Coritiba sente em campo as falhas de gestão dos últimos anos

Coritiba, Igor Jesus
Igor Jesus está deixando o Coritiba ainda como um jogador em formação. Foto: Albari Rosa/Arquivo

Nesta segunda-feira (27), o Coritiba enfrenta – em tese – o Fluminense pelo desfecho da 11ª rodada do Campeonato Brasileiro. Digo ‘em tese’ porque podemos ter durante o dia algum movimento para a suspensão da partida por conta dos casos de covid-19 no time carioca. Mas, de qualquer forma, a partida marca o efeito que erros administrativos têm dentro de campo. Para evitar um caixa vazio e uma punição da Fifa, o Coxa teve que ficar sem centroavante.

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Isto porque Igor Jesus está sendo negociado com o Sharjah, dos Emirados Árabes. E como Sassá foi dispensado e Wanderley não está nos planos do técnico Jorginho, a ‘inflação’ de centroavantes virou escassez de uma hora para outra. E, por mais que agora haja uma carência que exige reposição urgente, as decisões fazem sentido – principalmente a de negociar Igor Jesus.

Ela reflete uma sequência de erros que foram produzidos por diversas gestões do Coritiba. Motivados por uma tentativa de vantagem imediata, por uma sensação de ‘levar vantagem’ ou mesmo por irresponsabilidade ou incompetência, o Coxa precisa se desfazer de jogadores. E quando não têm atletas com mercado, é obrigado a apertar o cinto e evitar gastos – ou, no desespero, investir o que não tem.

O risco do Coritiba

Igor Jesus tem 19 anos, grande potencial. Não conseguiu embalar com a camisa alviverde, apesar de ter sido decisivo em algumas partidas. Mas é claramente um jogador em formação. Só que o Coritiba não poderá ter os frutos esportivos deste desenvolvimento. Prestes a ir tão jovem para o futebol do “mundo árabe” (como dizia Ivo Wortmann), o centroavante renderá cerca de oito milhões de reais para o clube, que precisa com certa urgência de dinheiro.

Leandro Almeida deixou o Coxa em 2015, mas sua transferência ainda não foi resolvida. Foto: Aniele Nascimento/Arquivo

Isto porque há uma reclamação junto à Fifa. Vamos ver se eu explico de forma simples. Lá atrás, em 2013, o Coxa contratou Leandro Almeida junto ao Dínamo de Kiev. Na negociação adquiriu parte dos direitos econômicos e incluiu uma porcentagem para o time ucraniano em uma possível revenda. Dois anos mais tarde, o zagueiro foi vendido para o Palmeiras. E o Coritiba não repassou o valor estipulado para o Dínamo, que foi atrás de seus direitos.

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Daí a pressão que pode colocar o clube em maus lençóis. Juntando isso com a necessidade de ter caixa para qualificar o elenco no Brasileirão e o interesse do Sharjah, surgiu a rápida negociação para a saída de Igor Jesus. A transferência paga a dívida com o Dínamo de Kiev e ainda permite que o Coxa invista. Com alguns milhões e a redução na folha salarial com as saídas de Sassá e Giovanni, o clube tenta trazer um meia central (Mattheus Oliveira), um extrema, um centroavante e um lateral-direito.

Vai ter mais?

Infelizmente, o Coritiba tem mais pendências. Principalmente com a Justiça do Trabalho, por conta do péssimo hábito das gestões do clube em atrasar salários e deixar pendências trabalhistas de um presidente para outro. É só lembrar que dia desses foi citado que há uma ação contra o Coxa movida por Struway, que jogou no Alto da Glória em 1998. Portanto, são pelo menos 22 anos de desleixo com as contas alviverdes.

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Tudo isso vai cobrando o preço mais cedo ou mais tarde. E é uma roda-viva, porque não dá pra ‘apertar o pause’, resolver todos os problemas e voltar ao normal. Os campeonatos prosseguem, os torcedores cobram, os dirigentes não querem ficar com a marca de más campanhas e com isso o Coritiba acaba gastando o que não deveria. Sem contar as decisões estratégicas erradas que também se refletem no caixa. Neste momento, o Coxa resolveu um problema fora de campo. Mas criou outro dentro das quatro linhas.