Delfino é ouro nos 400m

Atenas – Todos os olhos estão em Ádria dos Santos, a estrela da equipe brasileira nas Paraolimpíadas de Atenas, mas o piauiense Antônio Delfino também está brilhando.

Ontem, além de ganhar a sua segunda medalha de ouro em Atenas, agora nos 400m rasos, categoria T46 (para amputados de uma mão) – a primeira foi na segunda, nos 200m rasos -, Delfino bateu o recorde mundial da prova, que já pertencia a ele, com o tempo de 48s47. O australiano Heath Francis foi prata (48s72) e o chinês Fagi Wu ficou com o bronze (49s53).

A prova dos 400m foi, até agora, a mais sensacional dos Jogos Paraolímpicos de Atenas. Favorito para o ouro, Delfino largou mal e permitiu que Heath Francis abrisse vantagem e cruzasse a marca dos 200 metros ligeiramente à frente.

Quando o grupo alcançou os 50 metros finais da prova, no entanto, Delfino mostrou a sua força, arrancou e superou o australiano na reta de chegada. “Foi duro, mas eu cheguei lá. Sabia que tinha forças para reagir, guardei tudo para os 50 metros finais e deu certo. Agora, eles que corram atrás do meu recorde”, afirmou o brasileiro.

Delfino treina em Brasília em condições muito precárias. Ele, que perdeu a mão direita cortando cana no Piauí, tem uma pista de terra à disposição. Sobre as dificuldades enfrentadas na prova de ontem, a explicação foi simples. “Jantei mal ontem, foi isso. Já expliquei para o meu técnico”, contou.

Guia de Ádria se diz orgulhoso

Atenas

– Ádria Rocha dos Santos, destaque da equipe paraolímpica do Brasil, nunca está sozinha. Colado a ela, fazendo o papel de seus olhos, está o guia Jorge Luiz Silva de Souza, o Chocolate, um carioca que o projeto olímpico da Mangueira resgatou da pobreza da Favela do Vintém, no Rio.

Na segunda-feira, Chocolate foi o primeiro a berrar no ouvido de Ádria que ela havia ganho o ouro nos 100m livre – o seu primeiro em Atenas, o quarto da carreira e a décima medalha em Jogos Paraolímpicos.

“Eu não recebo medalha, pouca gente reconhece o que faço, mas fico feliz do mesmo jeito. Tenho o reconhecimento da Ádria, que é a maior atleta do mundo. Isso já me basta. Já fico feliz”, admitiu Chocolate.

Embora se diga um cara feliz, Chocolate é um atleta frustrado. Seus tempos nos 100m, 200m, 400m e 800m são fracos. Por isso, quando foi convidado, em 2000, para ser guia de Ádria aceitou na hora. Mas não pôde participar das Paraolimpíadas de Sydney – ela foi ouro nos 100m e nos 200m e prata nos 400m, guiada pelo catarinense Gerdson Knittel.

Para Atenas, Ádria exigiu a presença de Chocolate e o Comitê Paraolímpico teve de levá-lo aos Jogos. “No começo, precisavam de alguém que conseguisse acompanhá-la, já que ela é muito veloz. Minha primeira experiência na condição de guia foi um desastre, mas hoje nosso entrosamento é perfeito. Funcionamos como se, juntos, formássemos um organismo só”, contou o guia.

A decepção na estréia internacional a que se refere Chocolate aconteceu no Mundial de 2001, em Edmonton, no Canadá. Ele estava tão emocionado que atrasou na largada e quase arruinou a prova. “Mas a Ádria acabou ganhando e ficou tudo bem.”

Clodoaldo conquista terceiro ouro

Rio

– O Hino Nacional Brasileiro tocou pela terceira vez no Complexo Aquático de Atenas, ontem. O potiguar Clodoaldo Silva foi, novamente, o autor da façanha. Depois de subir no alto do pódio domingo, nos 100m livre, e terça-feira, nos 200m livre, ele conquistou a medalha de ouro nos 50m borboleta da categoria S4.

Este foi também o terceiro recorde mundial que o nadador brasileiro quebrou nos Jogos Paraolímpicos de Atenas. “Foi uma competição muito emocionante. Trabalhei quatro anos para isso e busquei o meu melhor”, disse, logo após a prova.

Clodoaldo ficou com a medalha de ouro com a marca de 45s12. O antigo recorde pertencia ao tailandês Sonchai Dongkaew, que marcou 45s59 pela manhã, nas eliminatórias da prova. Curiosamente, ele marcou o mesmo tempo na final para ficar com a medalha de prata. O bronze foi para o mexicano Juan Ignacio Reyes.

“Faço o que eu gosto. Esse é o segredo”, afirmou o atleta ao final da prova. Com a conquista, Clodoaldo aumentou para sete, o número de conquistas na história das Paraolimpíadas. Em Sydney-2000, ele ficou com quatro medalhas, sendo três de prata e uma de bronze.

Apelidado pela delegação brasileira de “Michael Phelps”, Clodoaldo ainda disputa quatro provas na competição. Até agora, ele só não subiu no pódio nos 50m costas, prova disputada segunda-feira, quando ficou com a quarta posição. Ele ainda disputa os revezamentos 4x50m e 4x100m livre, além do 4x50m medley. Em provas individuais, volta a cair na água para a disputa dos 150m livre.

Clodoaldo conquistou o ouro nos 100m livre, com 1m19s51 na final, mas superara o próprio recorde mundial nas eliminatórias, com 1m19s36. A marca anterior era de 1m22s05. Nos 200m livre, ele marcou 2min55s75. A marca anterior pertencia ao japonês Yuji Hanada, com 2min58s62.

Voltar ao topo