Torneio da FPF

Dupla Atletiba usa venda de troféus para tentar derrubar Hélio Cury

O presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Hélio Cury, faturou R$ 183.413 com a 6ª edição da Copa Kaiser em 2014. Dono de uma loja de artigos esportivos, Cury vendeu troféus, medalhas e kits de material para a competição amadora apoiada pela FPF.

A transação foi comprovada no último dia 21 pela Marketing F2SB Ltda. A empresa, que participou da promoção da Copa Kaiser, foi intimada judicialmente a prestar contas na ação movida por Atlético e Coritiba que acusa Cury de “gestão temerária”.

Três vendas em 2014 totalizaram os R$ 183.413. A primeira, em 16 de outubro, de R$ 88.272 para kits de material esportivo. A segunda, em 3 de novembro, também de R$ 88.272 para o mesmo produto. A última, em 5 de dezembro, de R$ 6.869 para troféus e medalhas.

A Copa Kaiser utiliza os estádios dos clubes amadores de Curitiba, cedidos gratuitamente. A FPF, por sua vez, apoia a competição com inscrições e registros – divulgados no site da entidade – e indicação de arbitragem.

Um perito judicial está analisando a negociação entre a Hélio Cury Comércio de Artigos Esportivos e a Marketing F2SB Ltda. O técnico teve acesso à contabilidade da FPF e tem até o próximo dia 4 para apresentar o laudo pericial sobre a acusação de “gestão temerária”.

A avaliação do perito será submetida à juíza do caso, Vanessa Jamus Marchi, da 9ª Vara Cível de Curitiba, e pode representar o afastamento imediato e a inelegibilidade de Cury. Caso a Justiça determine a saída do cartola, um interventor seria nomeado e novas eleições convocadas.

Atlético e Coritiba foram derrotados por Cury no pleito para a FPF em março deste ano. Os rivais apoiaram o candidato oposicionista Ricardo Gomyde, que também é autor do processo, para presidir a entidade até 2019.

Além de “gestão temerária”, o Rubro-Negro e o Alviverde acusam o dirigente de “favorecimento pessoal” e “conflitos de interesses”. Os dois clubes buscaram amparo na Lei Pelé e, mais especificamente, na medida provisória 617/15, conhecida como MP do Futebol.

A MP trata no artigo 27 de “gestão temerária” e aponta como desvios de finalidade “aplicar créditos ou bens sociais em proveito próprio ou de terceiros” e “celebrar contrato com empresa que tenha como dirigente seu cônjuge ou companheiro, ou parente, em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau”.

“Nossa expectativa é que o laudo pericial confirme a gestão temerária e o judiciário determine o afastamento do dirigente”, afirmou Juliano Tetto, advogado de Atlético e Coritiba.

Cury foi procurado pela reportagem da Gazeta do Povo, mas preferiu se pronunciar através de seu advogado, Emerson Fukushima. “A Copa Kaiser não tem nada a ver com a Federação, que dá apenas apoio técnico para a competição. Foi uma transação comercial particular”, declarou Fukushima.

Em entrevista em fevereiro deste ano, Hélio Cury confirmou que sua loja fornece artigos esportivos para a FPF. Vendas, de acordo com o presidente, a “preços de mercado” e com aprovação do Conselho Fiscal.

“Lá atrás, quando eu assumi, ninguém vendia para a Federação. Até hoje algumas lojas só vendem se o pagamento for em dinheiro. Por que não fizeram nenhum questionamento lá atrás ou em Assembleia Geral?”, comentou o dirigente, na oportunidade.

O cartola comanda a FPF desde 2007. É o sucessor de Onaireves Moura, presidente que permaneceu à frente do futebol do Paraná ao longo de 22 anos, em gestões marcadas por uma série de problemas e denúncias de irregularidades.

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