Depois de pegar adversários fracos, brasileiros admitem mais motivação contra França

Bergisch Gladbach – Aquele famoso locutor de televisão acertaria em  cheio se usasse um de seus bordões para definir o duelo que Brasil e França travarão amanhã, em Frankfurt: ?É, amigo, clássico em Copa do Mundo é diferente.?

Pois o astral dos jogadores da seleção mudou, desde que na terça-feira à noite ficou definido que o rival nas quartas-de-final seria o algoz da decisão de 1998. Não importa se são remanescentes daquele 12 de julho ou se vieram depois; há consenso de que o encontro pode transformar-se em um dos pontos altos do torneio organizado pelos alemães.

?A motivação é muito grande em partidas como essa?, reconheceu Juan, que tem formado dupla impecável com Lúcio. ?A responsabilidade é igual para as duas equipes?, imagina o zagueiro. ?Diferente do que aconteceu no jogo com Gana, por exemplo, em que tínhamos 95% de obrigação de vencer?, compara.

Linha de raciocínio que receberia a assinatura de apoio de Zé Roberto. O meia foi eleito duas vezes melhor em campo – contra a Austrália e Gana – e se prepara para levar para casa a terceira caneca de prata oferecida por uma cervejaria parceira da Fifa. Ele admite que o confronto mexe com o grupo, que aumentou a adrenalina, ao contrário das quatro apresentações anteriores, contra rivais de menor expressão.

?Dá vontade de entrar logo em campo?, admite. ?Fica aquela expectativa de que chegue logo o sábado?, reforça. ?São dois grandes times, que têm história, mas também não tem como evitar lembranças de 98?, reconhece. ?Quem jogou aquela decisão, não esquece. Mas quem ficou de fora também sabe como é importante jogar bem.?

Peso da camisa

A revanche pesa, mas o entusiasmo fica por conta do peso da camisa dos ?bleus?. Como não se trata de galinha-morta nem de franco-atirador, todos ficam mais concentrados, mais atentos. Como Gilberto Silva. O volante do Arsenal está na boca de espera para começar como titular, no lugar de Emerson, e segue trilha semelhante à de Juan e Zé Roberto. ?São duas seleções que jogam e deixam jogar?, define. ?Não vai ser aquela história de só um que ataca, enquanto o outro fica na defesa?, avalia.

A França, em sua opinião, não está no torneio de passagem, mas também não é um rival que possa tirar o sono. ?Não se trata de bicho de sete cabeças?, adverte. ?Nos preocupamos, mas eles também temem o poder do Brasil e devem estar imaginando o que fazer.?

Ronaldinho trata franceses com diplomacia

Bergisch Gladbach – Ronaldinho Gaúcho prefere ser bem diplomático. Como jogou no Paris Saint-Germain, antes de transferir-se para o Barcelona, trata os franceses com deferência. O melhor do mundo disse que o rival de amanhã cresceu na Copa, afastou a teoria da revanche e optou por centrar o foco no destino do Brasil. ?Lutaremos pela vitória para chegarmos à final e ao título?, repetiu para jornalistas franceses. ?Para nós, ficar em segundo lugar ou em último tem o mesmo valor. Por isso, nos preocupamos sempre em vencer.?

Já Juninho Pernambucano atua como consultor ocasional de Parreira. O treinador pediu-lhe informações a respeito do jovem Ribéry, um dos destaques da França, e só ouviu elogios. ?Ele vai pra cima, é bom driblador?, disse Juninho, com o respaldo de cinco títulos franceses com o Lyon. ?Para a França, ficar entre os quatro melhores será uma proeza e tanto?, afirmou. ?Trataremos de impedir que isso aconteça. Até porque se trata da nossa sobrevivência na briga pela taça do mundo.?

Parreira vai igualar recordes em Copas

Berlim – O técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, vai igualar, amanhã, na partida entre Brasil e França, o número de jogos de Zagallo e do sérvio Bora Milutinovic em Copas do Mundo, com 20 participações.

Coincidentemente, Parreira estará ao lado de Zagallo, atual coordenador-técnico da seleção. O treinador também alcançará Milutinovic como treinador de cinco seleções diferentes em mundiais. Parreira esteve à frente das seguintes equipes: Kuwait, na Espanha, em 1982; Emirados Árabes, na Itália, em 1990; levou o Brasil ao tetra, nos Estados Unidos, em 1994; Arábia Saudita, na França, em 1998, quando acabou demitido antes do fim da competição.

E se o Brasil conquistar sua sexta Copa, Parreira igualaria a façanha do italiano Vittorio Pozzo, bicampeão mundial pela seleção de seu país em 1934 e 1938. Porém, o recorde de jogos em Copas, como técnico, seguirá em poder do alemão Helmut Schoen, com 25 participações. Com sua inseparável viseira, Schoen esteve em duas finais: em 1966, na derrota por 4 a 2 da Alemanha Ocidental para a Inglaterra, na prorrogação; e em 1974, quando venceu a Holanda por 2 a 1.

Pelé tem ?mau pressentimento?

Rio – O Rei Pelé disse ontem, em entrevista à agência de notícias alemã DPA, que não acredita que o Brasil será campeão mundial na Alemanha.

?Estou com um mau pressentimento. Primeiro, a França ganhou as últimas duas vezes contra nós; segundo, só uma vez uma seleção sul-americana, o Brasil em 1958, conseguiu ganhar uma Copa na Europa e terceiro, os favoritos nunca foram os campeões do mundo?, comentou.

Pelé historicamente erra em suas previsões. Apontou a Colômbia como favorita ao título do mundial de 1994 -quando os colombianos foram eliminados já na 1.ª fase, vencida pelo Brasil. A maior ?bola fora? foi no mundial de 2002, na Ásia, quando disse que Argentina e França eram favoritas à conquista e que o Brasil não iria longe. A seleção acabou pentacampeã e os ?favoritos?, eliminados na primeira fase.

Maradona: ?Quero o Ronaldo gordo no meu time?

Berlim – O Ronaldo está gordo? Para Maradona, este é um fato de pouca relevância. O importante é que o Fenômeno segue marcando gols, e isso um dos maiores jogadores do mundo não nega. ?Podem me dar o Ronaldo gordo, bêbado, ou como for, mas me dêem?, disse Maradona ontem, em entrevista ao canal TyC Sports. ?Quero sempre ele na minha equipe.?

Apesar dos elogios ao camisa 9 da seleção brasileira, o argentino admitiu que o Brasil não está jogando bem. Em uma entrevista publicada no jornal britânico Daily News, Maradona afirmou que o atacante inglês Wayne Rooney é atualmente ?um dos melhores jogadores do mundo.?

?Colocaria Rooney no mesmo nível de Ronaldinho Gaúcho, Riquelme e Messi, jogadores com muitos recursos e talento?, declarou Maradona, falando que o inglês ?possui talento para fazer mágica em campo.? Para o jogo de hoje entre Argentina e Alemanha, Maradona lembra o pênalti marcado a favor dos alemães, na final da Copa de 1990, vencida pela Alemanha por 1 a 0. ?Não se esqueçam que em 90 nos roubaram a Copa e me fizeram chorar.?

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