Coxa detona Paysandu e sobe na classificação

O Coritiba foi o que muitos esperavam na partida de ontem com o Paysandu, no Couto Pereira. Se não foi brilhante durante os noventa minutos, foi eficiente, o que não aconteceu em ocasiões anteriores, e aproveitou as oportunidades que teve, principalmente no segundo tempo.

O resultado foi o 3×1 no Papão, que recolocou o time próximo das primeiras colocações no campeonato brasileiro. A vitória era considerada fundamental para a "arrancada" alviverde na competição.

Na primeira etapa, o Coritiba iniciou pressionando, como o técnico Cuca tinha programado. Foram dezesseis minutos de domínio completo, e de três chances de gol -duas com Jackson e uma com Alexandre. O Paysandu tentava segurar a iniciativa alviverde com forte marcação em Marquinhos e Capixaba, e fazendo faltas. Ao mesmo tempo, Paulo Campos orientava seus atacantes a tirarem os zagueiros coxas da área.

Não adiantou, até porque o treinador do Cori queria que Nascimento e Allan fossem como laterais quando o time tivesse a posse de bola. Só que a dificuldade imposta pelos visitantes começou a enervar os alviverdes, que desperdiçavam jogadas fáceis e tinham momentos de extrema desatenção, como quando Leandro apareceu livre e obrigou Vizzotto a fazer ótima intervenção. Tiago era o que mais sentia a pressão – não que os mais de 31 mil torcedores reclamassem, mas os atletas sentiam que precisavam dar uma resposta a eles.

E somente a qualidade individual de Alexandre conseguiu fazer o Coritiba sair da complicação que se avizinhava. Aos 40 minutos, o camisa 11 alviverde fez ótima jogada pela direita e sofreu pênalti de Nelinho – lance que Tiago converteu, abrindo o placar. Logo depois, ele sofreu falta dura de Alex Pinho, que foi expulso pelo árbitro Sérgio da Silva Carvalho. Em duas jogadas, o jogo do Coritiba se abriu para o segundo tempo.

E foi o que aconteceu. Sabendo aproveitar a vantagem numérica, o Coxa tomou conta do início da etapa, pressionando e – desta vez – criando várias oportunidades. Numa delas, aos onze minutos, Tiago tocou para Jackson, que cruzou para Luís Carlos Capixaba completar de primeira. O segundo gol alviverde parecia a garantia de uma vitória tranqüila. Tanto que Cuca aproveitou para promover a estréia do meia Caio.

Só que a equipe deitou nos louros da atuação, dando espaços para o Papão chegar ao ataque. E o veterano atacante Zé Augusto aproveitou uma bobeada coletiva para diminuir o placar. Susto no estádio, apupos da torcida e time vacilante. Parecia um pesadelo, que só foi dissipado quando Caio, que teve boa atuação, lançou Jackson, que marcou o terceiro gol, resolvendo a partida e dando o primeiro passo da planejada "arrancada" coxa.

CAMPEONATO BRASILEIRO
CORITIBA 3×1 PAYSANDU

Coritiba: Vizzotto; Reginaldo Nascimento, Flávio e Allan; Jackson, Márcio Egídio (Reginaldo Vital), Luís Carlos Capixaba, Marquinhos (Caio) e Ricardinho; Tiago (Marciano) e Alexandre. Técnico: Cuca

Paysandu: Alexandre Fávaro; Marquinhos, Nelinho e Alex Pinho; Alemão, Vanderson, Donizete Amorim, Luis Augusto (Zé Augusto) e Leandro; Balão e Éder Ceccon (Sílvio). Técnico: Paulo Campos

Súmula
Local: Couto Pereira
Árbitro: Sérgio da Silva Carvalho (DF)
Assistentes: César Augusto Oliveira Vaz (DF) e Renato Miguel Vieira (DF)
Gols: Tiago 41 do 1°; Capixaba 11, Zé Augusto 28 e Jackson 32 do 2°
Cartões amarelos: Allan, Márcio Egídio, Ricardinho, Reginaldo Vital (CFC); Eder Ceccon, Nelinho (PAY)
Cartão vermelho: Alex Pinho
Renda: R$ 101.950,00
Público: 31.710 (30.450 pagantes)

Cuca se irrita com falhas na marcação

O torcedor mais desavisado, aquele que aproveitou o sábado de tempo bom para sair com a família e ouviu apenas as entrevistas de vestiário após o jogo do Coritiba, poderia imaginar que o time perdera para o Paysandu, tal era o tom das declarações dos jogadores e do técnico Cuca. Mas o Cori venceu, por 3×1, e voltou a se aproximar dos primeiros do Campeonato Brasileiro. Só que a vitória não mascarou os problemas, que foram revelados principalmente pelo treinador.

Para Cuca, era "inadmissível" (palavra dele) o gol tomado pelo Coxa no momento em que controlava o jogo. "Nós tivemos uma falha que não podemos ter. Era um escanteio a nosso favor, perdemos a jogada pelo alto e não fizemos a recomposição defensiva. Houve um erro na cobertura, ficamos sem a sobra e tomamos um gol pelo meio da nossa defesa. Quase colocamos tudo a perder. E se o Paysandu empata? Aí eu estaria arranjando desculpas. Isso não pode acontecer", reclamou o técnico, em tom de forte cobrança.

A irritação do treinador era o resumo do seu discurso. Apesar da vitória, o time não rendeu o esperado. "Claro que o resultado é maravilhoso, vai nos dar tranqüilidade para trabalhar nesta semana, mas nós não fomos tão bem. Algumas peças nossas, que estavam rendendo nas últimas partidas, desta vez não foram da maneira que esperávamos", comenta Cuca. "Não tivemos uma boa atuação, mas é bem mais fácil trabalhar agora, depois da vitória", reconhece o capitão Reginaldo Nascimento.

Outro posicionamento claro de Cuca foi a falta de definição do jogo. "No momento em que estava 2×0 para o Coritiba, começou a sobrar espaço para os contra-ataques. E em vez de marcarmos mais, matarmos o jogo, acabamos sofrendo um gol", diz o técnico alviverde. "Erramos na marcação e tivemos dez minutos de branco em cada tempo", resume.

De positivo, o aproveitamento melhor nas finalizações. "O bom foi ter feito os gols", afirma Nascimento. "Conseguimos manter a frieza diante das dificuldades, e isso realmente ajuda na hora da conclusão. Tivemos menos oportunidades que na partida contra o Goiás, mas fomos mais eficientes", ressalta Cuca, feliz mesmo só com o resultado.

Clássico

A semana de Atletiba começa esta tarde para o Coritiba. O jogo está marcado para domingo, às 16h, no Joaquim Américo, e no Alto da Glória ninguém quis falar sobre a possível escalação de um time misto por parte do Rubro-Negro, que tem o clássico entre as duas partidas da final da Copa Libertadores. "Minha preocupação é o jogo e o Coritiba", afirma Cuca. "É melhor deixar a semana passar para ver o que vai acontecer", desconversa Reginaldo Nascimento.

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