Danelon chora na Câmara

Antônio Cruz/ABr
Árbitro confirmou que recebeu
R$ 30 mil por três jogos.

Brasília –  Em depoimento tumultuado e várias vezes interrompidos pelo seu choro persistente, o árbitro de futebol Paulo José Danelon confirmou, ontem, à Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados que recebeu propina para manipular resultados de jogos do Campeonato Paulista. Ele disse que recebeu o equivalente a R$ 30 mil por três jogos que apitou, cujo resultado favoreceu a uma quadrilha de apostadores de loterias clandestinas na internet.

Banido dos campos por seu envolvimento com a Máfia do Apito, juntamente com outro árbitro, Edilson Pereira de Carvalho, Danelon justificou que fechou acordo com a quadrilha porque estava devendo a faculdade das filhas e enfrentava dificuldades financeiras. Ele disse que, do total que lhe foi reservado, só embolsou R$ 8 mil e o restante ficou com os cabeças da quadrilha, os empresários Nagib Fayad e Daniel Gimenes, exploradores de jogos de bingo em São Paulo.

Afirmou também que, em razão dos empréstimos, foi pressionado por Nagib para manipular jogos e, como não cedeu no começo, a quadrilha sofreu um prejuízo de R$ 300 mil. Com isso, as pressões tornaram-se, conforme revelou, em ameaças à sua família. Danelon assegurou em diversas ocasiões que jamais agiu para beneficiar os apostadores e apenas ficava torcendo dentro de campo para que desse o resultado que interessava à máfia. ?Somos seres humanos. Sempre vai haver erro, mas não houve dolo na minha atuação?, disse o ex-juiz, antes de cair em prantos pela primeira vez.

Mas ele entrou em contradição e acabou admitindo ter manipulado três jogos do Paulista, pelos quais recebeu R$ 10 mil de comissão, cada. Um deles foi vencido pelo Corinthians contra a Ponte Preta, por 3 a 0. No outro, o União São João, de Araras, venceu a Portuguesa Santista por 1 a 0. No terceiro jogo manipulado, Danelon teria se esforçando para manter o empate entre o Guarani e o Atlético de Sorocaba em 1 a 1. Ele disse que estava arrependido e envergonhado de tudo e foi mais uma vez às lágrimas.

No depoimento, que durou pouco mais de duas horas, Danelon esteve acompanhado pelo advogado, o que causou estranheza na comissão porque não se tratava de uma CPI e ele não estava lá na condição de investigado ou de testemunha.

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