Delazari libera a “fanfarra” do Atlético

Se a semana começou com o clássico das marchinhas de carnaval, "Quem não chora não mama…", notabilizado pelo "choro" do técnico Antônio Lopes em relação à "lambança" que o árbitro Evandro Rogério Romann aprontou no segundo confronto semifinal contra o Iraty, o presidente da Confraria do ETA (Esquadrão da Torcida Atleticana), Doático Santos, se inspirou no comandante alviverde para também dar sua choradinha. E não é que Doático conseguiu "mamar"?

Num comunicado oficial, encaminhado por volta das 18h de ontem ao Comando de Policiamento da Capital, o secretário de Segurança Pública do Estado do Paraná, Luiz Fernando Delazari, decidiu que as torcidas terão direitos iguais dentro do Pinheirão, hoje, no primeiro confronto da final do estadual 2005. Ou seja: se os coxas poderão levar seus bumbos, atabaques, repiques, repiniques, pandeiros e tamborins, além de suas faixas e, se necessário, guarda-chuvas, os atleticanos terão o mesmo direito.

"Se for para proibir uma das torcidas, a outra também será proibida de levar seus instrumentos", afirmou o tenente-coronel Jorge Costa Filho, da Polícia Militar do Paraná, escalado pelo Comando de Policiamento da Capital para comandar o esquema de segurança do clássico amanhã à tarde no Pinheirão.

Como os alviverdes já confirmaram que vão levar seus instrumentos, também o Atlético poderá usar sua "charanga" no Pinheirão. Assim, os torcedores terão o mesmo direito, embora o presidente alviverde, Giovani Gionédis, tenha insistido ontem na tese de que vale o que está escrito. Giovani lembrou do encontro da última quarta-feira, realizada na Paraná Esporte, no qual foi discutido e acordado que o esquema de segurança previa que não seriam liberados os instrumentos para a torcida atleticana.

Por isso, a atitude da Secretaria de Segurança do Paraná está sendo contestada na Câmara Municipal de Curitiba. Segundo o vereador do PC do B, Luiz Stelfeld, a secretaria está passando por cima de um acordo feito e assinado por diversas entidades, inclusive pela própria Secretaria de Segurança, através do comando da Polícia Militar e da torcida Os Fanáticos. "Há uma ata assinada por todos os participantes da reunião. Estava tudo acertado e a pedido do Doático, que não tem nada a ver com a história, a Secretaria de Segurança toma uma posição dessas. Enquanto uns tentam promover a paz no estádio, eles vão incentivar a violência no estádio", disse Luizão que representou a Câmara Municipal na reunião realizada na última quarta-feira na Paraná Esporte.

Esquema

Resolvido o problema da charanga, faixas e guarda-chuvas, o tenente-coronel Costa se diz satisfeito. Sem divulgar números – por uma questão de segurança -, ele revela que terá um contingente capaz de garantir a segurança de todos os torcedores que forem ao Pinheirão amanhã. "Vamos ter ainda – acrescenta -, policiais captando imagens dentro e fora do estádio, para identificar possíveis delitos", diz o coronel Costa, que acredita que esse artifício seja capaz de evitar atos de vandalismo.

O esquema terá ainda a ação conjunta entre homens e viaturas do Batalhão de Trânsito (BPTran) e da Diretoria de Trânsito (Diretran), para que o fluxo, antes e depois do jogo, seja o mais ordeiro possível.

Sobre a saída dos torcedores, o tenente-coronel Jorge Costa Filho afirmou que, a princípio, serão os atleticanos os primeiros a sair. A regra vale em caso de empate ou derrota do rubro-negro. Ela será quebrada apenas se o Atlético vencer o confronto. "Neste caso, teremos que respeitar a torcida, pois ela dificilmente irá querer deixar o estádio. A maioria vai desejar ficar fazendo festa com seus jogadores e não podemos pedir para que deixem o estádio", finaliza o comandante.

Semana de troca de farpas

Rodrigo Sell

O que seria desse Atletiba sem uma chupeta? Algumas pessoas podem até tentar fazer um exercício de imaginação para saber o que aconteceria no clássico de hoje sem ela, mas que Casemiro Mior, técnico do Atlético, injetou uma boa dose de bom humor na final do Campeonato Paranaense, isso ninguém pode negar. Ainda bem que Antônio Lopes, comandante do Coritiba, levou na brincadeira a provocação e a partida de amanhã poderá marcar uma nova era entre os dois arquirrivais. Será a 12.ª vez que rubro-negros e alviverdes decidem um título e o jogo está programado para as 15h50, no Pinheirão.

Numa competição deficitária para os dois postulantes à consagração estadual e a mais um troféu para a galeria, as tradicionais trocas de ofensas entre cartolas deram lugar a brincadeiras, puxadas por marchinhas de Carnaval. Primeiro, Lopes usou de suas artimanhas e sua experiência para cobrar melhores arbitragens e talvez algum benefício próprio. De tanto ouvir a "choradeira", Mior recomendou uma chupeta ao ex-mestre dos tempos em que ambos militavam no Internacional. Matreiro, o treinador alviverde aceitou a proposta, relembrou seus tempos de folião e ofereceu uma balinha ao "pato novo", que preferiu encerrar o assunto e se concentrar no futebol.

E foi o que as duas equipes fizeram durante a semana e deveriam fazer sempre. Pela história e tradição dos Atletibas, mesmo no esvaziado estadual deste ano, um clássico ainda tem charme e importância e não pode ser menosprezado nunca. Que o digam os torcedores, principalmente do Atlético, que esgotaram a mirrada carga de 1,9 mil bilhetes para o primeiro confronto das finais em pouco mais de quatro horas. A torcida coxa-branca também promete fazer a sua parte e sumir com os 17,1 mil ingressos da partida com mando alviverde. Tudo o que uma final de campeonato precisa e merece.

Afinal, apesar da ligeira vantagem coritibana, o clássico vem sendo marcado pelo equilíbrio. Em 327 jogos, os coxas-brancas venceram 125 vezes, enquanto os rubro-negros tiveram sucesso 105 vezes, com 100 empates entre os rivais.

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