Dirigentes de clubes querem o fim da FPF

Valquir Aureliano/Arquivo
Juridicamente é possível, mas a CBF teria que dar o aval pra nova entidade no Paraná.

Poderá parar nas mãos da CBF – Confederação Brasileira de Futebol os destinos do futebol paranaense. Um grupo de dirigentes pediu a um escritório de advocacia que fizesse um estudo  sobre a possibilidade da criação de uma nova entidade para dirigir o futebol no Estado. "Juridicamente isso é possível. Mas teríamos antes que receber o aval da CBF", disse Joel Malucelli, presidente  do J. Malucelli, um dos integrantes do grupo. A proposta estaria baseada em duas situações. A primeira pelo atual momento de insolvência e falta de credibilidade que cerca a Federação Paranaense de Futebol – FPF, não só no Paraná, como também no cenário nacional. A segunda posição se baseia na Lei Pelé, que prevê a possibilidade de criação "nas práticas desportivas participantes de competições do sistema nacional poderão organizar ligas regionais ou nacionais".

"Respeitamos o Hélio Cury – atual presidente da Federação. Mas não vemos saída para a  situação da Federação, que está fragilizada administrativamente e financeiramente", disse outro dos propositores que pediu por enquanto para não ter o  seu nome divulgado. "Trabalhamos em grupo. Essa idéia não é apenas de uma pessoa", completou.

No estudo que esta sendo feito e deverá ser entregue ao presidente da CBF, estão as dívidas das FPF, que passariam dos R$ 50 milhões, algumas para a própria CBF. Além disso, tanto a sede da Federação, como o Pinheirão estão penhorados,  o que invabiliza a atuação da entidade.

Quem paga? – Outra questão que preocupa o grupo é a cobrança dessas dívidas. Por serem filiados à FPF, os clubes seriam "solidários ao órgão, e poderiam ser acionados na Justiça". "Claro que isso é questionável, mas é um complicador a mais para os clubes paranaenses", diz o representante do grupo. Ainda segundo ele, a idéia é fortalecer o futebol paranaense. "Hoje não sabemos se teremos o Campeonato Estadual de 2008 nos moldes que foi proposto. Ele começa em janeiro, mas temos a garantia de que ele será transmitido. Os clubes do interior contam com o dinheiro da TV para montarem seus times, e pagarem os salários dos jogadores", lembra o representante do grupo.

Novo registro – Sobre a nova Federação, a proposta esboçada é de que ela teria uma outra nomenclatura, novo registro, e deveria ser reconhecida pela CBF. Esse aval garantiria que os clubes paranaenses que já estão participando das Séries A, B e C não sejam prejudicados em seus direitos nas competições nacionais.

Outra questão também envolveria o peso dos clubes profissionais e as ligas no Estado. Hoje eles se equivalem nos votos nas assembléias da FPF. Na proposição da nova Federação, os votos seriam diferenciados, seguindo um ranking no Estado, pela representatividade e importância de clubes e de cada liga. Na última eleição da Federação, em 2004, Onaireves Moura ganhou mais um mandato, por  81 a 8.

Dúvidas – Porém, Joel Malucelli ainda questiona se esse seria no momento o melhor caminho. "A vinda do Hélio Cury, que parece ser uma pessoa bem-intencionada, nos deu um novo alento para tentar viabilizar a Federação", argumentou o dirigente do Jotinha.

Hélio Cury assumiu a FPF no dia 22 de novembro através de um mandado expedido pela juíza Denise Antunes, da 9.ª Vara Cível de Curitiba. Ela deu ganho de causa a Hélio Cury em uma de quatro ações impetradas em 2004, quando o ex-presidente Onaireves Moura foi eleito para o 6.º mandato consecutivo. Moura foi afastado da entidade em maio deste ano. No início de novembro, ele e mais outros oito dirigentes e funcionários da FPF foram presos por formação de quadrilha, desvio de dinheiro entre outras irregularidades.

Trio de ferro fora da discussão

O trio de ferro da capital, que disputa as principais competições promovidas pela CBF – Campeonatos Brasileiros e Copa do Brasil -, ainda não foi "consultado oficialmente" sobre a proposta para a formação de uma nova Federação. E por situações parecidas. O Paraná Clube, que recentemente elegeu Aurival Correia para o comando, concentra suas atenções para tentar escapar do rebaixamento na Série A. Além disso, uma "CPI" interna avalia os problemas ocorridos durante a gestão de José Carlos Miranda, afastado da direção do clube.

A dupla Atletiba também volta sua atenção exclusivamente para as suas respectivas sucessões de diretoria. O Coritiba, que subiu para a Série A, se engalfinha com a possibilidade de ter três chapas disputando o lugar de Giovani Gionédis. No Atlético, a coisa está um pouco mais calma, mas o silêncio e isolamento de Mario Celso Petraglia junto aos demais membros da diretoria, também é tido como motivo de certa preocupação com os destinos do Rubro-Negro nas próximas temporadas.

Candidato chapa branca na área

Julio Tarnowski Jr e agências

Enquanto os clubes não se preocupam com os destinos da Federação Paranaense de Futebol, governos do Estado e do município se articulam para bancar um candidato às eleições da entidade, programadas para abril de 2008. O acordo estaria sendo costurado entre o ex-deputado federal Ricardo Gomyde, presidente da Paraná Esporte, órgão do governo do Estado, e o ex-deputado estadual Neivo Beraldin, atual secretário municipal de Esportes.

A conversa entre os dois já estaria bem adiantada, com inclusive o pré-candidato, o empresário do ramo de transportes de Curitiba, Osni Pacheco, escolhido por ambos. Osni Pacheco teria certo trânsito entre Atlético e Coritiba, onde exerceu funções ligadas ao departamento de futebol nas décadas de 80 e 90.

Com a possibilidade de garantir Osni Pacheco no comando da Federação Paranaense de Futebol, tanto o Estado como o município teriam condições de tentar viabilizar as dívidas da entidade, além de bancar um novo projeto para o local onde hoje se encontra o Pinheirão. Um novo ginásio de esportes, com capacidade para 20 mil lugares seria construído no local, que abrigaria ainda outras áreas de lazer e lojas.

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