Dayse, do Rexona, confirma que Paraíba é “mulher macho”

Pouco mais de três mil quilômetros é a distância que separa o coração da atacante Dayse, do Rexona-Ades, da família, dos amigos, do namorado e das delícias de sua terra natal, João Pessoa. Dayse Cristine de Oliveira Figueiredo, de 19 anos, deixou a capital da Paraíba em busca do sonho de vestir a camisa da seleção brasileira. A trajetória da jogadora confirma a música de Luiz Gonzaga, que canta: “Paraíba masculina mulher macho sim senhor”. Mas a canção do Rei do Baião não se refere à sexualidade da mulher paraibana e sim à força do povo, que não mede esforços nem coragem para atingir seus objetivos.

“O Luiz Gonzaga fala no feminino porque é a Paraíba. E eu me identifico com a música porque venho de lá, sou batalhadora e brigo pelo que acredito”, explicou a batalhadora Dayse, que já foi campeã sul-americana e duas vezes campeã mundial pela seleção brasileira (Infanto e Juvenil).

A jogadora saiu de casa em 2000, com 15 anos, para jogar pelo então BCN (atual Finasa), onde permaneceu até a última temporada. No ano passado ela foi contratada para defender o Rexona-Ades que busca o tricampeonato da Superliga Feminina de Vôlei. Apesar de bem adaptada à vida longe da cidade natal e das praias, quando o assunto é João Pessoa os olhos brilham de saudade.

“Sinto falta de tudo. Desde a família, comida e, é claro, meu namorado. As praias da Paraíba são maravilhosas com água bem limpinha e areia branca. Elas são de uma beleza natural impressionante, ótimas para descansar e namorar”, brincou.

O namoro à distância com Felipe Prestes se mantém há quase cinco anos. Ela garante ao eleito do coração que os fãs curitibanos não são ameaça.

“Gosto muito desta cidade. Apesar de ser mais frio e não ter praia, em alguns aspectos lembra João Pessoa, como o povo bom. Quanto ao Felipe, ele é o dono do meu coração e eu sou fiel. Inclusive tenho poucas oportunidades de conhecer pessoas novas porque sou muito caseira e em Curitiba minha vida é dedicada apenas ao esporte”, afirmou.

Caçula de quatro irmãos, Dayse foi criada praticamente pela mãe Marta, de quem fala com muito orgulho já que o pai Ademir era funcionário de um navio petroleiro da Marinha e passava meses longe de casa.

“Vi minha mãe se esforçar muito para educar os quatro filhos e eu sonhava em poder dar um retorno aos meus pais. Acredito que estou no caminho certo”.

Mãe, naturalmente, lembra também boa comida. Entre os pratos que dona Marta prepara especialmente para as visitas da filha, Dayse destaca o seu predileto, o Arrumadinho, que consiste em massa de cuscuz, feijão verde, carne de charque, pimentão, cebola e tomate, tudo misturado, acompanhado de arroz ou até mais outro tipo de carne. Famosa em todo o Nordeste brasileiro, a carne de bode não faz parte do cardápio de Dayse, que garante nunca ter provado a iguaria. No entanto, ela lembra que a Paraíba oferece frutas diferentes das encontradas no Sul do País e das quais também sente saudade.

“Também sinto muita falta dos doces. A mãe faz doce de jambo, de pitomba e de cajá”, disse Dayse que mantém o arretado sotaque paraibano.

Sempre animada, a jogadora quer ajudar o Rexona-Ades a conquistar mais um título e no futuro tem planos de retomar os estudos, paralisados no segundo ano do segundo grau.

“Para mim é muito importante voltar a estudar e me formar em alguma coisa que eu goste. Esse é um grande sonho, embora ainda não saiba qual curso escolher”.

Enquanto não realiza o sonho de ser campeã da Superliga pelo Rexona-Ades, Dayse aguarda com ansiedade a próxima oportunidade de matar a saudade da Paraíba.

“Viajarei para João Pessoa no carnaval. Afinal teremos uma folga e carnaval não dá para passar longe do nordeste”.

O Rexona-Ades volta a jogar pela Superliga Feminina de Vôlei no próximo sábado às 18h, em Curitiba, diante do Açúcar União/São Caetano. A partida encerra a participação da equipe de Dayse no primeiro turno da mais importante competição da modalidade no Brasil.

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