Dupla atletiba investe nas campanhas de sócio-torcedor

Público em peso em todos os jogos, orçamento assegurado, interação com a torcida. As campanhas de sócio-torcedor e seus benefícios proliferam  pelo País, com diversos clubes satisfeitos. Mas no Paraná o fenômeno parece não seduzir os fãs, embora um dos exemplos -o do Coritiba – comece a apresentar resultados positivos.

Apostar na fidelização do torcedor não é nenhuma novidade. Desde os anos 70s ingleses e italianos vendem seus carnês, que hoje chegam à casa das dezenas de milhares comercializados. Clubes como Milan e Manchester United costumam negociar todas os pacotes disponíveis, deixando apenas o mínimo regulamentar para visitantes e avulsos.

Outros, como o Barcelona, investem em outra modalidade: o sócio propriamente dito, com direito a voto, acesso e equipamentos esportivos e de lazer e outras vantagens. O gigante espanhol ostenta a impressionante marca de 140 mil sócios – mais que os 96 mil lugares de capacidade do Camp Nou.

Um misto entre o modelo de carnês e do Barça molda a nova onda brasileira. Diferenças econômicas à parte, os times locais só investiram pesadamente nos pacotes após a regularização do calendário, a partir de 2003 – ano de introdução da disputa por pontos corridos. Mas os primeiros exemplos são anteriores, como o do Figueirense, que adotou em 1999 o formato de cobrança de uma mensalidade em troca do acesso a todos os jogos em casa. Seis anos depois, o clube já atingiu os 14 mil sócios. Inter e Grêmio também constróem histórias de sucesso com a promoção, com 54 mil e 25 mil associados, respectivamente. O Criciúma, líder da Série B, tem 7.300.

Insistência

No Paraná, a dupla Atletiba insiste nos pacotes após experiências pouco satisfatórias. Em 2006, o Rubro-Negro vendeu pouco mais de 2.500 carnês e o Coxa desativou o sistema pelo mau desempenho no ano anterior.

Em 2007, os rivais têm investido maciçamente na divulgação de suas promoções. Mas só no Alto da Glória houve boa surpresa. São cerca de 5.500 associados até agora – o Coxa esperava bater a marca dos 5 mil somente em setembro, de acordo com o gerente de marketing alviverde Osvaldo Dietrich, o ?Porks?. ?A torcida se motivou com os resultados em campo, que são a melhor estratégia de marketing. É uma marca positiva?, avaliou.

No Atlético, os 3.600 associados decepcionam o gerente de marketing Mauro Holzmann, que diz não encontrar explicação para o baixo índice. ?Comparamos nossa promoção à de outros clubes. Os preços são semelhantes, nosso estádio possui melhores condições de conforto e segurança, sempre disputamos títulos, nossa torcida é grande, bem maior que a do Figueirense, por exemplo. Talvez haja uma razão cultural, sociológica, como a desvalorização do que é da terra. É difícil entender?, lamenta. De qualquer forma, o diretor garante que o clube insistirá no programa.

Chamariz

O Paraná Clube também lançou na mídia sua campanha, mas o objetivo é angariar adesões para o quadro social, que hoje conta com 6 mil proprietários de títulos. No caso tricolor o futebol é chamariz indireto, já que o sócio paga meia-entrada na Vila Capanema. ?Para nós o sócio-torcedor não vale a pena. Correríamos o risco de perder o quadro social para o futebol?, explica o vice de marketing Valdomiro Gaier Neto.

Coincidência ou não, sem o sócio-torcedor os paranaenses figuram entre os últimos colocados em média de público na Série A. O Paraná, ajudado pela promoção da Nestlé na partida contra o Sport, levou 8.222 mil torcedores por jogo e é o 17.º colocado. O Atlético, com média de 6.671, é o 19.º, à frente apenas do Juventude. Na Série B, o Coxa vai melhor: é o sexto, com 9.490 por partida.

Dupla Gre-Nal é exemplo de sucesso

A promoção sócio-torcedor transformou os clubes gaúchos em campeões nacionais de audiência. No ano passado, o Grêmio foi o time que mais levou torcedores no Brasileirão, e o Inter ficou na 3.ª colocação, atrás do campeão São Paulo.

Boa parte da média de 25 mil gremistas nos jogos em Porto Alegre, em 2006, eram adeptos do programa. Em troca da taxa de adesão de R$ 90 e mensalidade de R$ 30, os torcedores têm acesso livre ao Estádio Olímpico, podem freqüentar as piscinas do clube, ganham descontos nas lojas e na prática de esportes e têm direito a voto nas eleições do clube após dois anos. Resultado: 25 mil associados em 2007 e encerramento da promoção por esgotamento de vagas.

Da mesma forma, o Inter viu-se obrigado a vetar novas adesões em agosto do ano passado, após a conquista da Libertadores, para garantir que todos os associados tivessem espaço no Beira-Rio. Na época, o clube chegou a contar com 54 mil beneficiários, e só agora abriu novas inscrições, mas apenas para meio-ingresso. No Brasileirão de 2006, o time teve média de 22 mil torcedores.

Tigre

Outro exemplo positivo é o Criciúma. Líder disparado da Série B, o Tigre lançou seu pacote no início do ano e já chegou à marca das 7.300 adesões – número impressionante para uma cidade com menos de 200 mil habitantes. Um dos trunfos da diretoria foi mexer com os brios do torcedor. ?Os sócios precisam carregar o clube, como no Barcelona. Para disputar uma Série A todos têm que participar, investir. O retorno para a cidade não tem preço?, afirma o diretor administrativo do Criciúma, José Sérgio Búrigo, que estima em R$ 240 mil mensais a renda bruta proporcionada pelo sistema.

Para atingir tal patamar, o clube do sul catarinense não precisou investir R$ 1 sequer em publicidade. Com divulgação ?boca a boca? pela região, o time iniciou a Série B com 4 mil sócios, incrementou o quadro com a boa campanha na competição e espera terminar o ano com 10 mil adeptos. ?Quadruplicamos a receita em relação ao ano passado. Isso dá muita tranqüilidade para a direção agir?, diz Búrigo.

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