Jorginho, Pelaipe, eleições: o Coritiba em ebulição

Coritiba, Jorginho, Samir Namur
O técnico Jorginho ao lado do presidente Samir Namur. Cada um tem objetivos e desafios a partir de agora no Coritiba. Foto: Reprodução/TV Coxa

Sem jogos, o Coritiba teve uma semana agitada. No cardápio dos bastidores, revelações, recomposições, saídas, possíveis chegadas e a discussão sobre o futuro do clube. Assuntos que estavam na pauta já há um bom tempo, mas que foram sendo ‘desenrolados’ após a vitória sobre o Bragantino, que deu uma boa acalmada no ambiente alviverde.

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O momento do Coritiba exige decisões de curto e de longo prazo. No curto, medidas para fortalecer o time, dar condições para o técnico Jorginho e o diretor Paulo Pelaipe trabalharem e sair da zona de rebaixamento. A longo prazo, um desenho realista e ao mesmo tempo mais ousado de administração, que pode ter uma inédita – e para alguns inacreditável – união de forças na eleição.

Pastana e o ‘legado’ no Coritiba

Da forma que o presidente Samir Namur e o técnico Jorginho falaram na apresentação do segundo, na terça-feira (25), ficaram claras duas constatações. A primeira é que realmente o ex-executivo Rodrigo Pastana tinha carta branca para tomar decisões. E a segunda é que, no melhor estilo “rei morto, rei posto”, a responsabilidade sobre os erros de avaliação do Coritiba serão jogadas no dirigente demitido na semana passada.

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A narrativa da entrevista coletiva de Namur e Jorginho aponta para uma recusa do técnico em trabalhar com Pastana, ao mesmo tempo em que se discutia o perfil ‘protagonista’ que o Coxa poderia adotar em 2020. O ato falho do presidente ao dizer que a troca do final do ano passado “poderia dar errado ou poderia não dar certo” reforça a sensação de que essa mudança de filosofia passou pelo executivo. Ou, pelo menos, vai ficar sob seus ombros.

Gestão do vestiário

Jorginho e Paulo Pelaipe falaram em comprometimento, em entrega e em dedicação para que o Coritiba não só supere a má fase como “surpreenda o Brasil”, como afirmou o treinador em mensagem enviada à RPC. É um discurso que foi bastante reforçado na reta final da Série B do ano passado. O novo diretor de futebol teve muito êxito na gestão de um vestiário de estrelas do Flamengo multicampeão, e terá papel decisivo agora.

Paulo Pelaipe terá papel decisivo na sequência da temporada alviverde. Foto: Albari Rosa/Arquivo

A certeza interna do Coritiba é que o elenco formado tem carências, mas que tem potencial para fazer uma campanha ‘tranquila’ no Brasileirão – com possibilidade de beliscar uma vaga na Copa Sul-Americana. E que o grupo estava desmobilizado. É nesse ponto que Jorginho vai atacar ao lado de Pelaipe, e os fatos desta semana mostram que quem não estiver integrado a esse discurso pode perder espaço.

Idas e vindas

Renê Júnior acabou sendo o primeiro jogador a deixar o Coxa. O volante veio para ser titular, mas não se afirmou e pelas reações que teve após a confirmação da devolução para o Corinthians parecia não estar mesmo a fim de atuar no clube. Já Ruy e Iago vão ser emprestados. Não há surpresa nisso, porque não estiveram nos planos de Jorginho (Ruy nem estava no Coritiba ano passado) e não tem um perfil que agrada o treinador.

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Para Paulo Pelaipe, fica o desafio das contratações. As duas ou três chegadas citadas pelo presidente Samir Namur precisam ser rápidas, precisas e baratas. Não é fácil, porque o mercado chegou a um período de ‘acomodação’ entre as janelas internacionais. Mesmo assim, há como reforçar o Coxa – jogadores que venham para vestir a camisa titular e deixar o time mais confiável.

A política do Coritiba

Na segunda-feira (24), uma rara reunião entre alas políticas foi patrocinada pelo ex-presidente Giovani Gionédis – hoje um dos conselheiros do prefeito Rafael Greca. Samir Namur se encontrou com João Luiz Buffara, Renato Follador e João Carlos Vialle. Se alguém falasse em março que haveria um encontro desses, talvez a pessoa fosse chamada de maluca.

O ideal, claro, seria uma composição de forças que começasse a agir a partir de agora, para que o Coritiba não passasse por uma disputa eleitoral no auge do Brasileirão. A questão é saber onde os integrantes das conversas vão ceder, porque negociação só se faz cedendo. Não existe acordo em que um lado consegue tudo do seu jeito.

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E são questões simples que se apresentam. Quem vai ser o presidente? Quem cuida do departamento de futebol? Como será a política de futebol? Haverá uma real divisão de poder? Além destas, fica uma dúvida: qual é a posição de Vílson Ribeiro de Andrade? De principal nome da oposição, o ex-presidente passou a ser fiador de um acordo geral. E por isso surpreende o fato de ele não ter participado da reunião de segunda-feira. O que todos vão ter que entender é que o Coxa precisa de suporte, e isso é mais importante que qualquer vaidade pessoal.