Dúvidas cercam o clássico de hoje no Pinheirão

Paraná Clube e Coritiba fazem o clássico das incertezas hoje, às 16h, no Pinheirão.

Por motivos distintos, duas torcidas um tanto desconfiadas aguardam o duelo para projetar o futuro de suas equipes no campeonato paranaense.

No tricolor, a situação é mais desconfortável. Depois de três anos de homéricos fracassos no paranaense, a diretoria esforçou-se para manter uma base e estabeleceu o título como meta. Mas o time não conseguiu engrenar e, caso o torneio acabasse hoje, amargaria nova eliminação (o Paraná é o quinto colocado do Grupo B e só os quatro melhores avançam).

Tal performance põe em risco o cargo do técnico Barbieri se houver revés no clássico. Magoado com algumas das críticas que recebeu, o treinador rebateu os comentários e citou como argumento a evolução técnica da equipe do começo do ano para cá. Ao contrário da torcida, que pediu a cabeça do treinador nos dois últimos jogos em casa, a diretoria por enquanto dá apoio a Barbieri.

Em campo, o novato Jeff, 18 anos, volta ao time no lugar do suspenso Maicosuel. Assim, o Paraná terá novamente uma dupla de atacantes (Jeff e Leonardo), como mais uma tentativa de incrementar o aproveitamento ofensivo – Barbieri, que tem reclamado do excesso de gols perdidos, comandou alguns treinos de finalização durante a semana. A outra mudança é a troca do lateral-esquerdo Edinho, lesionado, por Rodrigo Alvim.

Do outro lado, o Coxa chega ao clássico vivendo bom momento no campeonato. Depois de um início turbulento, as quatro vitórias consecutivas catapultaram o time da penúltima para a segunda colocação do grupo, apenas um ponto abaixo da líder Adap. Mas quando tudo conduzia para um momento de calmaria, uma bomba se abateu sobre o Alto da Glória.

A lesão no joelho do jovem Keirrison, símbolo e maior promessa da nova geração alviverde, abalou o clube. A torcida se comoveu, a comissão técnica lamentou e a diretoria se atrapalhou, emitindo informações desencontradas e por fim encerrando o assunto numa nota oficial.

Assim, o comportamento do time sem a jovem estrela, que parecia ter resolvido a carência no setor ofensivo, virou uma incógnita. Para o lugar de Keirrison, o técnico Márcio Araújo optou pelo experiente Jefferson, 29 anos, novo companheiro de ataque de Eanes, e mudou o esquema tático do 4-3-3 para o 3-5-2. Assim, o atacante Ludemar, marcado pela torcida nos últimos jogos, dá lugar a Índio, que formará a zaga com Henrique e Marcelo Batatais – já que Anderson está suspenso.

Também estará em jogo no Pinheirão um pequeno tabu: desde 2002 o Paraná não ganha um clássico no campeonato paranaense – em seis confrontos diante dos dois maiores rivais, empatou um e perdeu cinco. Contra o Coritiba, o jejum se estende desde 2001. Mas o último duelo no Pinheirão não traz boa lembrança ao alviverde – a derrota de 3×2 no brasileiro do ano passado foi a primeira de uma série de oito, decisiva para o rebaixamento da equipe para a Segundona.

Mais um sinal de que os clássicos podem sempre virar divisores de águas.

CAMPEONATO PARANAENSE
PARANÁ CLUBE x CORITIBA

PARANÁ: Flávio; Gustavo, Emerson e Neguete; Goiano, Rafael Muçamba, Beto, Marcelinho e Rodrigo Alvim; Jeff e Leonardo. Técnico: Luiz Carlos Barbieri

CORITIBA: Arthur; Henrique, Índio e Marcelo Batatais; Wilton Goiano, Rodrigo Mancha, Jackson, Renan e Julinho; Eanes e Jefferson. Técnico: Márcio Araújo

Súmula
Local: Pinheirão
Horário: 16h
Árbitro: Evandro Rogério Roman
Assistentes: Roberto Braatz (FIFA) e Cristiano Nunes Duarte

No clássico, um tabu de quase cinco anos em jogo

Cahuê Miranda

Além do Coritiba, o Paraná Clube enfrenta na tarde de hoje um tabu de quase cinco anos. A última vez que o Tricolor bateu o Coxa pelo campeonato paranaense foi no dia 5 de maio de 2001. O jogo foi disputado no Pinheirão e o Paraná venceu por 3×1.

Historicamente, o confronto é marcado pelo equilíbrio. Desde o primeiro clássico, disputado em 1990 e vencido pelo time alviverde por 1×0, foram 77 jogos. O Tricolor saiu vencedor 27 vezes, contra 26 vitórias do Coxa e 24 empates. O time da Vila Capanema leva vantagem nos gols marcados: 102, contra 91 do rival.

A vantagem tricolor é reforçada por duas grandes goleadas. Em 1999, pelo campeonato paranaense, o Paraná venceu o clássico por 6×2, na Vila Olímpica. Em 2002, pela Copa Sul-Minas, a vitória paranista foi ainda mais elástica: 6×1 na Vila Capenema, na maior goleada da história do clássico. A favor do Coxa, o maior placar foi 4×0, em 1991 e 1996, as duas vezes no Couto Pereira.

O fator campo normalmente é decisivo no clássico. Jogando na Vila Capanema, na Vila Olímpica ou no Pinheirão, o Paraná tem 20 vitórias, contra nove triunfos alviverdes e cinco empates. Já no Couto Pereira, o Coxa leva vantagem, com 18 vitórias, 15 empates e apenas seis derrotas. Três jogos foram disputados em campo neutro, com duas vitórias paranistas e um empate. No ano passado, o Coritiba foi mandante em um clássicou no Willie Davids, em Maringá, e venceu por 3×1.

A relação completa dos confrontos entre Paraná e Coritiba pode ser encontrada nos sítios www.historiadocoritiba.com.br e http://historico.prokton.com.

Marcelinho enfrenta um velho rival

Carlos Simon

O meia Marcelinho, 27 anos, que entra no clássico para ser o cérebro do meio-de-campo tricolor, nasceu no futebol enfrentando o Coritiba. Cria do Atlético, que defendeu dos 12 aos 21 anos, o meia alimentou a rivalidade com a equipe do Alto da Glória mesmo quando deixou o Estado. Agora reencontra o velho adversário num clássico local.

Paraná-Online – Como revelação do Atlético, qual a sensação de enfrentar o Coritiba?

Marcelinho – Tem sempre um sabor especial. Lembro que, quando estava no Figueirense, ganhamos deles no Couto Pereira com 35 mil pessoas (pelo brasileiro de 2002). Depois caíram fora do campeonato (sorri).

Paraná-Online – Pelo jeito, você comemorou mais do que os companheiros…

Marcelinho – Para o Figueirense, o importante era fugir do rebaixamento. Para mim, foi um pouco melhor por ser em cima do Coxa. Mas também gostava de jogar clássicos com o Avaí. Quase sempre fazia gol.

Paraná-Online – Nas categorias de base, quem você enfrentava no Coritiba?

Marcelinho – O craque era o Alex. Tinha também o Pizzato, goleiro, e o Warley. Não me lembro de mais ninguém que tenha se destacado.

Um jogo muito especial para Renan

Para Renan, o domingo será inesquecível. Nascido em Curitiba e revelado nas categorias de base do Coritiba, o jovem meia alviverde vai disputar seu primeiro clássico como profissional. Coxa-branca de coração, Renan diz que a rivalidade com o Tricolor vai fazer do jogo de hoje um momento especial.

Paraná-Online – Para você, que é formado no clube e é torcedor do Coritiba, como vai ser jogar esse primeiro clássico?

Renan – Nas categorias de base, eu sempre gostei de jogar contra o Paraná. Vai ser uma sensação única. A torcida vai lotar o espaço dela com certeza, devido à fase boa do time. Espero fazer um bom clássico e sair com a vitória, para estrear com o pé direito.

Paraná-Online – Você já enfrentou algum jogador do atual elenco do Paraná nas categorias de base?

Renan – Tem o Vandinho, o Elton, o goleiro Carlinhos… A gente se enfrentou bastante. Foram várias decisões. Ainda bem, na maioria dos jogos eu saí com a vitória. Espero vencer esse também.

Paraná-Online – Então dá para dizer que o Paraná é teu freguês?

Renan – Freguês não. Eu perdi bastante para eles também. Na maioria das vezes eu ganhei. Mas freguês não, tá louco? No ano passado eles tiraram a gente. (CM)

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