez que permitisse até sonhar com vôos mais altos. Foi aí que a política pés no chão de Lori Sandri fez a diferença. O técnico chegou a ser duramente criticado por sua postura pessimista, sempre esperando a conquista dos pontos necessários para garantir a permanência na Série A. Pois foi a partir daí, sem deixar que a empolgação embalasse os sonhos dos atletas (e dos torcedores), que o Paraná conseguiu passar um ano sem sustos.

E com momentos inesquecíveis, com vitórias marcantes. Se no Pinheirão o Tricolor foi quase imbatível, os grandes resultados foram conquistados fora de casa. Que o digam Palmeiras, Fluminense, Cruzeiro… O mais emblemático deles quando derrotou o Internacional num Beira-Rio lotado. Com garra, o time suportou a pressão do adversário e fez 2 a 0, com gols de Parral e Borges, no início e no fim do jogo, respectivamente. Uma vitória para ser arquivada na memória dos paranistas como o grande momento da ?era? Lori Sandri.

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